Crianças sírias que viviam em região perdida pelo EISI são levadas a um ponto de triagem curdo para “averiguação”. Foto: AFP
Ao menos 1,5 mil crianças, majoritariamente oriundas do Iraque e da Síria, estão oficialmente detidas por militantes curdos e tropas de repressão do velho Estado iraquiano. O motivo dos sequestros é uma suposta filiação das mesmas com grupos como o Estado Islâmico da Síria e do Iraque (EISI). A informação surge de uma denúncia da organização internacional Human Rights Watch, que contou inclusive com relatos de crianças que foram libertas após sessões de tortura.
Órgãos de comunicação sob as duas bandeiras negam as acusações, ao passo que assumem possuir crianças como prisioneiras e “com os mesmos direitos de prisioneiros adultos” – estes que, por sua vez, são inegavelmente sequestrados e torturados nas batalhas de agressão contra nações do Oriente Médio e seus grupos de Resistência Nacional.
Dezenas de caminhões estão partindo diariamente de regiões recentemente perdidas pelo EISI carregados de crianças, adolescentes e de suas mães em direção a campos de triagem e de detenção curdos e iraquianos, cuja existência é apoiada pelo USA.
Civis são levados em caminhões para campos controlados por tropas curdas. Foto: Bülent Kılıç/AFP/Getty Images
Torturas forjam confissões
Entre 29 crianças entrevistadas e que haviam sido libertadas de campos de aprisionamento em Ebil, no Curdistão, e em Bagdá, no Iraque, ao menos 19 relataram torturas que objetivavam a obtenção de confissões. Parte das crianças alegaram que jamais haviam participado dos atos pelos quais foram aprisionadas e, em alguns casos, até mesmo condenadas; outra parcela relevou que por vingança ou mesmo obrigatoriedade imposta pela ideologia atrasada de tais grupos, chegaram a ter ligações com os militantes da Resistência.
Policial iraquiano discute com uma mãe em um posto de averiguação em Mosul, no Iraque. Foto: AP
As crianças que haviam sido apreendidas e que não tinham o que confessar citaram documentos de confissões escritos por membros da Asayish, a polícia curda, que eram repassados às mesmas apenas com o fim de que os assinassem ou marcassem suas digitais.
Os métodos de tortura descritos incluem espancamentos, utilização de canos e barras de ferro pelo corpo, descargas elétricas e amarração de membros em posições de estresse durante os interrogatórios.
Ilustrações do artista John Holmes reproduzem métodos de torturas narrados pelas crianças