Incêndios na cidade de Jenin, na Cisjordânia, provocados por colonos israelenses que invadiram fazendas e casas palestinas. Foto: Reprodução/Redes sociais
Na última semana de maio, mais de 100 violações contra direitos palestinos realizadas por forças da ocupação sionista ou por colonos israelenses foram registradas na Cisjordânia, segundo um documento divulgado pelo Centro Palestino para Direitos Humanos (PCHR).
“Esta semana, que marcou o feriado muçulmano de Eid al-Fitr, em comemoração do fim do Ramadã, não foi diferente: ataques das forças da ocupação israelense continuaram. Além do habitual, colonos balearam e feriram fazendeiros palestinos, incendiaram terras e atacaram casas”, denunciou a organização palestina.
Segundo denúncias feitas por palestinos nas redes sociais, os colonos israelenses estavam invadindo terras e casas de palestinos na cidade de Jenin, e ateando fogo a elas. O ativista palestino Yousef denunciou na internet a situação de Jenin, que é a terceira maior cidade da Cisjordânia e um importante centro de produção agrícola palestino: “seus meios de subsistência estão sendo destruídos diante de nossos olhos”.
Por “além do habitual” podem ser compreendidos os assassinatos diários de palestinos, assim como a violência e os abusos policiais. Além disso, o PCHR atenta para que a campanha de demolição de edificações e casas palestinas não só tem se mantido, como se intensificado, bem como o processo de construção de colonatos e infraestrutura israelense na Cisjordânia ocupada.
ISRAEL ORDENA DEMOLIÇÕES E DESPEJOS
No dia 31 de maio, no sul da cidade de Hebron, uma força do Exército israelense surpreendeu a pequena vila de Birayn e informou diversos moradores sobre as ordens para destruir cinco estruturas residenciais e despejar as famílias que nelas vivem.
O ativista local Foad Amour denunciou à agência de notícias Wafa que a demolição das casas tem como objetivo esvaziar a população palestina da área para abrir caminho a empreendimentos coloniais israelenses.
A vila fica localizada dentro da chamada Área C da Cisjordânia ocupada, que vive sob controle militar total de Israel. É nesse território palestino onde o colonialismo sionista tem intensificado seu expansionismo reacionário e a instituição de colonatos e assentamentos ilegais, como forma de preparar terreno para declarar sua soberania sobre os territórios ocupados, o que está previsto para acontecer ainda neste ano.
No mesmo dia, quatro casas ainda em construção na cidade árabe de Tira, em Israel, foram demolidas por “autoridades” israelenses, que invadiram a região com escavadeiras e impediram todas as estradas e vias que levavam às casas em questão, da família palestina Khuffash, antes de dar início às demolições.
Um dia antes, outro caso de destruição de casas de palestinos ocorreu, desta vez no bairro ocupado de Jabal al-Mukaber, em Jerusalém. Dois irmãos palestinos, Imad e Ahmad Mashahreh, foram obrigados pelo Estado sionista a destruir suas próprias casas para evitar pagar o valor discricionário exigido pelo Estado para levar à cabo a demolição. As duas casas abrigavam duas famílias de 11 pessoas.
O Estado de Israel possui a prática de cobrar preços exorbitantes e irracionais para realizar a demolição por conta própria, de forma que, não satisfeito em obrigar palestinos a pagar pela demolição de suas próprias casas, ainda força os que não tem condição de pagar a demoli-las por si mesmos.
Em todos os casos citados acima, a falta de licenças para construção das casas serviu de pretexto para as demolições, uma consequência direta da política discriminatória de Israel que torna impossível para famílias palestinas obter tais licenças.
Os exemplos servem também para ilustrar que a política de espoliação e destruição de casas é sistemático não apenas na Cisjordânia, onde se concentram os projetos de empreendimentos coloniais e de expansão da fronteira israelense, mas em todo o território da Palestina ocupada.
Em paralelo, a concessão à famílias judias para construir em territórios palestinos nunca foi tão grande, e a construção de milhares de novos colonatos tem sido anunciada no decorrer de 2020, mesmo em meio à pandemia do coronavírus.
O PCHR reportou também que a ação de demolição também contou com o uso de tratores para destruir o sítio arqueológico de Sebastião, que removeram pedras e ruínas centenárias e de grande valor histórico do local.
COLONOS ATERRORIZAM MORADORES
No dia 31, também foi registrado um ataque feito por colonos israelenses contra casas de palestinos no bairro da Cidade Velha, também em Hebron. O correspondente da Wafa narrou que o grupo de colonos estava protegido por uma escolta de soldados do Exército de Israel e atingiu casas e comércios locais com pedras e garrafas de vidro.
Além disso, os colonos e sua escolta militar também passearam pelos mercados da Cidade Velha, ameaçando e assediando os vendedores e os transeuntes. De acordo com a Wafa, vivem cerca de 800 colonos judeus na área de Hebron que é controlada por Israel, chamada de H2.