Nota da redação: Publicamos texto enviado por leitor fazendo crítica à implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como parte da “Reforma” do Ensino Médio por parte do governo militar genocida de Bolsonaro e das gerências estaduais.
Um grito em defesa da escola pública
Em meio à pandemia de Covid-19 correm para promover o desmonte da Escola Pública proposto ainda no governo Dilma-PT e imposto por Medida Provisória na gerência Temer. Sem alterar nada na realidade de subfinanciamento da Educação, mantendo as escolas deterioradas, os baixos salários e carência de trabalhadores em educação, propõem: 1) a redução do currículo científico – o que se aplicará quase exclusivamente aos alunos das escolas públicas; 2) a banalização da modalidade à distância, excludente e deficitária, rumo a desescolarização; 3) a expansão das parcerias público-privadas – privatização; 4) converter os professores em tutores/orientadores generalistas; 5) reduzir tempos e até mesmo suprimir disciplinas fundamentais à formação dos estudantes; 6) criar disciplinas de caráter duvidoso, tais como “Projeto de Vida”, cuja finalidade é, centrando no indivíduo, empurrar uma espécie de “manual de conduta” pautado em “habilidades e competências” – princípios liberais perversos e anticientíficos (resiliência, empreendedorismo etc.) – que formam para aceitação e adaptação à realidade de miséria posta nessa semicolônia chamada Brasil. Toda camisa de força costurada pelo oportunismo a frente dos principais sindicatos e entidades estudantis do país não será capaz de impedir em cada escola, nossas trincheiras de combate, a resistência para revogar mais esse crime contra o povo!
As trombetas soaram anunciando a chegada da nova escola, afinal de contas “é preciso se adequar às mudanças do mundo”. Quem? Quais? Ainda se ouvem as interrogações quase sussurradas. Eles contam com o “silêncio das línguas cansadas” para tornar o absurdo palatável. Mas mesmo com o paladar comprometido pela praga que avança e nos leva aos milhares, esse gosto podre não nos escapa. Os arquitetos do projeto são seres de fé, sem dúvida, creem piamente na escravidão, tão rentável; em cada bilhão que lhe rende. Amam incondicionalmente a crise, tão cheia de “oportunidades” para meia dúzia. O que lhes falta? Nosso consentimento; que compartilhemos de seu obscurantismo de mercado. É mesmo isso? Sim, nós sabemos: o “empreendedorismo” é o terraplanismo dos barões da educação. Eles creem piamente na servidão e a verdade é tinhosa, não para nas mãos dos injustos. Falta-lhes nosso consentimento, resta-lhes a mentira. São fracos, apesar de grandes, por isso desejam que amemos a crise como eles amam, mas como? Estamos do lado da meia dúzia de bilhões de escorraçados, nós odiamos a crise, não saiu de nosso ventre, mas a carregamos nas costas. Nós pagamos caro pelo que produzimos, eles usufruem gratuitamente do nosso sangue. Por trás do seu espetáculo terminológico mora a negação. Expulsam a ciência pela porta dos fundos e nos distraem ao pintar na fachada da escola: “resiliência”. Acostumar-se com o sofrimento é se aconchegar na barbárie, não espere isso de nós, não namoraremos sua nomenclatura bandida. Nós queremos conhecimento, não o seu “manual de conduta” fantasiado de novidade. Cate e descarte cada habilidade que nos reserva, nossa maior competência é rejeitar seu projeto de vida. Leia-se: seu plano de miséria para nossas vidas. Pense: uma casa destruída! Eles propõem o inviável, reforma-la sem gastos. Leia-se: demoli-la. Querem nos fazer engolir o sabor oculto. São dezenas de componentes em seus livros de “boas maneiras” que cintilam como ouro para esconder a única fórmula ali existente: fracasse e culpe-se! Não seremos tutores do que esperam ser um exército de “fracassados” adaptados. Ouçam-nos bem, estamos vivos!
Em 2016, milhares de estudantes ocuparam escolas em defesa da educação pública. Foto: Reprodução/Victor Prat