Bombeiros marcharam em Paris, no dia 28 de janeiro, contra a “reforma da Previdência” propugnada pelo presidente Emmanuel Macron. Esse é um dos episódios da luta contra a medida, que engloba jovens, operários de diversos ramos da indústria e demais trabalhadores.
Os bombeiros, em particular, pedem também melhores salários e condições de trabalho, incluindo um aumento na sua bonificação por risco que não é incrementada desde 1990. A marcha contou com um contingente de 7 a 10 mil pessoas.
A polícia francesa atacou os bombeiros com jatos d’água, cassetetes e bombas de vários tipos, e receberam respostas contundentes. Os bombeiros confrontaram a repressão corpo a corpo e arremessando pedras, garrafas e outros objetos. Bandeiras comunistas, com a foice e o martelo, foram hasteadas pelas massas enfurecidas. Três policiais ficaram feridos.
Polícia francesa reprime brutalmente os trabalhadores
Existam mais de 200 denúncias de abusos relacionadas ao tratamento policial dos protestos do movimento dos coletes amarelos, assinalados à Inspeção Geral da Polícia Nacional – e a imprensa estima que houve dezenas de feridos graves entre os manifestantes, incluindo olhos perdidos e pelo menos cinco mãos cortadas.
Durante meses, o governo manteve-se firme, defendendo táticas e políticas policiais, mas com a aproximação das eleições locais nesta primavera, o tom de Macron começou a mudar. O presidente advertiu na semana passada que o “comportamento inaceitável” de alguns oficiais arriscava minar a “credibilidade e a dignidade” da força.
O ministro do Interior francês, Christophe Castaner, anunciou esta semana que a França se retiraria do uso de uma determinada marca de granada explosiva de gás lacrimogêneo usada pela polícia de choque, que tem sido acusada de ferir numerosos manifestantes. Mas ativistas e advogados populares criticaram imediatamente o governo por um “anúncio político”, dizendo que este modelo particular de granada já tinha sido descontinuado pelos fabricantes. Eles disseram que outras granadas equivalentes permaneceriam em uso pela polícia francesa para o mesmo efeito.
As granadas de “bola de picada” contêm 25g de TNT altamente explosivo. A França é o único país europeu onde a polícia de controle de multidões usa granadas tão poderosas, que provocam uma explosão de pequenas bolas de borracha que criam um efeito de picada, além de lançar uma carga adicional de gás lacrimogêneo. As granadas criam um efeito ensurdecedor que tem sido comparado ao som de uma aeronave decolando.
Um advogado francês que trata de vários casos de alegada violência policial disse: “Retirar um tipo de granada não muda nada, outras granadas que ainda estão em uso fazem a mesma coisa”.