As bandeiras vermelhas da Juventude Revolucionária da França foi levantada durante os protestos
No dia 13 de novembro, o movimento Juventude Revolucionária da França esteve presente em diversas cidades como Lyon, Paris e Marselha, se juntando aos atos multitudinários em homenagem ao estudante francês que, num ato de desespero, ateou fogo em si mesmo devido às suas condições precárias de vida. Os estudantes e militantes revolucionários levantaram ainda consignas contra as reformas educacionais do presidente do imperialismo francês, Emmanuel Macron.
Protestos eclodiram nas universidades francesas após o estudante, chamado apenas de Anas K., incendiar-se na frente do restaurante da universidade de Lyon, no dia 8 de novembro, em razão de problemas financeiros pelos quais passava e protestar contra as políticas educacionais de Emmanuel Macron.
O estudante Anas K. responsabilizou o presidente reacionário, dois dos seus antecessores, o líder da extrema-direita Marine Le Pen e a União Europeia: “Acuso Macron, [François] Hollande, [Nicolas] Sarkozy e a União Européia de me matarem, criando incertezas sobre o futuro de todos”, disse o jovem.
O homem, que estudava na Universidade Lyon 2, escreveu no Facebook que já não tinha forças para enfrentar o fardo financeiro de viver com 450 euros por mês.
Pichação feita por comunistas denuncia o reacionário Macron
Ele escreveu: “Este ano estou fazendo o segundo ano do meu bacharelado pela terceira vez. Eu não tenho nenhum subsídio. Mesmo quando tinha um, recebia 450 euros por mês. Como se pode viver com isso? E depois dos nossos estudos, quanto tempo teremos de trabalhar para pagar nossa seguridade social e ter uma aposentadoria decente?”.
“O meu último desejo é também que os meus colegas continuem a lutar para pôr fim a esta situação de uma vez por todas”, concluiu o estudante. O estudante sofreu com 90% de queimaduras no corpo e está em estado crítico no hospital.
Dados do governo reacionário, relativos a 2015, revelam que mais de um terço dos estudantes recebeu algum tipo de ajuda financeira do Estado imperialista, mas em 2017 a União Nacional dos Estudantes de França (Unef) estimou que quase 20% dos estudantes viviam abaixo do limiar da pobreza.
O movimento estudantil Solidaires (“Solidariedade”, em tradução livre) de Lyon, do qual Anas K. era membro, convocou manifestações nacionais em apoio a ele e descreveu seu incêndio como um “ato profundamente político, desesperado” em protesto contra um sistema “racista, que destrói as pessoas”.
manifestações estudantis rechaçam Hollande
Na tarde do dia 12/11, Hollande, oportunista que liderou o governo burguês francês de 2012/2017, tido como “socialista”, daria uma palestra na Universidade de Lille, intitulada Respondendo à crise democrática. Um grupo de cerca de 50 estudantes barrou a sua entrada no anfiteatro de Lille, onde rasgaram cópias do livro do ex-presidente com o mesmo título.
Os manifestantes balançavam uma bandeira escrita “Solidariedade e socialismo duradouro”, e entoavam as palavras de ordem contra o regime capitalista e acusaram Hollande de crimes contra o povo. Vários vídeos postados no Facebook mostravam estudantes, alguns com lenços cobrindo seus rostos, jogando livros rasgados pela sala e provocando seguranças da universidade.
Pichação denuncia a precarização de vida na França
No edifício do Ministério do Ensino Superior em Paris, várias dezenas de manifestantes forçaram a abertura dos portões e ocuparam o pátio na noite do dia 12, pedindo a demissão da ministra do Ensino Superior, Frédérique Vidal. As palavras La precarité tue (“a precariedade mata”) foram escritas na parede do ministério. Os estudantes da Universidade Lyon 2 votaram para bloquear o campus naquele dia. Eles colocaram obstáculos, incluindo latas de lixo nas entradas, forçando as palestras a serem canceladas no dia 13.