França: Manifestantes confrontam polícia após assassinato de jovem em blitz 

Carros e prédios do governo foram queimados e tropas policiais foram alvejadas por centenas de fogos de artifício durante noite de protestos
Protestos explodiram em Nanterre após polícia assassinar jovem de 17 anos. Foto: Zakaria Abdelkafi/AFP

França: Manifestantes confrontam polícia após assassinato de jovem em blitz 

Carros e prédios do governo foram queimados e tropas policiais foram alvejadas por centenas de fogos de artifício durante noite de protestos

No dia 27 de junho, intensos confrontos tomaram as ruas de Paris durante protestos após a morte de um jovem de 17 anos pela polícia francesa. Ao menos 40 carros foram incendiados e um prédio da prefeitura de Mantes-la-Jolie, cidade no extremo oeste de Paris, também foi queimado. Por toda Paris, e principalmente em Nanterre, onde o jovem Naël foi assassinado, a polícia foi alvo de centenas de fogos de artifício e pedras arremessadas pelos jovens em protesto.

A explosão da revolta na noite do dia 27/06 foi impulsionada após a liberação de um vídeo do assassinato, ocorrido em torno de 8h45 do mesmo dia. A filmagem, gravada por uma testemunha, mostra os policiais abordando o carro de Naël com extrema ostensividade, enquanto apontam uma arma de fogo para o peito do jovem e gritam ameaças e ordens ininterruptamente. O que se sucede é uma cena muito frequente em casos de violência policial: um jovem de um bairro pobre e com histórico de violência policial, assustado frente a uma ostensiva abordagem e com receio de ser assassinado como inúmeros outros como ele, acelera o carro para tentar fugir e é alvejado por tiros. Além de publicizar a barbaridade do caso, o vídeo desmentiu a versão contada pelos policiais até então, de que Naël havia tentado atropelar os agentes sem ao menos ter parado na blitz. 

Ao fim do dia, o ministro do Interior da França já havia mobilizado mais de 2 mil tropas policiais pelo país a fim de tentar conter a rebelião premeditada. O aparato não cumpriu sua função. Centenas de pessoas, sobretudo jovens, marcharam até Nanterre à noite para condenar o crime. Na Praça Pablo Picasso foram iniciados os primeiros confrontos, com centenas de fogos de artifício disparados contra os policiais. Em pouco tempo, as batalhas haviam se generalizado por diversos bairros de Paris. 

Barracas de construção, estabelecimentos, prédios do governo e carros foram incendiados, barricadas foram erguidas e as tropas policiais foram obrigadas a recuar ou buscar abrigo atrás dos próprios veículos. Filmagens mostram grupos de policiais recuando em uma corrida desenfreada enquanto um grupo de jovens dispara fogos de artifício em uma rua em chamas. Em diversos pontos da cidade, pichações condenavam o crime e a polícia francesa, com consignas como A polícia mata! Revoltemo-nos!, Justiça por Naël! Assassinado pela polícia de Nanterre! Vamos dar golpes por golpes! e Justiça por Naël! Morto pela polícia!, todos assinados pela Liga da Juventude Revolucionária. 

Tamanha explosividade é sinal do acúmulo de revoltas da juventude francesa, principalmente dos bairros pobres e imigrantes, contra a violência policial cotidiana imposta contra as massas. Em 2017, jornadas de combate similares ocorreram após a divulgação de um caso de espancamento e estupro de um homem preto pela polícia. Somente em 2022, 14 pessoas foram assassinadas por “recusar a colaborar” durante blitz policiais, acusação imposta também contra Naël. Agora, novamente a juventude francesa retorna às ruas, em patamar superior, para exigir o fim do genocídio contra as massas e a condenação dos policiais assassinos. 


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