Duas reuniões no dia 19 de outubro levantaram as chances de uma invasão sionista terrestre contra a Faixa de Gaza nos próximos dias. Primeiro, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou durante uma “passagem em revista” nas tropas próximas à cerca de Gaza que em breve os soldados do Exército sionista veriam Gaza “por dentro”. Depois, Netanyahu reuniu-se com um dos mais antigos batalhões do Exército do Estado de Israel. Uma fonte de AND na Cisjordânia informou que, nas televisões de Israel, anunciam-se uma invasão para o final de semana. Enquanto isso, a Resistência Nacional Palestina segue a dar demonstrações significativas de força. Em comunicado, o Hamas convocou uma nova jornada internacional de manifestações para o dia 20/10.
Na passagem em revista, Gallant afirmou que “vocês agora vêem Gaza à distância. Vocês em breve a verão por dentro”, disse, em claro anúncio de uma invasão terrestre, antes de adicionar que o “o comando virá”. A notícia do anúncio de Gallant foi dada momentos antes da declaração, por parte de seu ministério, de que um carregamento de veículos blindados enviados em um navio ianque haviam chegado em Israel. O carregamento faz parte de um conjunto de armas e equipamentos entregues pelo imperialismo norte-americano ao Estado sionista e que têm sido fundamentais na manutenção do massacre contra o povo palestino. Desde o dia 07/10, ao menos cinco navios ianques chegaram em Israel.
Horas mais tarde, Netanyahu afirmou em um pronunciamento oficial que estava com “soldados Golani de todas as partes do país”. Em sua fala, o primeiro-ministro ultrarreacionário destacou ainda que os soldados do batalhão Golani dariam “duros golpes” contra os palestinos.
Resistência Nacional fortalecida
Mas não há boas previsões para a invasão sionista terrestre contra Gaza. Após 12 dias consecutivos de bombardeios, ataques aéreos, tiros de artilharia e disparos de canhoneiros, o Estado sionista de Israel não logrou em seu objetivo de gerar um deslocamento forçado em massa de determinadas regiões de Gaza, sobretudo o Norte. Apesar de dezenas de milhares de pessoas terem evacuado a região entre os dias 12/10 e 14/10, centenas de milhares de palestinos continuaram em suas terras. Já nos últimos dias, correspondentes do jornal monopolista Al Jazeera afirmaram que milhares de pessoas que haviam abandonado o Norte de Gaza começaram a retornar para suas terras após bombardeios pesados no Sul.
Os grupos da Resistência Nacional Palestina também seguem a recrudescer suas defesas e ações contraofensivas. No mesmo dia das reuniões de Netanyahu e Gallant com as diferentes tropas sionistas, o Hamas assumiu responsabilidade sobre o disparo de 30 foguetes disparados a partir do Sul do Líbano para o Norte de Israel. Até então, os foguetes do Líbano só haviam sido reivindicados pelo grupo transnacional Hezbollah, que tem feito ações constantes desde o dia 08/10 contra o Exército sionista e em solidariedade à Resistência Nacional. Segundo o analista do Al Jazeera Ali Hashem, os ataques também têm aumentado nos últimos dias. Enquanto na semana passada os disparos limitavam-se a dois ou três, agora é comum ver cinco ou seis ataques por dia. É possível que a Resistência Nacional Palestina, de forma conjunta com grupos como o Hezbollah, esteja buscando dividir as forças sionistas entre a ofensiva contra Gaza e a defesa de suas posições militares no Norte.
Além disso, o apoio à Resistência Nacional Palestina também tem dado sinais contundentes de crescimento. Nas últimas 24 horas, quatro bases do imperialismo norte-americano foram alvejadas por drones no Norte e Oeste do Iraque e na Síria, na base militar Tanf e no campo petrolífero de Conoco, em Deir Ezzor. No Iraque, os ataques, que deixaram tropas feridas, foram acompanhados de uma declaração do porta-voz do Kataib Hezbollah, também conhecido como Hezbollah do Iraque. “A resistência no Iraque entrou na batalha da ‘Inundação de Al-Aqsa’ e dirigiu seus ataques contra bases do USA”, disse.
Protestos pelo mundo
Em posição militar favorável, sobretudo pelo seu apoio político e popular e pelo domínio do terreno em Gaza, a Resistência Nacional Palestina voltou a convocar protestos por todo o mundo em apoio ao povo palestino. “Apelamos ao nosso povo palestino, ao nosso povo árabe e islâmico e aos povos livres do mundo para que se unam pelo regresso e rejeitem o deslocamento amanhã, sexta-feira”, declarou o Hamas no Telegram. Um apelo idêntico havia sido feito na semana passada, também para a sexta-feira, 13/10. A convocatória foi respondida com protestos massivos pela Cisjordânia – onde os palestinos levantaram milhares de bandeiras do Hamas – e países como Iêmen, Iraque, Jordânia, Egito, Itália, Bangladesh, Paquistão, França, Afeganistão, Irã, Líbano e Indonésia.