USA reprime imigrantes com bombas de gás lacrimogêneo. Foto: Reuters
No dia 23 de junho, um domingo, os salvadorenhos Óscar Martinez e sua filha Valeria, de 1 ano e 11 meses, se afogaram ao tentar atravessar o Rio Grande, na fronteira entre México e USA. Ele, sua mulher e a filha estavam há dois meses em um abrigo no México, onde conseguiram visto humanitário para permanecer, e esperavam por conseguir um pedido de asilo no USA, mas se sentiram pressionados pelas ameaças de Donald Trump de reduzir a migração para o USA à zero. Num ato de desespero, atravessaram o rio a nado.
Óscar Martinez e sua filha Valeria, de 1 ano e 11 meses, mortos afogados na margem do Rio Grande. A imagem correu o mundo causando profunda indignação
No mesmo dia, sete imigrantes foram encontrados mortos na fronteira devido ao calor intenso. Entre eles uma mulher, dois bebês e uma criança. Além dos sete, no dia 20, outro corpo em decomposição foi encontrado à margem do Rio Grande, e, entre os dias 19 e 20, as “autoridades” receberam várias ligações anônimas sobre imigrantes desaparecidos.
A situação na fronteira é de calamidade e o reacionário Donald Trump só a faz piorar através de ameaças e imposições. Ele já havia passado um acordo com o México – sob a ameaça de aplicar uma tarifa de 5% sobre todas as importações mexicanas para o USA – de que muitos dos imigrantes que pediram asilo no USA aguardarão o resultado do processo no México. O país já recebia imigrantes, mas o intuito do acordo é aumentar o número para dificultar a entrada de imigrantes irregulares, que agora se alojariam no México e não no USA. Trump também disse que iria intensificar as deportações de requerentes de asilo para o México em velocidade cinco vezes maior, o que elevaria para 300 pessoas deportadas por dia, e que, se isso não fosse cumprido, fecharia a fronteira com o México (ou grande parte dela). Sobre esses ataques covardes, o “presidente” do México, Andrés Manuel López Obrador, comentou: “Queremos ter uma boa relação com o USA, não vamos polemizar”.
Para cumprir com o financiamento do plano anti-imigração de Trump, o governo lacaio do México chegou a vender o avião presidencial, 60 aeronaves e 70 helicópteros, e ainda prometeu mobilizar a Guarda Nacional na fronteira sul com a Guatemala.
A situação nos abrigos
Crianças migrantes em centro para menores em Tornillo, Texas. Foto: M. Blake / Reuters
O governo do USA foi denunciado por manter crianças imigrantes em condições insalubres nos “centros de detenções”. Um grupo de advogados que visitou um centro na cidade de Clint, na fronteira do Texas com o México, revelou que centenas de imigrantes menores de idade permaneciam no local em condições insalubres, sem fraldas para bebês, sabão, roupa limpa, escovas de dentes e comida adequada. Além das terríveis condições, os menores ainda haviam sido separados de suas famílias, ou com quem cruzaram a fronteira.
Apesar da situação em que os imigrantes se encontram, o presidente ianque ainda sim anunciou que iria cortar o serviço para crianças imigrantes, ou seja, o fim do financiamento de serviços educacionais e jurídicos.
Em Tijuana, no México, centenas de imigrantes lotam os abrigos sem estrutura, enquanto os que não conseguem alojamento, vagam pela cidade dormindo no chão. A tendência é de a precariedade aumentar cada vez mais, pois, a todo momento, chegam milhares de imigrantes de El Salvador, Honduras e Guatemala.
Imigrantes da América Central se aglomeram na fronteira do México com o USA. Foto: Reprodução