Foto: Arquivo Pessoal.
O trabalhador em limpeza urbana Marcelo Almeida foi morto por policiais militares (PM’s) na manhã do dia 31 de janeiro. O crime contra o povo ocorreu na favela conhecida como “Quatro Bicas”, que fica no Complexo da Penha.
Os PM’s, da 7ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e também vinculados ao 16º Batalhão de PM (Vila Cruzeiro), levaram o corpo para o Hospital Getúlio Vargas afirmando que o homem estava ‘caído no chão ferido e em convulsão’ – omitindo que haviam feito disparos momentos antes. O fato foi denunciado pelo irmão de Marcelo à um monopólio de notícias: “Isso [a convulsão] é mentira! No hospital fui informado que ele tinha um buraco de bala nas costas e que os PMs que levaram ele para lá disseram ter achado meu irmão após ele sofrer uma convulsão.”
O mesmo parente de Marcelo Almeida, que tinha 38 anos e estava indo em direção ao trabalho na Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) no momento em que foi morto, também denunciou que a mochila que ele levava, com dinheiro, cartão de crédito, crachá e chave do carro, teria desaparecido: “Alguém ainda levou a mochila dele com dinheiro e o cartão de crédito. Meu irmão era trabalhador e deu entrada no hospital como indigente, sem qualquer documento. Ele trabalhava desde os 14 anos. Acertaram ele de longe, sem qualquer chance de defesa.”
Indignados com a versão mentirosa da Polícia Militar, o filho de Marcelo, afirmou que o pai fez questão de esperar acabar o tiroteio para, só então, sair de casa. O que foi afirmado também pelo irmão do gari assassinado: “[…] o tiro veio da polícia. Não havia mais confronto quando ele foi baleado.”
Foto: Banco de Dados AND.
Moradores protestam contra a morte do trabalhador
Em protesto, familiares organizaram uma manifestação exigindo justiça para Marcelo. O ato, que ocorreu próximo a uma importante via nos arredores do Complexo da Penha, contou com cartazes, falas e palavras de ordem que denunciavam o crime. À frente do ato ia a camisa laranja de gari de Marcelo.
Mesmo com a presença ostensiva da PM, os moradores não se intimidaram e continuavam a cantar e exigir justiça.
“Foi alvejado por tiro nas costas, só porque ele era negro. Ele estava de boné, numa distância de quase 30 metros e alvejaram ele nas costas sem nem perguntar pra onde ele estava indo. Deram o tiro nas costas primeiro pra depois perguntar” afirmou o irmão de Marcelo.