Presidente da República Jair Bolsonaro cumprimenta o General de Exército Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira.
O general da ativa Luiz Eduardo Ramos, do Alto Comando das Forças Armadas (ACFA), tentou ameaçar o povo afirmando que “o outro lado”, oposto ao governo reacionário, não deve “esticar a corda” como condição para não haver golpe militar de Estado como 1964. Essa e outras declarações foram dadas ao monopólio de imprensa Veja.
Perguntado qual a possibilidade de um golpe militar tradicional, o general reacionário negou para, logo em seguida, admiti-lo em determinadas circunstâncias. Ele afirmou: “Fui instrutor da academia por vários anos e vi várias turmas se formar lá, que me conhecem e eu os conheço até hoje. Esses ex-cadetes atualmente estão comandando unidades no Exército. Ou seja, eles têm tropas nas mãos. Para eles, é ultrajante e ofensivo dizer que as Forças Armadas, em particular o Exército, vão dar golpe, que as Forças Armadas vão quebrar o regime democrático. O próprio presidente nunca pregou o golpe. Agora o outro lado tem de entender também o seguinte: não estica a corda”.
Perguntado, ainda, o que seria “esticar a corda”, ele afirmou: “Comparar o nosso amado Brasil à ‘Alemanha de Hitler’ nazista é algo, no mínimo, inoportuno e infeliz”.
E, mais adiante, o general reacionário se refere ao julgamento da chapa Bolsonaro-Mourão pelo Tribunal Superior Eleitoral, que julgará as contas da chapa durante a eleição de 2018. Luiz Eduardo Ramos chama de “julgamento casuístico” e afirma que o julgamento “não é plausível”, não importando as eventuais provas e eventuais irregularidades. Indiretamente, sugere que isso também seria “esticar a corda”.
Perguntado, ainda, o que aconteceria se a impugnação da chapa ocorrer (destituindo o governo), ele diz: “Sinceramente, não vou considerar essa hipótese. Acho que não vai acontecer, porque não é pertinente para o momento que estamos vivendo”.
Chantagens e coações: parte do golpe militar já em marcha
Indiretamente, o general pressiona o Supremo a votar de modo a permitir o prosseguimento do governo Bolsonaro/generais. Atitudes assim – partes do golpe de Estado militar contrarrevolucionário desatado em 2014 após o levante das massas, de modo institucional, através de coações, ameaças e chantagens – não são novas.
Apenas em uma das várias situações em que houve ameaças, o Villas-Boas – então comandante do Exército –, em 2018, publicou uma mensagem na internet ameaçando tacitamente o Supremo Tribunal para que votasse pela permanência do Luiz Inácio na prisão. Na mesma ocasião, um dia antes, um outro general, Luiz Gonzaga Schroeder, da reserva, afirmou que se a decisão do Supremo contrariasse o desejo dos generais, “eu não tenho dúvida de que só resta o recurso à reação armada”. Depois, especificou: “Aí é dever da Força Armada restaurar a ordem”. Uma semana antes, ele já havia dito que “vai ter derramamento de sangue” e que a crise “vai ser resolvida na bala”. “A interferência das Forças Armadas, sem dúvida, vai causar derramamento de sangue”, ameaçou.