General Cid ‘pai’ usou recursos da Apex para visitar acampamento de galinhas verdes

Informações divulgadas após o retorno à prisão de Mauro Cid filho fortalecem papel de Lourena Cid na articulação golpista, enfraquecendo ainda mais planos da família de salvarem-se das investigações.
Novas informações podem lançar Lourena Cid no olho do furacão dos inquéritos sobre o golpismo. Foto: Divulgação/Alesp

 General Cid ‘pai’ usou recursos da Apex para visitar acampamento de galinhas verdes

Informações divulgadas após o retorno à prisão de Mauro Cid filho fortalecem papel de Lourena Cid na articulação golpista, enfraquecendo ainda mais planos da família de salvarem-se das investigações.

O general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do atualmente preso tenente-coronel Mauro Cid, usou dinheiro da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), empresa financiada com dinheiro público, para visitar acampamentos bolsonaristas em Brasília. Ele também usou parte da estrutura da empresa para apoiar articulações pró-golpe. 

A visita ocorreu no dia 3 de dezembro de 2022, durante uma viagem de Cid, que comandava o escritório da agência em Miami, e de Michael Rinelli, diretor de investimentos da empresa na mesma cidade, à Brasília, entre os dias 26 de novembro e 11 de dezembro de 2022. Tudo custou cerca de R$ 9,3 mil aos cofres da agência, sem contar as passagens aéreas. A Apex não é um órgão estatal, mas é abastecida com dinheiro público provindo dos recursos do sistema S. Em 2022, o governo de Bolsonaro destinou R$ 1,3 bilhão à agência. 

O período da viagem vai de encontro com a semana que Bolsonaro realizou, no Palácio da Alvorada, uma reunião para discutir a minuta de golpe de Estado. A reunião ocorreu no dia 7 de dezembro e contou com a presença dos chefes das Forças Armadas. É sabido que Mauro Cid sabia detalhes da reunião e da minuta, e contava inclusive com um arquivo do documento em seu celular. 

O tour ao acampamento foi registrado em um vídeo divulgado com exclusividade pelo jornal monopolista Uol. Na filmagem, o general Cid aparece ao lado de Rinelli no acampamento bolsonarista em frente ao quartel do Exército em Brasília, local de onde saíram os galinhas verdes para o 08/01 e que, posteriormente, serviu de abrigo para militares e seus parentes que participaram da Bolsonarada, como a esposa e filha de Eduardo Villas-Bôas. 

Quando viajaram, Lourena Cid e Rinelli justificaram os gastos como parte de uma viagem para participar de uma celebração da Apex que contaria com funcionários de diversos outros escritórios. Eles não mencionaram nem o acampamento nem a visita ao quartel do Exército. 

Além da visita, Lourena Cid usou computadores e celulares da Apex para debater detalhes da trama golpista, segundo um funcionário da própria agência. Segundo os relatos, o general afirmava que Luiz Inácio não tomaria posse e mostrava grupos de whatsapp com outros militares integrantes para embasar a tese. 

Ademais de comprovar a presença ativa de mais um militar de alta patente na articulação golpista de extrema-direita, a revelação complica a situação da família Cid. Até agora, “Cid pai” não havia sido citado como investigado nos relatórios sobre a articulação golpista de extrema-direita de Jair Bolsonaro. Os processos relacionados ao general tratavam da venda ilegal de joias recebidas pelo velho Estado brasileiro durante a gestão de Bolsonaro. 

Agora, Lourena Cid corre o risco de ser colocado no olho do furacão das investigações da trama golpista, já que, ao que tudo indica, o general participou ativamente dos movimentos que buscaram desencadear uma ruptura institucional no país. É um revés para os planos já enfraquecidos da família golpista, uma vez que Cid havia acordado uma delação premiada na esperança de salvar a própria pele e, também, o futuro do pai. O projeto de auto-salvação já havia sofrido uma derrota nas últimas semanas, quando Mauro Cid foi preso depois que um áudio em que registrava o tenente-coronel atacando o seu processo de delação, a Polícia Federal e o STF foi vazado, no que pareceu uma réplica de traição bolsonarista à traição de Cid.

O uso da Apex para permitir as articulações e apoio aos golpistas aponta ainda para o uso recorrente, por parte dos galinhas verdes e associados, de órgãos e agremiações financiados parcialmente pelo velho Estado para fomentar os seus planos das mais variadas formas. Antes de ser revelado que Lourena Cid usou da estrutura e dinheiro da Apex para participar da articulação golpista e dar apoio moral aos galinhas verdes acampados, já havia sido revelado que militares como o general Walter Braga Netto orientou o tenente-coronel Mauro Cid a usar dinheiro do Partido Liberal (PL) para financiar a ida dos forças especiais do Exército à manifestações golpistas. 

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