O general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes foi alvo de um mandado de busca e apreensão no dia 29 de setembro, durante uma operação que busca investigar as ligações do militar reacionário com a bolsonarada do 8 de janeiro. Ridauto participou dos episódios e é suspeito de ter sido um dos articuladores das manifestações golpistas. O general é parte das “forças especiais” (ou kids pretos), destacamento do Exército reacionário especialista em operações de “guerra irregular” e operações de sabotagem, incentivo à insurgência popular, inteligência, fuga e evasões.
A investigação suspeita que Ridauto teria ligação com elementos que atuaram na abertura de escotilhas no teto do Congresso Nacional, para permitir o acesso dos “galinhas verdes” aos interiores do prédio. No cumprimento do mandado de busca e apreensão, Ridauto também teve o celular, a arma e o passaporte apreendidos e os bens e ativos bloqueados.
Ridauto Lúcio não é o primeiro “kid preto” que atuou no sentido de tentar precipitar uma intervenção militar do Exército reacionário. Diversos outros militares reacionários das Forças Especiais, educados nos currículos golpistas e contrainsurgentes das FA reacionárias (moldado pelo Pentágono/imperialismo ianque), tentaram, ao longo do ano passado, pressionar o Alto Comando das Forças Armadas (ACFA) a acelerar os planos de um golpe militar chocando-se com a atuação de generais da ativa.
Foi o caso, por exemplo, do coronel Élcio Franco Filho, que apelou, em um áudio, pela mobilização de 1,5 mil tropas das Brigadas de Operações Especiais de Goiânia (um dos batalhões das Forças Especiais) para desatar o golpe. E também do general Mário Fernandes, que enviou mensagens ao ex-comandante do Exército, Freire Gomes, em clamor por uma ruptura institucional. “É agora ou nunca mais, comandante, temos que agir! E não existe motivação maior do que a proteção e o futuro desta grande nação e de seus filhos… Os nossos filhos”, disse.
O elo em comum não é mera coincidência, ou resultado de conversas de colegas de turma. Os “kids preto” atuaram, na verdade, perfeitamente dentro da doutrina que lhes foi ensinada dentro da caserna. E, para culminar o golpe, tinham claro conhecimento das técnicas militares e demais meios necessários. Era claro, para os golpistas mais apressados, a necessária intervenção desse setor. Ailton Barros, ex-paraquedista bolsonarista, também defendeu a participação dos “kids pretos”: “Tem que ser dada a missão às Brigadas de Operações Especiais de Goiânia para prender o Alexandre de Moraes no domingo na casa dele […] E na segunda-feira ser lido o decreto de GLO e botar o Exército para agir”.
Mas não eram esses os planos do ACFA: tentando manter o controle sobre a tropa e obedecendo à ordem do imperialismo norte-americano de não produzir uma ruptura institucional, os generais da ativa pretendiam mesmo deixar a coisa rolar, organizar acampamentos para disputar a liderança do movimento com Bolsonaro, para logo, em conluio com a rede Globo, desmoralizá-lo como corrupto.