Geórgia: Protestos reavivam patriotismo contra a dominação russa

Geórgia: Protestos reavivam patriotismo contra a dominação russa

Na tarde do dia 20 de junho, massas da Geórgia tomaram as ruas da capital Tiblissi em uma manifestação que contou com 5 mil pessoas em oposição ao domínio e influência russos no país, e outras manifestações se seguiram nos dois dias seguintes. 

O conflito teve início durante a Assembleia Interparlamentar sobre a Ortodoxia (AIO) que ocorreu no Parlamento da Geórgia no mesmo dia. Nela, o presidente da AIO e chefe da delegação russa, Sergei Gavrilov, proferiu um discurso do assento do presidente do Parlamento, o que ofendeu os parlamentares da oposição georgiana e atiçou o patriotismo em evidente resposta ao imperialismo russo, que tem um longo histórico de agressão ao povo georgiano. 

Durante uma pausa da Assembleia, os parlamentares da oposição ocuparam o pódio de onde Gavrilov discursava e impediram a continuação do evento. Enquanto isso, outro grupo invadiu o escritório do partido “Sonho Georgiano” que está atualmente no governo e queimou bandeiras do partido, formado por políticos abertamente fascistas e pró-ocidente. Seu presidente e fundador é o empresário bilionário de extrema-direita Bidzina Ivanishvili.

Mais tarde, as massas populares tomaram as ruas em frente ao Parlamento, bradando palavras de ordem contra as pretensões russas de dominação e queimando imagens do presidente russo, Vladimir Putin. A polícia reprimiu e atacou os manifestantes com balas de borracha, gás lacrimogêneo e canhões d’água, deixando mais de 240 feridos, porém os manifestantes lutaram e revidaram, mesmo sob as altas temperaturas do verão, que fizeram com que alguns desmaiassem por causa do calor.  

Manifestantes tomam frente do Parlamento georgiano, em Tiblissi, junho de 2019. Foto: Ucrânia em África.

Um dia depois do protesto, Putin decidiu cancelar todos os voos da Rússia para Geórgia como forma de boicotar o turismo do país e em resposta à manifestação; o resultado, no entanto, foi lançar mais massas aos protestos seguintes.

O sentimento do povo georgiano contra a dominação colonial russa é antigo. Em 1803 a nação foi anexada pelas tropas czaristas sob o comando do Czar Alexandre, e veio a conquistar sua autonomia apenas em 1917, com a Revolução Bolchevique, quando pôde desenvolver-se nacionalmente, e depois integrou-se à União Soviética. O chefe revolucionário soviético, Iosif Stalin, por exemplo, era georgiano.

Leia também: Geórgia, Ossétia do Sul e Rússia: mais uma guerra pela partilha do mundo

O episódio mais recente e no qual o patriotismo georgiano tomou maior volume foi durante a guerra de agressão de 2008. No episódio, o Exército russo invadiu a Geórgia e ajudou a armar e financiar duas regiões separatistas do país, a Ossétia do Sul e a Abecásia, que haviam se declarado independentes na década de 1990. Desde o início dos conflitos, a Geórgia sofreu a perda de cerca de 20% do seu território nacional, devido à ação militar russa, e até hoje não reatou relações diplomáticas com a superpotência.

Polícia reprime manifestantes em Tiblissi, junho de 2019. Foto: Ucrânia em África

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