GO: Audiência pública reúne trabalhadores e entidades contra a privatização da água

GO: Audiência pública reúne trabalhadores e entidades contra a privatização da água

Uma audiência pública foi realizada no Auditório Carlos Vieira, na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), debatendo “A experiência da privatização da Celg e as PPP’s na Saneago”. A audiência ocorreu na terça-feira (25/2) e reuniu trabalhadores, movimentos sociais e diversas entidades, como o Sindágua-DF, Travessia – Coletivo Sindical e Popular, ONDAS, Stiueg e Furcen.

Com cerca de 600 pessoas assistindo à audiência presencialmente, foram debatidos os impactos da possível privatização da Saneago e os riscos das Parcerias Público-Privadas (PPPs) para o saneamento básico no estado. A audiência promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (Stiueg) e a Federação dos Urbanitários do Centro-Norte (Furcen) marcou o lançamento da campanha “Privatizou, a conta subiu: diga não às PPPs!”.

A privatização dos serviços de esgotamento sanitário, atualmente sob gestão da Saneago, está prevista para o segundo semestre de 2025. Assim como ocorreu com a CELG, a transferência para a iniciativa privada pode resultar em tarifas mais elevadas, piora nos serviços e redução dos investimentos. A audiência pública busca alertar a população sobre os impactos negativos das Parcerias Público-Privadas.

Em frente à Alego, antes do início da audiência, manifestantes protestaram contra a privatização da Saneago. Em entrevista ao Correspondente Local de AND, manifestantes denunciaram a tentativa de privatização da Saneago, assim como fizeram com a Celg, em “um processo de sucateamento e privatização.”

O primeiro-secretário-administrativo do Stiueg, João Maria de Oliveira, saudou a audiência pública como um dia “histórico em defesa do patrimônio do povo”, e que é necessário “descentralizar as audiências públicas, ir para o interior do estado e falar com o povo que mais precisa da Saneago estatizada.” Afirmou também que as PPPs, da maneira colocada pelo Governo de Goiás, são privatização. 

Juan Ritchelly, da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Purificação e Distribuição de Água e Serviços de Esgotos do DF (Sindágua-DF), afirmou que “mesmo em unidades federativas diferentes, nossa luta é a mesma e nós viemos travando essa luta no Distrito Federal contra o governo Ibaneis.”

“Nós temos que ter em mente um jeito de lembrar o povo que água não é mercadoria, água é vida”, afirmou. Lembrou também do exemplo que é a luta ocorrida nos anos 2000 na Bolívia, onde o povo boliviano conseguiu deter uma privatização indo às ruas de forma combativa.

Marcos Montenegro, coordenador do Observatório Nacional do Direito à Água e ao Saneamento (ONDAS), citou que um dos argumentos para a privatização é que a companhia seria incapaz de realizar a expansão da distribuição de água, o que ele nega, afirmando que há, sim, capacidade. Montenegro apontou que o desafio colocado é universalizar a água sem privatizar, pois o atendimento na distribuição de água é de 98%, enquanto o atendimento de esgoto é de 78%.

Montenegro afirma que “a Saneago tem plenas condições de atingir a meta de universalização do esgotamento sanitário sem privatização. O governo quer entregar 75% dos serviços para a iniciativa privada sob o pretexto de ampliar 15% em trinta anos.” Informou também que, caso a Saneago siga crescendo da maneira que cresceu desde 2013, ela ultrapassará a meta de 90% estipulada até o fim de 2033. 

A Saneago, concessionária de serviços de saneamento básico em Goiás desde 1967, atende 224 dos 246 municípios do Estado. Em 2023, a empresa faturou mais de 3 bilhões de reais e deu lucro de 584 milhões.

Sindicatos destacam que a privatização da Saneago representa um ataque aos serviços públicos e aos trabalhadores. A entrada de empresas privadas geralmente resulta em demissões, terceirizações e precarização das condições de trabalho. A resistência a esse processo é essencial para garantir a manutenção de empregos dignos e condições adequadas de trabalho.

A audiência pública fez parte da mobilização contra a privatização da Saneago e do leilão dos serviços de esgotamento sanitário. Com o lançamento da Campanha “Privatizou, a conta subiu: diga não às PPPs!”, os organizadores buscam ampliar o debate e conscientizar a população sobre os impactos das PPPs no saneamento básico.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: