No dia 23 de setembro, 45 famílias camponesas conquistaram a suspensão de um despejo, após resistirem à expulsão e às ameaças de truculência policial. Os trabalhadores permanecem no Assentamento Popular Chê, localizado no município de Piranhas em Goiás.
A ordem de despejo foi emitida em nome do juiz Jesus Rodrigues Camargos, no dia 11/09. Entretanto, semanas antes, um grupo de policiais, com a justificativa de realizar “levantamento da situação” tentaram entrar no assentamento, mas foram impedidos pelos camponeses.
Na mais recente ocasião, após ordem de despejo e diante da resistência dos camponeses, o comandante major Gilvani, da Polícia Militar (PM), solicitou reforço para a execução do despejo e, de acordo com denúncias, ameaçou os trabalhadores dizendo que iria fazer uso de força. Não intimidados com as ameaças, os camponeses permaneceram no assentamento.
O longo histórico de resistência do Assentamento Popular
O assentamento totaliza uma área de 2,7 mil hectares, ocupados pelas famílias desde 2015, local definido para a “reforma agrária”. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), trata-se de uma situação em que o velho Estado chegou a pagar 40% do valor da fazenda ao latifúndio e depois retrocedeu, fato que beneficiou o latifúndio que reivindicou a posse da área, dando início a um novo processo de desapropriação das terras e expulsão das famílias.
Os camponeses já haviam resistido a uma liminar de despejo, em meio a pandemia. No dia 20 de janeiro, um oficial de justiça foi até o acampamento comunicar que as famílias teriam 15 dias para desocupar a área. Em resposta ao oficial, um dos camponeses presente afirmou: “Não vamos desocupar a área, não. Porque não temos para onde ir. No meio de uma epidemia, como é que vai fazer? Vai aglomerar essas famílias num ginásio na cidade? Não tem condições”, relatou Gouveia ao Portal Brasil de Fato.
Produção das famílias do Assentamento Popular Chê. Foto: Divino Gouveia