Uma enfermeira e um maqueiro da maternidade Célia Câmara, em Goiânia, foram agredidos e presos pela Polícia Militar na última sexta-feira, 6/12. Os trabalhadores, Fabiana Ribeiro e Valteir Santos, são contratados da FUNDAHC (Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas, responsável pela gestão terceirizada da maternidade) e estavam trabalhando sem receber salários. A denúncia causou indignação nas redes sociais, principalmente entre os trabalhadores da saúde.
Os policiais foram até a maternidade chamados por um assessor do vereador Igor Franco, a pedido do marido de uma gestante que é parente do assessor e queria atendimento emergencial para sua esposa, que aguardava um atendimento eletivo. Uma paciente que presenciou a agressão relatou em vídeo que os policiais gritaram com a enfermeira que se dispôs a explicar a situação e, quando acabou o seu plantão, a PM a impediu de ir embora e a agrediram e fizeram o mesmo com o maqueiro que a defendeu da agressão.
A paciente que presenciou tudo testemunha o abuso de autoridade! pic.twitter.com/nDxnrYSMef
— Nurse/med (@LuanaBarros1710) December 7, 2024
Os trabalhadores da FUNDAHC denunciam o atraso nos salários e as condições precárias nas maternidades geridas pela O.S. As três maternidades terceirizadas já paralisaram os atendimentos emergenciais no ano passado e neste ano por falta de repasses de verbas da prefeitura de Goiânia. Essa situação não é só das maternidades, mas em outros hospitais e unidades básicas de saúde. A falta de atendimentos do IMAS (plano de saúde dos servidores públicos de Goiânia), falta de insumos, equipamentos e até de ambulâncias do SAMU (Serviço de atendimento móvel de urgência) já foram motivo de protestos e greve dos trabalhadores da saúde.
No final de novembro, o secretário e outros dois diretores da Secretaria de Saúde foram presos em uma operação do Ministério Público por “pagamentos irregulares”, sendo que com um deles foram encontrados mais de R$20 milhões em dinheiro.
A violência policial contra os dois trabalhadores na última sexta-feira ocorrem em meio a uma escalada da violência policial no País.