Trabalhadores da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) ficaram em alerta esta semana contra o risco de perda de emprego. Metade do serviço de coleta de lixo foi privatizado e os garis se organizam em defesa dos seus direitos, contra desmonte da empresa.
Na quarta-feira, a prefeitura de Goiânia tentou liquidar a Comurg. O movimento de garis “Resgate da Comurg” denunciou que mais de 5 mil varredores, coletores, motoristas, funcionários dos aterros sanitários e de outros serviços poderiam perder o emprego, se a empresa pública fosse tornada “independente” da prefeitura essa semana, em decisão do Tribunal de Contas dos Municípios. O tribunal não liquidou a empresa, mas a prefeitura entrou com um processo para “reduzir gradativamente serviços da Comurg” entre outras medidas até 2029. A primeira delas seria a terceirização do aterro sanitário de Goiânia, com prazo para agosto.
Uma liderança dos garis reforçou ao Comitê de Apoio do AND que a maior parte deles não conseguiria outro emprego, devido à idade e que por isso reivindicam o direito de se tornarem estatutários . Do total de servidores da Comurg, 4.901 trabalham sob o regime de CLT e 4.489 têm de 41 a 70 anos de idade, segundo o portal da transparência municipal.
Movimento contra terceirização
No dia 04/06, trabalhadores contratados pela LimpaGyn – consórcio privado para o qual foi terceirizada a metade da coleta de lixo em Goiânia – cruzaram os braços na garagem. Os garis terceirizados se recusaram a sair para trabalhar devido ao atraso no pagamento dos salários.
Na segunda-feira, dia 10/06, os garis comurgueiros denunciaram que a Limpa Gyn recolheu os caminhões da Comurg da garagem da Coleta III, afirmando que o consórcio assumiria essa Divisão (a coleta de lixo é dividida em I, II, III e IV e a I e a IV foram terceirizadas). No entanto, os caminhões levados foram usados para fazer os trechos terceirizados da Coleta I, em outra parte da cidade. Os trabalhadores da Comurg ficaram na garagem e tiveram que fazer a coleta acumulada nos dias seguintes.
Desde que o consórcio Limpa Gyn entrou, em abril, até o final de maio, os garis da Comurg foram obrigados a fazer parte do serviço que é responsabilidade da terceirizada. Em maio, 15 caminhões alugados para a Comurg foram adesivados com a marca da Limpa Gyn e usados em trechos terceirizados. Vídeos circularam nas redes sociais, em que os garis questionam o prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) por tais fatos, enquanto trabalham.
Outro membro da categoria apontou que o objetivo da prefeitura é se livrar das dívidas da Comurg. A empresa devia, até o fim do ano passado, quase R$60 milhões para o INSS, quase R$30 milhões de FGTS e mais de R$8 milhões para o IMAS (Instituto Municipal de Assistência à Saúde). Além disso, a Comurg devia aos trabalhadores mais de R$350 milhões em retroativo de quinquênios desde 2017 (a imensa maioria dos garis tem mais de 10 anos na empresa). Mas o sindicato SEACONS convenceu alguns a assinarem um acordo abrindo mão desse direito. O movimento dos garis contra a terceirização também está recorrendo desse acordo.