Policiais militares do estado de Goiás foram acusados e presos por formação de grupo de extermínio, no dia 18 de dezembro. A operação, denominada de “circo de morte”, faz referência ao mágico de circo que cria ilusões enquanto engana o público, ou seja, sob o pretexto de proteger a população de bandidos, os policiais executavam opositores políticos.
As investigações que duraram um ano foram realizadas pela Polícia Federal (PF) junto com a Corregedoria da Polícia Militar (PM), apontando a participação de cinco policiais militares e oficiais no grupo de extermínio.
Os assassinatos eram cometidos nas cidades de Caldas Novas, Santo Antônio do Descoberto e Alto Paraíso, todas no estado de Goiás. Ao todo, foram expedidos oito mandados de busca e apreensão e cinco mandados de prisão temporária, todos na cidade de Caldas Novas. Os crimes cometidos são de homicídio qualificado, ocultação de cadáver, constituição de milícia privada, fraude processual e corrupção passiva.
Foram presos o tenente-coronel Carlos Eduardo Belelli, o sargento Ismael Fernando Silva e o cabo Raithe Rodrigues Gomes, além de um subtenente e outro sargento que ainda não tiveram seus nomes divulgados.
O grupo de extermínio é acusado de dois duplos homicídios ocorridos em março de 2017, um em Caldas Novas em que Douglas Carvalho da Silva, 27 anos, e Carlos Soares dos Prazeres, 18 anos, foram executados em uma suposta troca de tiros com a PM. O outro caso ocorreu em Santo Antônio do Descoberto, no qual Darlei Carvalho da Silva, 31 anos, e sua namorada, Dallyla Fernanda da Silva, 21 anos, tiveram sua casa invadida por policiais encapuzados, foram levados para fora, executados e seus corpos foram escondidos para assim não haver provas do crime cometido.
A PF investiga se houve algum recebimento para tais assassinatos. Policiais do 26o Batalhão da PM de Caldas Novas também estavam agindo como uma milícia, segundo as investigações. A PF investiga outros crimes para saber se têm envolvimento com o grupo de assassinos.
Um dos assassinos foi candidato a deputado estadual na farsa eleitoral do último pleito, o tenente-coronel Carlos Eduardo Belelli, que não chegou a ser eleito. O dito tenente, que ainda era major, esteve à frente do Comando independente da PM de Goiás (14o CIPM) no ano de 2015, que atuava nos municípios de Alto Paraíso e São João D’Aliança, e, em 2017, passou a comandar o 26o Batalhão da PM de Goiás em Caldas Novas.
Depois da PF já haver deflagrado a prisão de Belelli, ele mesmo denunciou em entrevista a um jornal do monopólio de imprensa do estado de Goiás que sabia da operação por intermédio da juíza Vaneska Baruk, levando a crer o envolvimento de um grupo ainda maior formado por altos escalões do judiciário. A juíza negou qualquer envolvimento com o caso.
O dito tenente-coronel ainda divulgou nas redes sociais um vídeo se defendendo das acusações, alegando que já esteve à frente de várias “operações contra o crime”, justificando que as mortes sempre ocorreram em confronto com bandidos que reagiram às investidas da polícia.
O estado de Goiás tem sua polícia conhecida como uma das mais truculenta de todas no Brasil e por não deixar suspeitos vivos em meio às ocorrências, sejam ou não inocentes.