Dez policiais militares de Goiás foram condenados por tortura em julgamento federal ocorrido no dia 16 de outubro. Conforme foi noticiado no jornal O Popular, veículo do monopólio da imprensa, no ano de 2010, em Trindade (GO), os policiais sequestraram e torturaram o servente de pedreiro Michel Rodrigues da Silva com choques elétricos e afogamentos, para que este confessasse um estupro que não cometeu.
Um dos envolvidos, que na época era comandante dos outros agentes condenados, é um coronel que foi responsável pelos colégios militares no estado entre 2016 e 2018.
O crime contra o trabalhador só foi julgado após mais de nove anos, e só o foi depois de ter sido levado para o judiciário federal.
Outra reportagem recente do mesmo jornal, assinada por Thalys Alcântara, denunciou a escalada de mortes em ações da Polícia Militar (PM) nos últimos anos, especialmente em 2019.
Apenas nos primeiros nove meses deste ano, a PM registrou 257 ações que acabaram em morte de civis, 68 a mais que as registradas no mesmo período de 2018. Note-se que essa é a quantidade de ocorrências. Quanto ao número de mortes, a Secretaria de Segurança Pública se recusou a divulgar esta e outras informações, sob a alegação de que estão protegidas por “sigilo”, tendo em vista as investigações dos casos. Tal desculpa cínica, uma vez que as investigações raramente sequer acontecem, foi amparada em uma portaria estadual e uma lei federal, com as quais o velho Estado tem um precedente para acobertar da opinião pública a guerra de baixa intensidade movida contra o povo pobre.
Ainda segundo a reportagem mencionada, nos primeiros quatro meses do ano, quando os dados ainda estavam disponíveis, o número de pessoas mortas pela PM foi de 25 a mais que no mesmo período do ano anterior. E, ainda, com base na média de mortes por ação policial em 2018, supondo que esta média se manteve, o número de pessoas mortas nestes últimos nove meses seria de 458, o que já é mais que o total do ano passado. Mas o que ocorre é um aumento continuado dessas mortes, tendência constatada nos relatórios anteriores que vieram a público. Uma vez que a polícia continua a mesma, aquele número sobre os últimos meses só pode ser maior, o que explicaria manter os dados em segredo. Dessa forma, o governo de Ronaldo Caiado faz propaganda da diminuição de crimes violentos, ficando de fora as torturas e execuções cometidas pelo próprio Estado contra os pobres.
Ilustração: O Popular