No dia 15 de março, os trabalhadores da educação de Goiânia deflagraram greve por tempo indeterminado. Os profissionais também se mobilizam pelos seus direitos em Aparecida de Goiânia. A luta ocorre pelo pagamento do Piso Profissional Nacional da Educação dos professores e pelo pagamento da data-base para os servidores administrativos de 2020, 2021 e 2022.
Nestas greves, tem se comprovado a justeza da posição classista em mobilizar todas as esferas da escola em defesa do direito de uma educação de qualidade, com segurança sanitária garantida e condições dignas de trabalho. Por todo o país, servidores e profissionais da educação vêm se organizando para exigir seus direitos, desmascarando os governos municipais reacionários.
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Trabalhadores exigem dignidade
Desde de janeiro, o Sindicato Municipal dos Servidores da Educação (Simsed), vem organizando ato, manifestações, reuniões e mobilizações da categoria em defesa do reajuste da data-base, do piso dos professores, cumprimento dos protocolos de biossegurança nas escolas/CMEIs, pelo direito ao vale transporte e regência para os contratos, pela realização de concurso público, etc.
Em Goiânia, a prefeitura que tem hoje à frente o reacionário Rogério Cruz (Republicanos) não cumpriu o pagamento da data-base dos servidores administrativos dos anos de 2020, 2021 e nem 2022. A data-base é um acordo anual estabelecido que cumpre o papel de negociar as condições de trabalho e as perdas salariais provocadas pela inflação. Ela é garantida aos servidores públicos, através do Art. 37, inciso X da Constituição Federal de 1988. No caso dos servidores municipais, a negociação é realizada diretamente com o prefeito.
Como conquista da luta organizada, no dia 03/03 os trabalhadores conquistaram a data-base ao percentual de 9,32% referentes aos anos pendentes de 2020 e 2021. Seguem em luta pelo pagamento do referente ao ano de 2022.
Após o anúncio do reajuste do Piso para 33,24%, a luta no estado de Goiás tomou grande fôlego, seguindo a tendência apontada pelo AND de recrudescimento das lutas da educação. Em Goiânia, no dia 15 de fevereiro, o Sindicato Municipal dos Servidores da Educação (Simsed) realizou uma Assembleia com uma paralisação em que mais de 120 instituições aderiram. Aproximadamente mil trabalhadoras e trabalhadores da educação estiveram presentes e deliberaram o estado de greve como maneira a exigir os seus direitos.
Assembleia dia 15 de fevereiro no Paço Municipal em Goiânia. Foto: Banco de Dados AND
Dias antes da Assembleia, o mesmo Sindicato classista e combativo denunciou a intimidação do covarde Rogério Cruz através da ameaça de corte de ponto dos servidores que participassem do dia de Paralisação da Educação. Ao invés de desmobilizar, essa ação serviu para duplicar o número de instituições que aderiram ao dia de luta.
Com esse fôlego de luta, a categoria intensificou sua mobilização com o objetivo de arrancar mais conquistas do governo reacionário. Reivindicam a data-base a 33%, o mesmo que o piso salarial das/os professoras/es, pela aprovação do auxílio locomoção e vale transporte aos contratos temporários, a realização de concurso público com quantidade de vagas adequadas, contra o desmonte do Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas).
Oportunistas vende greves são denunciados
Em meio a toda luta combativa da categoria, o sindicato demarcou sua posição e publicou uma nota. Nela, é expressa a posição apaziguadora e oportunista do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego). Posição que, desde 2010, perpassando pelas históricas greves em 2013, 2014, 2015 e 2017, se reduz às negociações com o governo pelo fim das greves sobrepondo a categoria. Esta é uma tendência derrotada, uma vez que todas conquistas foram mediantes a mobilização e lutas, não com negociatas do Sintego.
Os trabalhadores em luta denunciam a ação oportunista e eleitoreira do Sinteg, apontando seu compromisso com os inimigos da educação. Em ano eleitoral, como parte da tática de utilizar dos anseios da categoria para promoverem seus projetos eleitoreiros, tentam desviar as assembleias realizadas. Porém, em uma dessas assembleias, contra a vontade do Sintego, a massa de trabalhadores decidiu pelo estado de greve. Esta foi uma demonstração da força da categoria organizada junto ao Simsed, o sindicato classista da educação.
Rumo a greve geral da educação
Nos dias 8 e 10 de março, novas Assembleias aconteceram, espaço repleto de falas vibrantes e consistentes, apontando a continuidade da luta em Goiânia.
No dia 16/03, Dia de Paralisação Nacional da Educação, uma nova Assembleia foi realizada. Nela foi conformado um Comando de Greve em que qualquer um da categoria poderá participar e se engajar nas comissões de ações práticas.
Apesar dos ataques ao Simsed (o sindicato combativo e classista dos trabalhadores da educação), que ocorrem desde o começo da luta no intuito de enfraquecer o movimento independente, este tende a crescer. É o que afirma os trabalhadores da educação mobilizados: “lutamos pelo o que é justo, correto e principalmente, por uma Educação Pública Gratuita e que sirva aos interesses da população e classe trabalhadora!”.
Assembleia da categoria no dia 08 de março. Foto: Banco de Dados
Assembleia da categoria no dia 10 de março. Foto: Banco de Dados
Trabalhadores de Aparecida de Goiânia em luta
Em Aparecida de Goiânia, com o mesmo entusiasmo da luta classista dos trabalhadores da educação em Goiânia, o Sindicato Comando de Luta mobiliza e organiza a categoria em manifestações e reuniões contra a situação crítica da educação no município.
A categoria está há 9 anos sem pagamento das progressões, titularidades, sem concessão de licenças e vários outros direitos. Além das dificuldades apresentadas no dia-a-dia de trabalho através de superlotação de salas, estrutura física precárias – chuva dentro de salas e buracos, falta de apoio às crianças com deficiência, etc.
No dia 09/03 a categoria realizou uma paralisação na rede, onde 50% das escolas pararam e participaram da manifestação organizada pelo Comando de Luta reivindicando o reajuste do piso 2022, a data-base dos administrativos e efetivação do plano de carreira. Também foram exigidos pagamentos das progressões por concurso público e condições adequadas das escolas do município.
Manifestação na Prefeitura de Aparecida de Goiânia no dia 09 de março. Foto: Banco de Dados AND
Manifestação na Prefeitura de Aparecida de Goiânia no dia 09 de março. Foto: Banco de Dados AND
No dia 17/03, no fim da tarde, o sindicato oportunista publicou um vídeo falando sobre as negociações e convocando uma assembleia da noite pro dia, para “discutir e aprovar as respostas do que foi negociado”.
O Comando de Luta alertou a categoria denunciando que se tratava de um golpe. A negociação entre Sintego, Prefeitura e Semec já havia sido feita e essa assembleia serviu apenas para formalizá-la, contando como manobra. Foi denunciado também que este sindicato oportunista (Sintego) e a prefeitura estão de mãos dadas contra a educação uma vez que no dia 18/03 em toda a rede não haveria aulas pois era o dia dedicado ao planejamento e os servidores foram dispensados pela supervisão para comparecerem à assembleia.
Ainda assim, na assembleia do sindicato oportunista, inúmeros trabalhadores rechaçaram suas propostas. Mais uma vez deram um tiro no pé e mostraram a todos que na realidade se trata de um sindicato patronal.
Acompanhe a greve através do blog do sindicato: http://simsed.blogspot.com/
Acompanhe as lutas na rede municipal de Aparecida de Goiânia pelo blog: http://educacaoemlutadeaparecida.blogspot.com/