Golpeados por governo e pela conciliação, sindicatos estão esvaziados

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Golpeados por governo e pela conciliação, sindicatos estão esvaziados

Foto: Banco de Dados AND

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que em 2019 o Brasil atingiu a marca de 11% (10,6 milhões) de trabalhadores sindicalizados, a menor taxa da história. Os sindicatos brasileiros perderam 920 mil trabalhadores filiados entre 2018 e 2019. Os dados são da Pnad Contínua, divulgada no dia 26 de agosto.

A taxa registrada de sindicalizados é o menor patamar registrado pela pesquisa iniciada em 2012. Dos 94,6 milhões de brasileiros ocupados em 2019, apenas 10,6 milhões declararam ter alguma ligação com entidades sindicais. O número segue tendência de queda desde 2016, quando a quantidade de associados a sindicatos foi de 13,5 milhões, equivalente a 14,8% de todos os ocupados naquele ano. Com a “reforma trabalhista”, em 2017, o número de trabalhadores sindicalizados caiu em 2,5 milhões. 

A queda acontece mesmo com o aumento de 2,5% na população ocupada, estimada em 94,6 milhões de pessoas em 2019, (contra 92,3 milhões, em 2018). A última vez em que a taxa de sindicalização cresceu foi em 2013. 

Os setores da construção (4,2%), alojamento e alimentação (5,6%) e os serviços domésticos (2,8%) continuam com as menores estimativas de sindicalização. Essas atividades têm dentre suas características a menor participação de empregados com carteira de trabalho assinada, e, nos últimos anos, registraram o crescimento de trabalhadores por conta própria, cuja sindicalização tende a ser inferior à dos empregados. A Indústria Geral passou de 15,2% para 13,5%, o equivalente 150 mil sindicalizados a menos, mesmo com a população ocupada tendo crescido em 380 mil pessoas.

Segundo a Liga Operária, movimento operário classista, toda a grave situação está relacionada com os ataques dos sucessivos governos, em especial o atual. 

“O que vemos no Brasil, desde a ‘reforma trabalhista’, é um crescente ataque às organizações sindicais, que têm perdido sindicalizados e suas estruturas em meio a esse contexto todo, de fim do imposto sindical e de forte propaganda patronal de que ‘os sindicatos acabaram’, além das medidas antioperárias desse governo de generais”.

A organização operária destaca que “o governo dos generais segue à risca as tarefas do fascismo, dentre elas: criar um regime duro, afastar a ‘ameaça comunista’, suprimir os sindicatos e permitir que cada patrão seja um Führer em sua empresa. Estamos cansados de ver eles vomitarem seus ataques contra os sindicatos, alegando ser um fardo ou ser ‘instrumentos dos comunistas organizarem badernas’. O que o governo busca é acabar com todos os sistemas de defesas dos trabalhadores, para junto com a patronal explorar ao máximo os trabalhadores”.

Os operários destacam que muitos sindicatos perderam suas fontes de financiamento. 

“No pós ‘reforma trabalhista’, a patronal segue à risca a tarefa do fascismo, perseguindo trabalhadores sindicalizados, forçando-os a emitirem cartas de oposição às contribuições. Em muitos casos, mesmo que o trabalhador expresse a sua vontade de contribuir, a patronal não desconta e nem repassa aos sindicatos. A impositiva súmula 666 exige autorização prévia e expressa de cada trabalhador, rasgando a Constituição Federal, onde afirma que a Assembleia Geral é soberana e deliberativa. Com isso, muitos sindicatos fecharam as portas, reduziram as estruturas e funcionários; os sindicalizados, não vendo maior retorno e praticamente vendo o fim da ‘justiça do trabalho’, preferem se submeter às regras para garantirem o emprego”, destaca a Liga Operária. 

Criticando a conciliação e a ilusão de que é possível reverter a situação com negociações estéreis, a organização pontua: “Muitos sindicalistas apostam na ilusão parlamentar, buscam ‘ganhar apoio’ no Congresso e voltar com as contribuições através de votações. Erro histórico! Não creem nas massas, mesmo sabendo que na luta de classes as vitórias são conquistadas com luta e não com conciliação! Tentam mudar o curso da história e retiram das massas o seu papel, aceitando a camisa de força do velho Estado de grandes burgueses e latifundiários, a serviço do imperialismo, principalmente ianque”. 

“Por isso, é tarefa dos lutadores classistas, manterem o mais alto a bandeira da luta, para levantar as massas e não permitir que os traidores da classe concluam a vergonhosa conciliação em troca de migalhas. Não é fazendo concessões que os sindicatos vão aumentar as suas contribuições, pelo contrário, é com luta e com uma forte campanha de sindicalização que romperá os embargos econômicos impostos pela ‘reforma trabalhista”, aponta o caminho. E conclui: “Nessa luta é crucial a unidade da classe, mas uma unidade com o objetivo de romper essa camisa de força colocada pelo velho Estado, organizar uma Greve Geral de Resistência Nacional para revogar todas as leis anti-operária, antipovo, vende-pátria e de criminalização da organização e da luta dos trabalhadores e do povo”.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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