Mais de 100 militantes comunistas e ativistas revolucionários, representando Partidos Comunistas e organizações revolucionárias de dez países diferentes, celebraram os 200 anos do nascimento do grande fundador da doutrina comunista, Karl Marx, em Bremen, norte da Alemanha. Os militantes participaram de um grande ato político de celebração, montado pelo Comitê Organizador composto por maoistas alemães.
A celebração contou com a presença de representantes de organizações de todo o mundo. O Comitê Organizador também valorizou e prestou solidariedade “aqueles camaradas que não puderam assistir à celebração devido a que a luta de classes em seu país não lhes permite deixar seus postos”.
O ato foi dividido em duas partes: a primeira, com intervenções das organizações e Partidos presentes, e a segunda, com uma programação e apresentações culturais. O local, um grande salão repleto de pilastras, foi ornamentado com resplandecentes bandeiras vermelhas com a foice e o martelo, com cartazes e faixas ostentando consignas comunistas. Em forma de plenária, uma mesa situou-se na frente dos demais participantes e estes organizaram suas cadeiras em fileiras alinhadas. Ao centro, atrás da mesa, um enorme cartaz com o selo da campanha internacional de celebração aos 200 anos de Marx reafirmava: Proletários de todos os países, uni-vos!.
“O ato manifestou em termos concretos a tremenda vontade e desejo de todos os partidos e organizações em superar a dispersão do Movimento Comunista Internacional e por unificar-se sob o maoismo”, qualificou o Comitê Organizador. “O Movimento Comunista Internacional está maduro para unificar-se sob a bandeira do maoísmo.”, cravou.
Maoistas anunciam nova unidade
Os Partidos Comunistas e organizações revolucionárias que pronunciaram-se e emitiram saudações foram o Movimento Popular Peru (Comitê de Reorganização) – organismo gerado do Partido Comunista do Peru (PCP) para o trabalho internacional –, a Frente Revolucionária de Defesa dos Direitos do Povo (FRDDP) do Brasil, Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) do Brasil, Partido Comunista da Turquia/Marxista-Leninista (TKP/ML), Núcleo para a Reconstituição do Partido Comunista do México, Fração Vermelha do Partido Comunista do Chile, Partido Comunista Maoista da França (PCmF), Liga Comunista da Suécia, Coletivo Bandeira Vermelha da Finlândia, o Comitê Central (CC) do Partido Comunista Maoista da Galícia (PCmG), o Partido Comunista Maoista da Itália, o Comitê Bandeira Vermelha da Alemanha e o Partido Comunista do Equador – Sol Vermelho (PCE-SV). Além disso, a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) do Brasil e o nosso jornal (A Nova Democracia) tiveram exibidos vídeos de saudação à celebração.
Peru
O MPP (CR) afirmou, em discurso feito no local e publicado na internet, que “esta celebração é uma boa expressão do exitoso caminho empreendido pela reconstituição do Partido Comunista da Alemanha que levam a cabo os camaradas do Comitê Bandeira Vermelha”.
Os maoistas peruanos expuseram que “Marx e Engels demostraram que para vencer o velho mundo e criar uma nova sociedade sem classes o proletariado tem que dispor de seu próprio partido operário, ao que Marx e Engels deram o nome de Partido Comunista”, e que este só conseguirá libertar a humanidade da exploração “mediante a violência revolucionária (hoje, com a guerra popular)”.
O MPP (CR) fez também uma longa exposição sobre a relação entre o proletariado e seus chefes, a relação entre o marxismo-leninismo-maoismo e a sua aplicação em cada realidade e, por fim, a importância dos aportes de validez universal do pensamento gonzalo.
O pensamento gonzalo, recordam, aportou contribuições universalmente aplicáveis. “A parte mais substantiva e desenvolvida do pensamento gonzalo é a linha política geral. Nas especificações da linha política geral estão contidos os aportes do pensamento gonzalo à revolução mundial que os Partidos e Organizações Maoistas do V Encontro da América Latina e do I Encontro da Europa acordaram em aplicar”, afirmou o MPP (CR). “Quando se diz aportes à revolução mundial está sublinhando seu caráter universal, isto quer dizer que não se pode ser verdadeiramente maoista sem se aplicar também os aportes de validez universal do pensamento gonzalo a cada revolução concreta para gerar seu pensamento-guia, base da chefatura da revolução”, arremata.
Os maoistas peruanos renderam também saudações ao Presidente Gonzalo, às guerras populares em curso e aos Partidos participantes.
Brasil
A FRDDP, do Brasil, destacou o internacionalismo proletário, a decisiva importância de sua compreensão e fez uma exposição da situação política no Brasil.
“É com imensa felicidade e senso do dever que nós saudamos este grandioso evento que demonstra a fortaleza do marxismo”, iniciou o representante.
“Só podemos conceber e realizar a revolução em cada país como parte e a serviço da revolução proletária mundial. Somos continuadores da heroica e gloriosa tradição da Internacional Comunista, e não devemos esquecer-nos jamais”, afirmou.
O revolucionário proletário brasileiro recordou e saudou ainda as batalhas contra a cúpula do G-20, em junho de 2017. “Gostaria de aproveitar a ocasião para saudar os camaradas que, há um ano, enfrentaram com valentia e derrotaram a repressão nas ruas de Hamburgo”, expôs. E prosseguiu, solidarizando com os maoistas alemães: “Condenamos com veemência e ódio de classe a covarde agressão que sofreram em Berlim os camaradas dirigidos pelo Comitê Bandeira Vermelha. Repudiamos este grupelho direitista e liquidacionista, e de igual forma repudiamos os calejados revisionistas que desde as sombras manejam estes fantoches”, referindo-se à agressão ocorrida no 1º de maio de 2018 por elementos de um grupo chamado Jugendwiderstand.
Sobre a situação nacional, o representante da FRDDP mencionou como marcos os levantes de 2013, a queda do governo do oportunismo e, recentemente, a greve dos caminhoneiros. Além disso, o desemprego e inflação que “centuplicaram a miséria e o número de pessoas vivendo nas ruas ou nas favelas”.
“A única resposta do Estado reacionário tem sido a repressão. No campo, prosseguem as políticas de concentração de terras e de assassinatos seletivos de lideranças, sobretudo de companheiros da LCP, que desfralda contra todas as dificuldades a grande bandeira da Revolução Agrária”, desenvolve. E completa: “A situação revolucionária se desenvolve no Brasil e estão em marcha os preparativos para um golpe militar no país.”.
O revolucionário brasileiro destaca que, junto com todo o sofrimento imposto às massas pelo velho Estado e o regime de exploração, desenvolvem-se as condições subjetivas para que o povo ponha fim definitivamente a toda a desgraça que lhe pesa.
“Há 23 anos nossos dirigentes têm atuado sem um dia de descanso para restabelecer o Partido Comunista do Brasil como autêntico partido marxista-leninista-maoísta, incorporando as contribuições de valor universal do pensamento gonzalo. Nunca abaixamos nossas bandeiras e, agora, muitos que antes não nos ouviam nos dão razão. Durante todos esses anos temos educado quadros, militantes e massas no combate ao revisionismo e na violência revolucionária. Temos pagado a cota de sangue, sobretudo no campo, e também incontáveis processos e prisões, mas não recuamos um só passo. E, o mais importante: os comunistas forjaram no Brasil um sólido núcleo dirigente e um chefe provado que o dirige.”, anuncia a FRDDP.
“O agravamento da crise política no Brasil, reitero, coincide com o restabelecimento do Partido Comunista. Assim, estão gerando as condições extraordinárias para o desencadeamento da invencível guerra popular. Guerra popular que ocorrerá como parte e a serviço da Revolução Proletária Mundial.”, proclama.
Alemanha
O Comitê Bandeira Vermelha da Alemanha também saudou os avanços na reunificação dos comunistas no mundo e qualificou a celebração como “apropriada ao fundador do comunismo, Karl Marx”.
Os maoistas alemães destacam que a celebração expressa uma grande vitória internacional capitaneada pelos avanços dos maoistas na América Latina. “Pela primeira vez na história, um grupo de partidos e organizações das nações oprimidas do Movimento Comunista Internacional atuam como uma força unida, baseada no marxismo-leninismo-maoismo, principalmente maoismo e aportes de validez universal do pensamento gonzalo. Não é a voz de tal ou qual partido e organização, mas sim partidos e organizações de todo um continente que levantam a bandeira da guerra popular e lutam para avançar a reunificação dos comunistas no mundo”, apontam.
“É uma esquerda demonstrando ser capaz de liderar e de unir. Cabe a nós cerrar fileiras com eles, reconhecer o seu papel e aceitar as tarefas que precisam ser cumpridas.”, afirma o Comitê Bandeira Vermelha.
Sobre as tarefas do proletariado alemão, os maoistas deste país destacam que avançaram rumo à reconstituição, varrendo o método artesanal de trabalho partidário e debilidades ideológico-políticas, mas há ainda tarefas importantes. “Temos tarefas que a classe exige de cada um de nós e devemos assumi-las com responsabilidade, iniciativa e vitalidade. Basta de indecisão!”.
Chile
A Fração Vermelha do Partido Comunista do Chile ressaltou, em sua intervenção, a importância do grande fundador, Karl Marx – e seu camarada de armas, Friedrich Engels – e os avanços do Movimento Comunista Internacional.
“Hoje, nós comunistas temos condições magníficas para continuar a tarefa iniciada por Marx. A situação internacional de crescentes desordens se mostra como a mais favorável para fazer avançar decididamente a revolução proletária mundial.”, caracterizam os maoistas chilenos.
No entanto, apontam, falta cumprir a tarefa de reunificar os comunistas do mundo sob a base do maoismo. “Temos o maoismo, mas a tarefa de impô-lo como mando e guia da revolução mundial está na ordem do dia. Seu cumprimento requer constituir ou reconstituir partidos comunistas militarizados, impulsionar as guerras populares em curso e desatar novas.”, formulam.
“Estamos decididos”, prosseguem, “a cumprir a tarefa de reconstituir o Partido Comunista que em 1922 foi fundado pelo nosso chefe, Luis Emillio Recabarren, e iniciar a guerra popular em nosso país.”.
Como parte da luta pela reunificação dos comunistas em todo o mundo, os maoistas chilenos reafirmaram também que cumprirão “a tarefa internacionalista de contribuir à unidade dos maoistas em uma Conferência Internacional Maoista Unificada”.
Equador
O Partido Comunista do Equador – Sol Vermelho (PCE-SV) enviou à celebração um pronunciamento de saudação, no qual expuseram a situação internacional dando ênfase nas agressões dos países imperialistas, sobretudo o USA, contra os povos oprimidos. Mas, o PCE-SV destacou sobretudo a importância dos aportes de validez universal do pensamento gonzalo para os comunistas.
“O pensamento gonzalo tem sido determinante para nós deixarmos para trás velhas práticas que de uma forma ou de outra nos ateve ao centrismo, ao estatismo, ao militarismo pequeno-burguês e a ser permeáveis ao avakianismo, ao prachandismo”, afirma. E prossegue: “Não é novidade que quem abraça o pensamento gonzalo avança na guerra popular. Isto não é produto da casualidade histórica, mas da prática social; o aporte é evidente, as lições são claras.”.
México
Os maoistas mexicanos organizados no Núcleo para a Reconstituição do Partido Comunista do México também pronunciaram-se saudando os avanços do Movimento Comunista Internacional e reafirmando seu compromisso pelo desenvolvimento da revolução mexicana.
Eles reafirmaram trabalhar pela reconstituição do Partido Comunista do México, como partido militarizado, com base no maoismo e nos aportes de validez universal do pensamento gonzalo. “Podem estar certos de que no México os comunistas organizados e as massas estão pondo não só o seu melhor empenho, mas também sua própria vida para garantir o cumprimento de cada tarefa, sendo o objetivo principal a reconstituição do próprio Partido de vanguarda do proletariado, como parte da luta por reconstituir a Internacional Comunista como marxista-leninista-maoista.”, garantiram.
Os revolucionários mexicanos afirmam também que “o trabalho do Comitê para a Conferência Internacional Maoista Unificada e as experiências que este nos transmite representam uma luminosa guia na formação do heroico combatente que porá de pé as massas do México e, sob sua condição, desatar o fogo libertador da guerra popular”.
França, Turquia e Galícia
O Partido Comunista Maoista da França (PCmF) pronunciou-se saudando os Partidos fazendo uma exposição do desenvolvimento do marxismo desde Marx até o Presidente Mao, e fez também uma análise da situação nacional, o papel do imperialismo francês no mundo atual e as suas tarefas dos maoistas.
Sobre o maoismo, o PCmF destacou que “foi o PCP” – sob a direção do Presidente Gonzalo – “que elevou o marxismo-leninismo-maoismo, principalmente o maoismo à condição de ideologia internacional do proletariado.”.
Quanto à situação nacional, destacou que as massas sempre lutam contra a opressão e que cabem aos maoistas aprendem com elas para guiá-las. “As contradições de nossa sociedade estão se agravando: as massas estão se mobilizando. Não pode haver opressão sem resistência! É por isso que o Partido Comunista Maoista foi fundado: para dar às massas uma ferramenta de combate tão eficaz quanto possível, para servir às massas nestes tempos difíceis.”.
O Partido Comunista da Turquia/Marxista-Leninista (TKP/ML) pronunciou-se destacando a importância e grandeza de Karl Marx. “Ele mostrou como a libertação será alcançada, ele demonstrou que somente a violência revolucionária pode mudar a realidade.”, afirmou.
A obra de Marx, o marxismo – afirma – “não é só uma teoria, é uma diretriz para o proletariado na luta de classes, é uma arma revolucionária nas mãos do proletariado com consciência de classe”. Para o TKP/ML, “se não se parte do maoismo, hoje, não é possível entender Marx e, portanto, é impossível dirigir o proletariado na luta pelo poder político”.
O Comitê Central (CC) do Partido Comunista Maoista da Galícia (PCmG) interveio destacando a vitalidade do marxismo, em contraposição às podres teorias da “burguesia e seus lacaios que afirmam que estamos no ‘fim da história’, que negam a luta de classes como motor da história”.
Os maoistas galegos apontam que “o marxismo transformou a história da humanidade” iniciando a época da revolução proletária mundial e, à burguesia, só resta “seguir tremendo ante o fantasma do comunismo, porque o proletariado e as massas a enterrará, levando a humanidade a um novo modelo de sociedade livre da exploração e opressão”.
Itália
O Partido Comunista Maoista da Itália centrou sua intervenção destacando os grandes ensinamentos do grande Karl Marx e saudando a iniciativa para uma Conferência Internacional Maoista Unificada, qualificada como “necessária”.
As grandes conclusões e contribuições de Marx, afirmam os comunistas italianos, foram esclarecer o antagonismo entre burguesia e proletariado, as cíclicas crises do capitalismo e o incremento da miséria e opressão sobre as massas, e a necessidade da violência revolucionária para destruir a sociedade burguesa e construir uma nova.
Hoje, destacam, “as lutas das massas só podem triunfar onde elas têm um partido comunista genuíno, uma frente única dirigida pelo proletariado e um exército revolucionário popular”. Por isso, prosseguem, “as guerras populares dirigidas por partidos maoistas são indicações estratégicas, decisivas e essenciais”.
Sobre o Movimento Comunista Internacional, ressaltam que “os maoistas devem livrar as suas fileiras de tendências revisionistas e capitulacionistas” e não cair no dogmatismo.
Finlândia e Suécia
Os comunistas maoistas da Finlândia, organizados no Comitê Bandeira Vermelha de seu país, colocaram-se gratos pelo convite e fizeram uma breve exposição da história do movimento comunista no país, ressaltando os prejuízos causados pelo revisionismo no seu desenvolvimento, reafirmando seu compromisso pela reconstituição do Partido em seu país com vistas à guerra popular.
“Nos posicionamos pela reconstituição do glorioso Partido Comunista da Finlândia como um partido maoista, e estamos devotados a trabalhar de todo o coração por esse atrasado objetivo de significado estratégico para a revolução”, comprometem-se os comunistas, especificando que orientam-se pelo “marxismo-leninismo-maoismo, principalmente o maoismo, também incluídos os aportes universais do Presidente Gonzalo” com o objetivo de “desencadear a guerra popular, até o comunismo”.
A Liga Comunista da Suécia saudou a campanha internacional de celebração e suas ações, tal como aos participantes. A intervenção centrou-se em expor o nível do trabalho partidário e na luta de massas, organizando imigrantes na luta por seus direitos. Os camaradas suecos saudaram as guerras populares em curso e afirmaram estar extremamente felizes por “ver, ouvir e sentir a presença dos camaradas de todo o mundo”.