Camponeses gregos realizam greve contra os aumentos no custo da energia. Foto: REUTERS/Alexandros Avramidis
No dia 04 de fevereiro, milhares de camponeses gregos realizaram uma greve com protestos utilizando centenas de tratores na cidade de Larissa (um dos principais centros de agricultura da Grécia) contra o aumento dos custos de energia. Devido à alta nos combustíveis devido à inflação, os custos de produção dos camponeses aumentaram em 50%. Os trabalhadores exigiam que o velho Estado reacionário grego arcasse com subsídios, para que suas produções não fossem arruinadas. Os camponeses tiveram de enfrentar a polícia para que pudessem exercer o seu direito a se manifestar.
Kostas Tzelas, dirigente de um sindicato dos camponeses, afirmou no protesto: “É por isso que estamos nas ruas, o campo ficará deserto, as aldeias ficarão desertas, as pessoas não poderão cultivar e não poderemos mais viver em nossas aldeias.”
O governo reacionário de Katerina Sakellaropoulou já havia destinado subsídios aos camponeses, entretanto, esses não foram suficientes e não resolveram problemas do povo: “Eles [governo] não resolvem os problemas básicos que temos para manter nossas fazendas e aldeias”, disse Tzelas. “Pedimos medidas substanciais que darão uma solução real aos nossos problemas”, exigiu o camponês que participou do protesto.
A inflação no país escalou para 5,1% em dezembro de 2021, a maior do país em 11 anos, sendo que o país já se encontra abalado por uma grande crise do capitalismo burocrático que teve seu culminar no ano de 2010.
Os camponeses já realizaram grandes protestos no passado contra medidas reacionárias do velho Estado que buscava recuperar economicamente o capitalismo burocrático através de maior submissão ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o que gerou ataques aos direitos do povo como a previdência social dos camponeses no ano de 2016.
O campesinato na Grécia
A agricultura na Grécia é baseada em pequenas unidades dispersas, de propriedade familiar. A agricultura grega emprega 528 mil camponeses, ou seja, 12% do total da força de trabalho. Entretanto, como é característico dos países explorados, sua base agrária produz apenas 3,6% do PIB nacional por seu baixo valor de exportação. Muitos dos imigrantes que chegam ao país viram camponeses sob regimes de trabalho semi-feudal.
As estatísticas do Eurostat mostram que o setor industrial já deficitário foi atingido pela crise ao longo de 2009 e 2010, com a produção interna diminuindo em 5,8% e a produção industrial em geral em 13,4%.
Mesmo a produção “industrial” na Grécia deriva do seu setor primário e exporta produtos de pouco valor agregado e que não exigem uma grande industrialização. Seus produtos mais exportados são: cimento, concreto, bebidas não-alcoólicas, cigarros, cervejas, leite produzido industrialmente, alumínio e produtos da ianque coca-cola.
Desde a crise que teve seu auge em 2010, em que a Grécia não conseguiu cumprir com suas “dívidas” com o imperialismo, a sua balança comercial está negativa, quadro que se aprofundou mais ainda. Em 2020, as exportações diminuíram 9,1% e as importações caíram 12,2%. Os dados mostram que em 2008, a Grécia importou o equivalente a mais de 7 milhões de euros da Alemanha, enquanto exportou apenas 2 milhões para esse mesmo país, que é também sua principal potência imperialista dominadora.
A crise do capitalismo burocrático grego
Em 2010, países da chamada “zona do euro”, e o FMI, concederam ao velho Estado grego o total de 110 bilhões de euros. Isso aprofundou a dominação da Grécia aos países imperialistas, principalmente a Alemanha e os Estados Unidos (através do FMI).
Para “honrar” sua dívida com os imperialistas, o velho Estado impôs as mais bárbaras medidas antipovo, como demissões em massa, ataques aos direitos trabalhistas, às aposentadorias, privatizações, etc.
Isso criou um estado explosivo em que grandes rebeliões de massas desatam-se de forma espontânea. O velho Estado grego é, também, grande fomentador da xenofobia contra os imigrantes que lá são colocados em campos de concentração. Os imigrantes são mantidos na Grécia pelo caráter de subjugação do país aos demais da Europa, impedindo que esses povos cheguem aos outros países imperialistas. O velho Estado promove a retórica reacionária de que são os imigrantes os culpados pelo desemprego e as crises, quando na verdade os culpados são o imperialismo e o capitalismo burocrático.