Policiais lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra os alunos. Foto: The Press Project
Polícia reprime protesto estudantil em universidade de Atenas. Foto: The Press Project
A polícia grega disparou gás lacrimogêneo, no dia 11 de novembro, contra estudantes que protestavam contra o fechamento de uma importante universidade de Atenas. A instituição estava sendo fechada após forças policiais terem invadido-na e confiscado materiais que, segundo elas, eram normalmente utilizados em manifestações violentas.
Durante o protesto, cerca de 200 estudantes se reuniram fora da Faculdade de Economia e Negócios, enquanto várias dúzias atravessaram o portão trancado e entraram no pátio da frente visando impedir o fechamento da instituição, disseram testemunhas. A polícia disparou gás e fogos de artifício para dispersá-los, enquanto alguns estudantes atiravam pedras e lutavam com policiais, enquanto outros aplaudiam e gritavam palavras de ordens. À medida que mais foram à universidade em solidariedade, a polícia os empurrou para longe antes de chegar aos portões.
Após o ataque da polícia de choque, os estudantes convocaram um protesto para a noite do mesmo dia (11/11), onde milhares de pessoas se manifestaram contra a imposição gradual do estado de emergência policial na Grécia, exigindo a revogação da lei que aboliu o “santuário universitário”.
Uma pessoa foi detida até agora em resultado dos confrontos, enquanto a polícia tem ordens explícitas para prender qualquer pessoa que volte a tentar “minar a ordem pública na área da Universidade”.
No dia 10, a polícia entrou na universidade para pegar capacetes de motocicletas, máscaras faciais, extintores de incêndio e outros materiais que, segundo eles, foram usados em ataques e protestos. As autoridades da universidade decidiram fechá-la por uma semana (por ordens policiais), apesar de as forças da repressão não terem achado nada incriminatório.
Esse confronto foi a primeira vez que a polícia e os manifestantes entraram em conflito dentro das instalações da universidade desde que o novo governo de turno, encabeçado pelo primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, aboliu o “santuário universitário” no início deste ano (lei que impedia policiais de adentrarem as universidades gregas).
A lei do santuário foi um legado da repressão pela então junta militar contra estudantes em 17 de novembro de 1973, quando um tanque arrebentou os portões do Politécnico de Atenas, matando dezenas de pessoas, durante um protesto estudantil.
Os enfrentamentos do dia 11 vieram uma semana antes de uma marcha anual para marcar a revolta estudantil de 1973. Marcha que carrega como tradição grandes protestos combativos.
O velho Estado grego tem realizado diversas ações preventivas contra grandes manifestações violentas na Grécia, no momento em que se comemora o 17 de Novembro e o 6 de Dezembro (quando em 2008 um rapaz de 15 anos foi assassinado por um policial no bairro Exarcheia, em Atenas), bem como a revolta contra os recorrentes ataques policiais e a expulsão de ocupações de moradia por toda a Grécia.