Foto: Euzivaldo Queiroz
No dia 14 de junho, trabalhadores realizaram atos em vários bairros de Manaus contra a “reforma” da Previdência do governo (tutelado pelo Alto Comando das Forças Armadas reacionárias) de Bolsonaro. Ocorreram atos também em várias cidades do interior.
Em Manaus, os atos iniciaram na Refinaria de Manaus (Reman), com faixas e carro de som, contando com cerca de 200 petroleiros, no Distrito Industrial. A maior refinaria da Amazônia está na lista de privatizações anunciada pelo governo.
A liderança sindical Marcos Ribeiro denunciou que essa privatização é prejudicial para a população, pois se trata de um discurso enganador. “Estamos protestando contra a venda de 8 das 15 refinarias do país, ou seja, mais de 50% está sendo vendida. O governo levanta esse discurso falso de que a privatização vai ser sinônimo de redução de combustível. Mas, na verdade, vai gerar uma taxa maior do preço do combustível. O governo diz que isso gerará competitividade nos valores dos combustíveis, mas se a Reman for vendida, o monopólio será de uma empresa privada”, denunciou.
Ainda pela manhã, trabalhadores e estudantes realizaram um ato na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), bloqueando a entrada do campus Manaus. A participação dos estudantes foi reduzida, fato que se deve em grande parte pela falta de comprometimento das lideranças da UNE/UJS/UJC, que estão preocupadas, como sempre, apenas com seus interesses eleitoreiros, enquanto os temas que afetam diretamente a população são ignorados.
Trabalhadores denunciam a “reforma”
Uma das lideranças sindicais, Ana Grijó, disse que essa “reforma” retira direitos dos trabalhadores e todos devem lutar contra a proposta. “Esse movimento de professores e alunos é uma reação contra projetos do atual governo. Se essa proposta for aprovada, ninguém mais vai se aposentar. Todos devem se defender”.
A diretora da Associação dos Docentes da Ufam (Adua), Ana Lúcia Gomes, comentou que este também é mais um ato contra o corte de verbas da universidade. Ela denunciou que vários cursos de pós-graduação serão fechados brevemente, pois, além do corte de bolsas para os estudantes, a manutenção dos laboratórios também está prejudicada. “Tem curso de pós-graduação que correm o risco de fechar. Nos menores a tendência é fechar. Alunos que já tinham feito seleção foram impedidos de continuar, pois grande parte não tem condições de continuar sem a bolsa de estudo por ser do interior e ter que arcar do próprio bolso com todos os custos”.
O estudante de graduação de Ciências Sociais, Cláudio Santana, participante do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), disse que muitos estudantes utilizam a bolsa de pesquisa também para seu sustento, por conta da precária assistência estudantil da Ufam. Além disso, a falta desse recurso irá também prejudicar diretamente a realização da pesquisa. “O reitor já anunciou que não é para gente contar com a bolsa no segundo semestre. Não sabemos se vai continuar ou não. A pesquisa é essencial e o dinheiro é importante. Os cortes na educação vão tirar muitos alunos que dependem do recurso para se manter na universidade e permanecer pesquisando e comprando livro”.
Os professores da rede municipal realizaram um ato em frente a sede da prefeitura de Manaus, local escolhido pelo fato do gerente municipal declarar apoio a “reforma” da Previdência. Além disso, o reajuste salarial já foi definido pela prefeitura por meio de projeto de lei. Os professores denunciam que as negociações foram encerradas de maneira brusca e sem aprovação.
O professor Gervaldo da Silva denuncia também que o reajuste será parcelado, 5% neste mês e 3% em novembro. “Pauta econômica, pedagógica, infraestrutura das escolas e, bruscamente a prefeitura, encerrou a mesa de negociação e encaminhou para a câmara um reajuste que ele estava propondo e que a categoria havia rejeitado em assembleia”.
Ver também: Greve Geral: Trabalhadores vão às ruas no Amazonas contra a ‘reforma’ da Previdência