No dia 27 de março, trabalhadores de todos os setores de transporte na Alemanha paralisaram suas atividades durante uma greve geral de 24h por aumentos salariais em meio à grave crise que afeta os trabalhadores da Alemanha e de todo o continente europeu. A mobilização, que foi a maior em trinta anos, envolveu rodoviários, metroviários, estivadores, aeroviários, aeronautas e ferroviários. Os trabalhadores dos correios e metalúrgicos também realizaram greves na Alemanha. Esta última arrancou um aumento salarial de 8,5% das empresas imperialistas.
A poderosa mobilização levou milhares de trabalhadores às ruas e esvaziou as linhas de trens, metrôs e ônibus, portos e aeroportos do país. A empresa monopolista Deutsche Bahn, que tem negado aumento aos ferroviários há meses, foi forçada a cancelar seus serviços. Todos os grandes aeroportos do país, com exceção de um, foram agitados pela mobilização. Os serviços de ônibus, bondes e metrôs foram paralisados em ao menos sete estados.
Na greve, os operários exigiram que a empresa atendesse suas reivindicações. Os trabalhadores do sindicato do setor público (Ver.di) lutam, há meses, por um aumento de 10,5% no salário, enquanto o Sindicato dos Ferroviários (EVG) exige um aumento de 12%. Tudo isto frente à inflação, que atingiu 9,3% em fevereiro, e à constante piora na qualidade de vida do povo alemão.
Além da alta inflação, outros dados dão conta da gravidade da situação econômica da Alemanha, que atinge em particular as massas trabalhadoras. Em 2022, a economia do país encerrou o ano com uma contração de 0,4% no PIB, se comparado com o trimestre anterior. Em fevereiro deste ano, o Banco Federal Alemão (Deutsche Bank) anunciou que nos primeiros dois trimestres de 2023 a economia encolheria ainda mais. Além da recessão, a própria instituição financeira imperialista afirmou que “a inflação continua alta e diminui o poder de compra das famílias”. Nem o Banco Federal Alemão, nem outras instituições financeiras imperialistas, como o Instituto de Crédito para a Reconstrução prevêem melhorias significativas ao longo do ano.
Como consequência, tem crescido, junto da crise, a rebelião das massas populares alemãs contra a situação de miśeria que lhes é imposta. Em junho de 2022, metalúrgicos e estivadores empreenderam uma greve massiva por aumentos salariais de 8,2%. A mobilização foi mantida nos meses seguintes e, em novembro de 2022, um acordo foi feito. A greve garantiu um aumento de 5,2% a partir de novembro, retroativo desde junho, e um novo aumento em março de 2023, de 3,3%.
Não somente na Alemanha, mas por toda a Europa, trabalhadores se mobilizam em defesa de seus direitos. No afã de resolver a própria crise, os imperialistas só podem aplicar a única fórmula possível dentro de seu regime de exploração e opressão: aumento da exploração. Nesse movimento, as ações dos reacionários governos imperialistas frequentemente são frequentemente frustradas pelos poderosos movimentos de massas que estremecem o continente europeu. Na França, a tentativa da burguesia imperialista de aumentar a exploração do povo por meio de uma dita “reforma” da previdência tem sido enfrentada com três meses ininterruptos de rebelião popular. Na Inglaterra, a crise geral que afeta o país tem sido confrontada com sucessivas e crescentes manifestações e greves de centenas de milhares de trabalhadores do setor público.