Guatemala: Intervenção militar busca reprimir luta camponesa contra mineradora suíça

Guatemala: Intervenção militar busca reprimir luta camponesa contra mineradora suíça

Camponeses protestam contra mineradora imperialista. Foto: Nodal

Camponeses da Guatemala se mobilizaram por 17 dias ininterruptos dos dias 6 a 23 de outubro. Os protestos contaram com bloqueios de vias e impediram que a mineradora suíça seguisse com o transporte das riquezas naturais. Durante os bloqueios, nenhum carro entrava ou saía do povoado de El Estor. Em resposta, o governo reacionário de Alejandro Giammattei decretou estado de exceção no dia 24/10.

Desde os anos 60 a comunidade trava uma dura luta contra a mina de níquel Fênix. A mina expropriou as terras dos camponeses que seguiram sendo despejados nas décadas seguintes, além de envenenar o solo e águas locais, impedindo a plantação e pesca. Tudo isso causou a piora na qualidade de vida dos camponeses ali e o êxodo de muitas outras famílias às cidades.

Desde então, as forças de repressão do velho Estado e os “seguranças” privados têm perseguido os camponeses da comunidade, que rechaçam e protestam continuamente contra a mina. Apenas no período após 2004, três camponeses foram assassinados, dezenas de camponesas sofreram violência sexual durante despejo de terras e muitos outros foram presos por se organizarem e agitarem contra a mina.

A mina Fênix já passou pela posse de diversas empresas imperialistas diferentes. Desde 2017, a Companhia Guatemalteca de Níquel, subsidiária da empresa suíça Solway Investment Group, é a proprietária da mina. Ela mantém operações apesar de o judiciário ter determinado sua suspensão enquanto o governo faz uma “consulta popular” sobre a mina.

No 17° dia de bloqueio das principais vias contra mina, policiais tentaram dispersar os camponeses com bombas de gás lacrimogêneo. Os camponeses enfrentaram os agentes de repressão e três policiais e um oficial foram baleados. 

No dia seguinte, cerca de 500 militares e 350 policiais em caminhões, viaturas de patrulha e blindados se encontravam no povoado e outros ainda chegariam. Era o início do estado de sítio.

Diversos locais foram alvos de buscas, incluindo a sede de uma rádio comunitária e a Defensoria Indígena da área. Duas pessoas, ainda no início do estado de sítio, foram presas, uma delas por “porte de arma artesanal”, algo muito comum em áreas camponesas e indígenas. 

A ordem do presidente Alejandro Giammattei, vigente por 30 dias, limita o direito à manifestação, além de permitir que as forças de repressão realizem detenções sem ordens judiciais. Também estabelece toque de recolher das 18h até 06h, assim como outras restrições.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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