Guatemala: Revolta popular toma e incendeia o Congresso

Guatemala: Revolta popular toma e incendeia o Congresso

Povo incendeia o congresso da Guatemala. Foto: Getty Images.

Durante um protesto que contou com milhares de pessoas na Cidade da Guatemala, o Congresso Nacional foi tomado pela massa rebelada e quase destruído no dia 20 de novembro. Enfurecidos com a aprovação, pelo Congresso, do novo orçamento para o governo no qual há aumento exorbitante com gastos em privilégios enquanto as massas experienciam mais miséria, centenas invadiram o prédio, queimando a área da Diretoria Legislativa, onde toda a documentação das leis aprovadas é armazenada.

Os manifestantes quebraram as janelas do Congresso, atiraram bombas incendiárias no interior do prédio e despejaram gasolina nas instalações exteriores. Indignadas, as massas empurraram a porta de entrada do antro até abri-la, e depois destruíram e queimaram os móveis e os tradicionais quadros de presidentes da Casa. Eles também confiscaram alguns móveis e refrigeradores do local, onde encontraram bebidas caras.

Um jovem gritou, acima de um monumento local, uma fala que sistematizava o sentimento das massas naquele momento: “Estamos indignados com a corrupção e que eles tiram dinheiro de crianças desnutridas e dinheiro da saúde, educação e produtividade. Por isso, não dizemos mais ‘pacifismo’, mas que aqui devemos queimar o Congresso, o Palácio Nacional e até mesmo o CACIF [Comitê Coordenador das Associações Agrícolas, Comerciais, Industriais e Financeiras] porque são eles o problema na Guatemala”.

O dia terminou com diversas paradas de ônibus queimadas, monumentos e estátuas reacionárias destruídas e pichações como Assassinos e corruptos! nas paredes do congresso.

A repressão para frear a revolta do povo foi atroz: dois manifestantes ficaram cegos do olho esquerdo e um fotógrafo da imprensa teve a cabeça atingida e aberta por um projétil de gás lacrimogêneo lançado pelas forças de repressão do velho Estado. Os policiais, em dado momento, chegaram a retirar armas dos esgotos, que haviam escondido, além de atirar jatos d’água com os caminhões contra transeuntes. 

Atendimento médico também teve de ser prestado a 14 pessoas devido à repressão policial.

Cerca de 43 pessoas foram presas nesse dia, que o Ministério Público (MP) acusou de crimes como agressão, danos materiais e reuniões e manifestações ilegais. Considerando que o MP não conseguiu provar sua participação nos protestos, 11 manifestantes já foram liberados. Quando deixaram o tribunal, os presos políticos cantaram O povo unido jamais será vencido!

Bonança para os políticos; fome e repressão para as massas

Entre os itens que haviam sido aprovados no dia 17/11 no orçamento para 2020, destacam-se o aumento das despesas com alimentação dos deputados e a compra de veículos, enquanto 23 milhões de euros foram reduzidos do orçamento para “combater a desnutrição”, do programa chamado a “Grande Cruzada Nacional pela Nutrição”. Somente neste ano, no país, morreram 16 crianças de fome, segundo dados do próprio Presidente da Guatemala. Também foram reduzidos o orçamento destinados à educação, saúde, “proteção social” e “justiça”.

Por esta razão, foram conclamadas pelo povo as manifestações em diversas praças do país em rechaço às contas “públicas”, bem como a gestão do governo de turno da pandemia do coronavírus e a falta de auxílio às milhares de pessoas afetadas pelos ciclones Eta e Iota, que causaram centenas de mortes.

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