Antes do cessar-fogo, ‘escalada de guerra’ da Índia contra o Paquistão levou terror de Estado aos caxemires

Conflito reacionário segue promovendo terror contra o povo da Caxemira e aprofundando a crise regional.
Moradores evacuando após bombardeios noturnos à aldeia de Gingal, distrito de Uri, na Caxemira ocupada pela Índia. Fonte: Tauseef Mustafa/AFP

Antes do cessar-fogo, ‘escalada de guerra’ da Índia contra o Paquistão levou terror de Estado aos caxemires

Conflito reacionário segue promovendo terror contra o povo da Caxemira e aprofundando a crise regional.

Essa matéria foi atualizada às 13h47 do dia 10/05 para adicionar as informações do cessar-fogo. O AND publicará uma matéria sobre a trégua ainda hoje.

Um dia antes do cessar-fogo da guerra imposta pelo governo fascista do primeiro-ministro indiano Narendra Modi ao Paquistão, um novo bombardeio indiano nesta sexta-feira (09/05) matou cinco civis e feriu 29 na região da Caxemira paquistanesa, segundo autoridades locais. O número de mortos depois do ataque subiu para 49 sendo 36 no Paquistão e 13 na Índia. Nos últimos três dias, depois do ilegal ataque indiano ao Paquistão, ambos países trocaram acusações de ataques aéreos, uso de drones e artilharia, com contínuos tiroteios e bombardeios ao longo da linha de controle (fronteira militar) na Caxemira. Este é o mais intenso e violento conflito indo-paquistanês em quase 30 anos desde a guerra de Kargil em 1999.

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Em resposta aos ataques entre a madrugada e a manhã de ontem, o Exército paquistanês atingiu três postos indianos. Além disso, explosões após ataques do Paquistão a bases aéreas da Índia causaram um apagão total em Jammu, na Caxemira indiana, e na cidade de Pathankot, no estado indiano de Punja. A Índia, por sua vez, afirma ter neutralizado o sistema de defesa aérea da cidade paquistanesa de Lahore.

Ainda ontem à noite, o Paquistão informou que mísseis lançados pela Índia atingiram três de suas bases aéreas (Nur Khan, Murid e Shorkot), uma delas próxima à capital Islamabad e ao quartel-general do Exército paquistanês. “Agora só precisam aguardar nossa resposta”, alertou o porta-voz militar Ahmed Sharif Chaudhry em uma transmissão ao vivo da televisão estatal.

Voluntários carregando corpo após recuperá-lo dos escombros de uma mesquita perto de Muzaffarabad, na Caxemira paquistanesa. Fonte: MD Mughal/AP

Uso de drones

O uso de drones armados é um novo elemento central no conflito. A Índia acusou o Paquistão de lançar ataques com drones em 15 cidades, incluindo as bases militares de Udhampur, Jammu e Pathankot, e alegou que os paquistaneses usaram voos comerciais como “escudo” aéreo. O Paquistão negou qualquer ofensiva com drones e acusou a Índia de construir uma “narrativa enganosa”.

Fontes militares paquistanesas, por sua vez, afirmam ter abatido 77 drones indianos nos últimos dois dias, incluindo vários do modelo Harop, fabricado pelo Estado nazi-sionista de Israel e amplamente empregado no genocídio ao povo palestino. O Paquistão ainda afirma ter derrubado cinco aeronaves da Índia, entre elas três caças Rafale, de fabricação francesa; as forças de segurança indianas reconheceram a queda de apenas três aviões.

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Alerta civil

Na Caxemira e em outras áreas, o soar de sirenes causa pânico entre moradores e turistas, que se veem obrigados a buscar abrigo em meio aos bombardeios aéreos. As escolas permanecem fechadas nos dois lados da linha de controle e a Índia determinou o fechamento de 24 aeroportos no mínimo até este sábado. Explosões e bombardeios intensos foram registrados em Srinagar, Jammu, Amritsar e Baramulla. Desse modo, o conflito reacionário segue promovendo terror contra o povo da Caxemira e aprofundando a crise regional.

Mulheres caxemires aguardando transporte para serem evacuadas. Fonte: Dar Yasin/AP

A escalada do conflito teve início após ataques aéreos da Índia contra território paquistanês na última terça-feira (06/05), sob o pretexto de destruir nove “acampamentos terroristas” do grupo anti-ocupação caxemire denominado Frente de Resistência que, segundo alegou sem provas o primeiro-ministro indiano, o fascista Narendra Modi, seria financiado pelo Paquistão. Em contrapartida, o governo paquistanês nega as acusações, classificando-as como “infundadas e enganosas”, e denuncia ataques a civis, centros urbanos e locais religiosos.

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Democratas indianos condenam guerra 

Na Índia, ativistas da Frente Revolucionária Estudantil (RSF, na sigla em inglês) condenaram o conflito reacionário entre Índia e Paquistão pela Caxemira e defenderam o direito do povo caxemire à sua autodeterminação. 

A organização acusou o regime fascista Hindutva de Modi e seu partido, o BJP, sustentado pela organização paramilitar RSS (sigla em hindi para Organização Militar Patriota), de intensificar os ataques físicos contra muçulmanos e caxemire. “Em apenas um dia, 26 cidadãos dos dois países perderam a vida ou ficaram feridos nos confrontos entre a Índia fascista hindutva e o Estado militar islâmico do Paquistão — a maioria dessas vítimas era caxemire. Quem ganha e quem perde com essa guerra?”, questionam os estudantes. 

Citando os bombardeios aéreos da Índia a diferentes localidades na Caxemira ocupada pelo Paquistão (Caxemira paquistanesa), a Frente destaca que, apesar de as Forças Armadas indianas afirmarem que destruíram apenas “campos terroristas”, reportagens de vários meios de comunicação apontam que os bombardeios mataram e feriram civis e que, por outro lado, com os subsequentes ataques de artilharia, o Exército paquistanês fez o mesmo na Caxemira indiana.

Paquistaneses protestando contra o governo indiano de Narendra Modi, na cidade de Hyderabad, província de Sindh, no Paquistão. Fonte: Husnain Ali/AFP

Conflito segue preocupando imperialistas

Em resposta aos bombardeios, os governos de ambos países dotados de ogivas nucleares adotaram posturas beligerantes. O ministro da Defesa da Índia, Rajnath Singh, em conformidade com os planos expansionistas de Modi, afirmou que, se o país vizinho “tentar tirar proveito da paciência” indiana, deve “estar preparado para enfrentar ataques” como os que vêm ocorrendo. O ministro paquistanês Khawaja Asif, por sua vez, negou qualquer agressão prévia, mas alertou que “todo o mundo ficará sabendo quando o Paquistão decidir atacar”.

A preocupação internacional com a escalada motivou tentativas de mediação. A possibilidade de guerra no subcontinente indiano, região de confluência de interesses e pugna interimperialista, segue preocupando os imperialistas norte-americanos. De acordo com a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, está em contato constante com líderes da Índia e do Paquistão, e o presidente ultrarreacionário Donald Trump “quer ver o conflito se acalmar”. “Só espero que termine muito rápido”, declarou recentemente o cabecilha do imperialismo ianque. Já o vice-presidente norte-americano, JD Vance, disse que o conflito “não é problema” dos EUA. “Não vamos nos envolver no meio de uma guerra que, fundamentalmente, não é problema nosso e não tem nada a ver com a capacidade dos EUA de controlá-la”, disse ele à Fox News.

A verdade é que, embora a superpotência hegemônica única Estados Unidos queira concentrar seus esforços militares na Índia, atualmente se encontra escorraçado em outras frentes de guerra, sobretudo no Oriente Médio, e por isso não lhe interessa abrir mais uma no atual momento. Ainda mais temendo agudizar as contradições com o social-imperialismo chinês e o imperialismo russo e, principalmente, o crescimento do movimento anti-ocupação do povo caxemire e novos levantes antibelicistas e anti-imperialistas das massas populares de toda a região.

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