O número de guerras atingiu um novo recorde em 2023, com 59 conflitos em desenvolvimento – quatro a mais que no ano anterior, também marcado por um ápice histórico. Ao mesmo tempo, países (em sua maioria potências e superpotências imperialistas) da Europa, América do Norte e Ásia robustecem os próprios programas nucleares como preparação à tendência de aumento dos distúrbios mundiais.
Os dados sobre as guerras são do Instituto de Pesquisa da Paz de Oslo. A imensa maioria dos conflitos registrados foram guerras de agressão, com destaque para a guerra da Ucrânia e a invasão sionista na Faixa de Gaza.
De todos os conflitos, 28 ocorreram na África, 17 na Ásia e 10 no Oriente Médio. O continente europeu foi palco de três guerras, enquanto as Américas registraram uma.
Apesar do aumento do número de conflitos, o número de mortes caiu de 310 mil em 2022 para 154 mil em 2023. Continua a ser, contudo, o número mais alto de 1989, impulsionado por mortes na guerra civil de Tigray, na Etiópia, na Ucrânia e em Gaza.
Em conjunto, esses são os números de conflitos mais altos desde a guerra fria.
A responsabilidade das guerras pode ser atribuída ao imperialismo. Via de regra, são as invasões diretas (por países imperialistas) ou indiretas (por organizações-fantoche) o motivo central das embates, além dos distúrbios e contradições causadas pelas políticas imperialistas de dominação em países coloniais e semicoloniais.
África e Oriente Médio em chamas
A África, por exemplo, é palco de conflitos como o das diferentes forças islâmicas que lutam contra missões da ONU (a serviço do EUA) ou contra a invasão de seus países por forças mercenárias imperialistas, a exemplo do Grupo Wagner.
Na Somália, grupos como o Al-Shabaab lutam contra uma missão militar aprovada pela ONU (e executada por tropas da União Africana), contra o domínio e ataques aéreos norte-americanos no país e contra o próprio Estado somali.
As contradições que movem a guerra são impulsionadas acima de tudo pelas políticas imperialistas ianques em toda a região do Chifre da África, onde fica a Somália. Em fevereiro deste ano, o EUA e o Estado somali assinaram um acordo para a construção de cinco bases militares no país. O jornal Arauto Vermelho reportou que o EUA diz que as bases serão para o Exército somali, mas é muito provável que as use para as próprias operações no país.
Já na região do Sahel, grupos de caráter similar lutam contra tropas mercenárias russas em países como Mali e Burkina Faso. Ambos passaram por golpes de Estado recentemente, em decorrência das disputas entre potências imperialistas e as classes dominantes locais – tanto em um quanto em outro, o domínio francês foi substituído pelo imperialismo russo.
A situação é similar no Oriente Médio, onde o imperialismo norte-americano e o Estado sionista de Israel travam guerras ou ocupações militares em países como o Iêmen (por meio da coalização “liderada” pela Arábia Saudita), a Palestina, a Síria, o Líbano e o Iraque.
Desde outubro do ano passado, a região sofreu um revés com a Operação Dilúvio de Al-Aqsa, que deu novo vigor à mobilização de forças militares de diferentes países agredidos contra as invasões e operações imperialistas.
Época de tormentas
Nesse cenário, diferentes países, em sua maioria imperialistas, preparam o terreno para a guerra: de acordo com um monitoramento da Federação de Cientistas Americanos (FAS), o número de ogivas nucleares implantadas (já instaladas em mísseis ou prontas para uso em instalações militares) aumentou nos últimos anos.
Ao todo, o EUA, a Rússia, China, Paquistão, Índia, Reino Unido, Israel, França e Coreia do Norte possuem 12,1 mil ogivas. Destes países, o Paquistão e a Coreia do Norte são os únicos que não promovem invasões ou ocupações em outros territórios.
O EUA, Reino Unido e a França tem 2,1 mil ogivas em alerta máximo. É a maior quantidade de ogivas desde 1950, apesar dos acordos imperialistas para reduzir o número de armas nucleares no mundo.
É provável que o número seja subestimado, uma vez que os países imperialistas frequentemente escondem o número real de armas nucleares que possuem.
Tudo aponta para a realidade de que a tendência mundial é de aumento dos conflitos, sobretudo das guerras promovidas por potências e superpotências imperialistas contra países oprimidos – uma vez que a situação de relativo equilíbrio entre os imperialistas os desencoraja a lançarem guerras diretas entre si.
Uma conclusão derivada dessa tendência é de que o mundo está e mergulhará cada vez mais em uma época de revoluções, em que os povos do mundo responderão, inspirados pelos conflitos anti-imperialistas em curso, às guerras de agressão.
Sem dúvidas, um fenômeno catalisador deste processo é a movimentação de forças revolucionárias que movem conscientemente as contradições neste sentido.
Na Palestina, caso emblemático foi a reunião dos diferentes grupo da Resistência Nacional que terminou em unidade na questão da luta armada e da construção de um Estado palestino com Jerusalém como capital.
No resto do mundo, a mobilização de revolucionários para a construção de organizações como a Liga Anti-Imperialista (LAI) também ruma nesse sentido.