Manifestantes haitianos ateiam fogo à bandeira do imperialismo ianque e cacho de bananas, que representa o governo fantoche. Foto: Reprodução / Redes Sociais
No dia 4 de julho, data de comemoração da independência do Estados Unidos (USA), manifestantes no Haiti se reuniram para atear fogo à bandeira do imperialismo ianque em protesto contra as intervenções militares e a dominação econômica e política promovidas pelos ianques na nação caribenha. No fundo do vídeo de divulgação da ação é possível ouvir um homem dizendo: Nós estamos queimando a interferência do USA! Nós queimamos a bandeira do mal!.
Junto da bandeira, um cacho de bananas foi pendurado e queimado, simbolizando o atual presidente haitiano, Jovenel Moïse, capacho do imperialismo ianque, a quem os governos Clinton/Obama apelidaram de “Homem Banana”. “Queimar a banana = Queimar o regime fantoche de Jovenel Moïse”, afirmou uma militante haitiana em resposta ao vídeo.
Nas últimas três décadas, o Haiti sofreu duas intervenções estrangeiras do imperialismo ianque, e até hoje vive sob tutela da “Organização das Nações Unidas” (ONU), apesar de, em tese, sua ocupação no país ter se encerrado em 2017. A primeira delas ocorreu em 1994, após a deposição do então eleito presidente Jean-Bertrand Aristide por um golpe militar. O imperialismo ianque enviou 25 mil tropas no total para invadir a nação insular, sob a operação de nome Uphold Democracy (“Defender a Democracia”).
Apesar da pretensa defesa incondicional da “democracia”, os termos do apoio ianque ao retorno de Aristide obrigavam o seu governo a se submeter às exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, forçavam-no a abrir o mercado nacional ao comércio exterior e a importar a maior parte dos alimentos. Qualquer projeto reformista ou de defesa da economia nacional a que Aristide defendia desmoronaram.
Anos depois, após Aristide sofrer outro golpe, o imperialismo ianque interviu novamente, dessa vez utilizando tropas terceirizadas: a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), uma força de ocupação (sub)comandada militarmente pelo Brasil, agente do imperialismo na América Latina. Participaram dela também Argentina, Benin, Bolívia, Canadá, Chade, Chile, Croácia, França, Jordânia, Nepal, Paraguai, Peru, Portugal, Turquia e Uruguai, numa tentativa de mascarar que servia, de fato, aos interesses do imperialismo ianque.
Em 2005, a servir de exemplo, foi aprovada a lei Hope, que impede o pagamento de qualquer imposto pelas indústrias ianques em solo haitiano, inclusive sobre a água e a luz e criava 42 zonas francas, onde as leis trabalhistas não têm validade. Nelas, as terras dos camponeses haitianos foram expropriadas, forçando-os a vender sua mão de obra a custos de miséria e fome.
Após essas subsequentes intervenções, o país caribenho tornou-se completamente dependente de financiamentos do imperialismo ianque e de organizações financeiras internacionais, bem como de ações do onguismo. Essa situação se aprofundou ainda mais após o terremoto de 2010, que deixou o povo haitiano ainda mais vulnerável e lançou milhões mais à miséria.
Mais de 20 mil tropas ianques foram enviadas para “ajudar a reconstruir o país”, mas, assim como com a Minustah, seu legado foi o dos estupros em massa cometidos por soldados da ONU contra crianças e mulheres pobres do Haiti e das epidemias de doenças importadas, como a cólera.
Habitações miseráveis construídas pela ONU após o terremoto no Haiti de 2010, chamadas localmente de “cabanas de escravos”.
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