Manifestantes queimam pneus exigindo a renúncia de Moise. Foto: EFE/Jean Marc Herve Abelard
No dia 15 de janeiro, milhares de pessoas foram às ruas de Puerto Príncipe, capital do Haiti, exigir a renúncia do presidente Jovenel Moïse, lacaio do imperialismo ianque. A revolta popular se deu pela recusa do gerente de turno reacionário de encerrar seu mandato no começo do próximo mês, como estaria estipulado pela Constituição. Moïse vem governando o país a partir de decretos há um ano, após o parlamento ser fechado.
O primeiro grande protesto do ano foi marcado com uma multidão, composta de milhares de pessoas, marchando pela capital do país e entoando palavras de ordem como Jovenel deve ir embora. Se não for, terão desobediência civil!. Os protestos se radicalizaram quando a polícia decidiu reprimir os manifestantes com gás lacrimogêneo. Estes responderam atirando pedras e incendiando barricadas de pneus.
Moise assumiu o poder no dia 07/02/17, por um período de cinco anos. As eleições ocorreram em 2015, então seu mandato começaria em 2016, mas, por denúncias de fraudes eleitorais, a posse foi adiada em um ano. Os manifestantes, baseando-se em um artigo da Constituição, declaram que os cinco anos de mandato começaram a contar em 2016.
Apoiado pelo imperialismo ianque, Moïse tem acumulado poder através de uma série de decretos, apesar da revolta popular contínua desde 2018. No final de 2020, ele criou a Agência Nacional de Inteligência (ANI). Os agentes da ANI têm a tarefa de vigiar os “grupos sucessíveis a recorrer a violência”. Eles também possuem uma espécie de imunidade jurídica: não podem ser julgados por atos cometidos no exercício da função, ao menos que o presidente autorize. Em outro decreto, o “vandalismo” em locais públicos foi classificado “terrorismo”, com pena de 30 a 50 anos de prisão.