Milhares de trabalhadores e jovens protestaram violentamente na capital do país, Porto Príncipe, exigindo punição a corruptos e contra a situação do país, no dia 24 de novembro. Eles exigiram, além disso, a renúncia do atual presidente semicolonial, Jovenel Moise. Este foi o sexto dia consecutivo de protestos.
A polícia lançou gás lacrimogêneo tentando encerrar com repressão o protesto, mas nada pôde deter os jovens e trabalhadores. Os manifestantes lançaram pedras contra as tropas e contra viaturas policiais, além de saques contra supermercados. Um grupo chegou a lançar bombas incendiárias contra um posto de gasolina.
O saldo é de 11 pessoas mortas nos protestos, entre elas, um homem que foi encontrado dentro de uma barricada em chamas. Ao menos seis manifestantes foram mortos atropelados por policiais. Antes deste protesto, no dia 22 de novembro, uma greve geral havia já paralisado o país.
Os protestos, com poucos dias de interrupções, seguem desde a segunda quinzena de outubro. O presidente Jovenel Moise, que até então tinha permanecido em silencio, fez um discurso dizendo que quer dialogar com a “oposição”, mas que não vai renunciar.
Povo exige punição e rechaça velha ordem
As massas exigem do governo uma investigação para punir os responsáveis pelo desvio de verba. A verba provém de um programa de cooperação estabelecido pela Venezuela com países do Caribe, em 2005, que prevê a comercialização de petróleo com taxas muito abaixo do valor de mercado. A quantia resultante dessa negociação deveria ser utilizada para investir em educação, em programas sociais e de infraestrutura.
A utilização da verba, segundo os manifestantes, não é transparente e, segundo uma investigação realizada pelo Senado nacional, ao menos 14 ex-funcionários do governo desviaram 3,8 bilhões de dólares durante o governo de Michel Martelly.
A crise no país é galopante e, além da razão citada, a própria miséria geral que acomete os trabalhadores os lança em chamas para os protestos. A taxa de desemprego está na ordem dos 60% e mais da metade da população sobrevive com menos de 2 dólares (R$ 7,00) por dia.
Segundo analistas, a situação do Haiti só se agravou após a autodenominada “Missão de Paz” da ONU, que contou com a participação destacada do Exército reacionário brasileiro
.