Palestino sendo levado preso pelas forças da ocupação israelense em Jerusalém em janeiro de 2020. Foto: Waqf Islâmico de Jerusalém/Agência Anadolu
O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), expoente da Resistência Nacional palestina, anunciou no dia 24 de abril que é provável que chegue logo a um acordo com Israel sobre a negociação de troca de prisioneiros israelenses por detidos palestinos e remédios e insumos médicos para combater a Covid-19.
No início do mês, o líder do Hamas na Faixa de Gaza, Yahya Al-Sinwar, concedeu uma entrevista em que declarou: “Estamos prontos para fazer concessões parciais se Israel libertar mulheres e menores [de idade], bem como prisioneiros mais velhos e doentes, em um gesto humanitário no contexto da crise do coronavírus”.
Al-Sinwar também afirmou que a negociação demorou a começar devido à crise política em Israel, instaurada após três farsas eleitorais para o Parlamento obterem resultados inconclusivos. No entanto, no dia 20 se estabeleceu um pacto de unidade política no país que, em tese, poderia fazer as negociações caminharem.
O sistema de atendimento de saúde na Faixa de Gaza, sitiada por Israel desde 2007, encontra-se colapsado e sem capacidade de lidar com uma pandemia. O Ministério de Saúde de Gaza alerta que o território possui apenas 80 respiradores, ao que a maioria já está em uso por pacientes com outras doenças respiratórias.
Mesmo com o bloqueio que restringe imensamente a entrada de pessoas e insumos médicos em Gaza, o Exército israelense permitiu a passagem dos escassos suprimentos médicos doados por outros países, como um laboratório de análise enviado pela China, através do posto fronteiriço de Erez.
Além disso, algumas dezenas de médicos e enfermeiros de Gaza conseguiram receber treinamento para tratar a Covid-19 em instalações militares da passagem de Erez e no hospital de Ashkelon, que fica a 12 quilômetros ao norte da fronteira entre Gaza e Israel, segundo informações veiculadas pelo canal de televisão estatal KAN.
ISRAEL TEM DÍVIDAS PENDENTES
Uma questão que o Hamas levanta sobre a troca dos presos é de que Israel possui um histórico de descumprimento de acordos sobre trocas desse tipo, como foi o caso do acordo de Shalit, em 2011.
À época, Israel concordou em libertar mais de mil prisioneiros palestinos em troca do soldado israelense Gilad Shalit, que havia sido sequestrado cinco anos antes. No entanto, após sua libertação, Israel os prendeu de novo, descumprido o que havia sido acordado.
Salah Al-Bardawil, membro do Hamas, afirmou à rede Arab21: “Dissemos a todos os mediadores que não é possível iniciar negociações sobre um novo acordo antes de [Israel] libertar todos os detidos palestinos que já haviam sido libertados sob o acordo Shalit”.