Caso Israel decida se lançar em uma guerra total contra o Hezbollah, o regime sionista vai enfrentar “desvantagens estratégicas”, admitiu o jornal monopolista estadunidense Wall Street Journal em uma reportagem de capa de hoje (24).
O WSJ afirma que o Hezbollah tem uma grande quantidade de armamento e tropas, que cresceu desde a última invasão israelense contra o Líbano, em 2006.
“Em 2006, oficiais israelenses estimavam que o Hezbollah tinha cerca de 12 mil foguetes e mísseis”. “O estoque do grupo tinha crescido para 150 mil antes do 7 outubro”, diz a reportagem, citando o analista libanês Qassem Qassir.
O Hezbollah também tem mísseis guiados que foram adaptados a partir de armamentos israelenses, como o míssil antitanque Almas, provavelmente oriundo de modificações no israelense Spike.
A reportagem afirma ainda que o Hezbollah não vai travar uma guerra em um “senso convencional”, e vai buscar desgastar as forças de Israel em uma “guerra de atrito, como o Hamas, um grupo menor e menos bem armado, conseguiu sobreviver o assalto de 11 meses de Israel em Gaza”.
Ou seja, caso Israel decida entrar no Líbano, vai ser engolido por uma guerra de guerrilhas que vai desgastar as forças armadas israelenses ao mesmo tempo que o regime sionista é açoitado em Gaza, na Cisjordânia e também pelas guerrilhas anti-imperialistas do Iraque e Iêmen.
Se Israel decidir prolongar sua entrada, os danos ainda serão significativos: diferente do Hamas, o Hezbollah possui mísseis poderosos (não só foguetes) com capacidade para destruir o Norte de Israel. Isso sem contar com o apoio das resistências Palestina, Iraquiana e Iemenita, ou mesmo dos prometidos ataques iranianos.
Atualmente, hospitais israelenses já foram movidos para o subsolo por conta dos danos que o Hezbollah pode causar.
Desenvolvimento histórico
É certo que, como o WSJ afirma, o “Hezbollah de 2006 não é o Hezbollah de hoje”.
E isso deve ser considerado à luz do fato que, em 2006, mesmo com condições inferiores às de hoje, o Hezbollah conseguiu expulsar o Estado de Israel do Líbano.
A mesma comparação de desenvolvimento pode ser feita em comparação à invasão israelense de 1982, quando os sionistas invadiram o Líbano para expulsar a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) do país.
Naquele momento, em que as milícias camponesas insurgentes estavam fragmentadas e dispersas (elas só dariam origem ao Hezbollah três anos depois, em 1985), as tropas israelenses conseguiram penetrar até o Norte do Líbano e estabeleceram um cerco em Beirute Oriental.
Em 2006, o Exército de Israel mal passou do Sul do Líbano.
O fator principal
Além disso, há um fator principal na guerra: o ser humano. O Hezbollah, além de ter desenvolvido armas, ampliou seu recrutamento a níveis impressionantes, resultado do caráter anti-imperialista e antissionista da guerra que trava.
A organização divide o Sul do Líbano em três setores. Em cada setor, operam três batalhões, cada um deles com 7 a 10 mil tropas. É um total de 70 a 80 mil tropas prontas para combater somente no Sul do País.
O apoio ao Hezbollah também historicamente cresceu sempre que o Líbano sofreu ataques mais violentos de Israel. Caso emblemático foi quando o regime sionista matou mais de 100 pessoas em um bunker da ONU em Qanaa. Atualmente, a mesma regra vai se repetir.
No Sul do Líbano, várias famílias se recusam a cumprir as exigências de evacuação emitidas pelo Estado de Israel. Elas afirmam que o Líbano lhes pertence e que não vão abandonar seu país, segundo notícias do Al Jazeera.
A firme resistência do Hezbollah pode mobilizar essas massas para a guerra, assim como fez a Resistência Nacional Palestina em Gaza.