Homem jogado de ponte e tiros pelas costas: Policiais matam pessoas a sangue frio pelo Brasil

Povo brasileiro condena matança. Em PE, massas espancaram um policial que matou um motorista de aplicativo.

Homem jogado de ponte e tiros pelas costas: Policiais matam pessoas a sangue frio pelo Brasil

Povo brasileiro condena matança. Em PE, massas espancaram um policial que matou um motorista de aplicativo.

Nesse final de semana, policiais militares mataram e prenderam trabalhadores à sangue frio e de forma escancarada pelo Brasil. Em São Paulo (SP), um homem foi jogado vivo de uma ponte por policiais, de acordo com um vídeo que prova o assassinato. No mesmo dia, o rapper Eduardo Taddeo divulgou filmagens do assassinato de seu sobrinho por um policial. As imagens contradizem a versão de legítima defesa. Outra filmagem, gravada em Recife (PE), mostra o momento em que um policial, depois de uma discussão, assassina um motorista de aplicativo. As famílias exigem justiça. O militar que assassinou o motociclista foi espancado dias depois pelas massas populares que o reconheceram em um ônibus. Em Messias (AL), policiais prenderam 5 de vários camponeses que ocuparam uma terra de onde foram despejados meses.

O caso de São Paulo ocorreu na madrugada do dia 2/12 no bairro de Vila Clara, na região de Cidade Ademar. Ao que parece, quatro policiais militares abordaram um homem numa moto. Dois levantam a motocicleta e um leva o veículo até o acostamento. Um outro policial, de capacete, aparece na cena junto do motorista abordado. Com anuência ou omissão dos outros PMs, ele arremessa o rapaz pela mureta da ponte.

Outro vídeo registrou o corpo de um homem similar ao jogado boiando no mesmo rio. Não há confirmação de que se trata da mesma vítima.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, conhecido por encorajar policiais a matar durante operações, disse que a cena é “lamentável”.

Derrite foi o principal responsável, junto com Tarcísio de Freitas, de comandar as duas versões da Operação Escudo, em 2023 e 2024, com dezenas de mortos e casos de tortura. Os casos da Operação Escudo chegaram a ser levados para tribunais internacionais. Mas apesar das denúncias das famílias e de juristas progressistas, somente dois policiais foram indiciados até agora.

Quando os casos de execuções, torturas e outras irregularidades durante Operação Escudo foram levados para o Conselho de Direitos Humanos da ONU, o governador Tarcísio disse que tinha “muita tranquilidade com o que está sendo feito. O pessoal pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não estou nem aí”. São falas que encorajam os PMs a seguirem com os crimes contra o povo, pela certeza da impunidade.

O secretário Derrite é da mesma linha. Na época em que era policial, o ex-Rota disse que era “vergonhoso” um policial não ter ao menos “3 ocorrências” por homicídio em 5 anos de trabalho.

Execução em loja

Também no dia 2/12, o rapper Eduardo Taddeo, ex-integrante do grupo musical Facção Central, divulgou nas redes sociais as filmagens das câmeras de segurança que registraram o assassinato de seu sobrinho, Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, no dia 3 de novembro, em Jardim Prudência, São Paulo.

As filmagens contrariam a versão do policial, que alegou legítima defesa. No vídeo, é possível ver Gabriel saindo da loja com algumas poucos produtos de limpeza furtados e escorregando em um tapete. Ele tenta recuperar alguns dos itens. O policial, que estava de folga, mas armado, percebe o furto, saca arma e dispara no menino pelas costas.

Policial mata motorista de aplicativo e é espancado

No mesmo final de semana, o policial Venilson Cândido da Silva assassinou um motorista de aplicativo por conta de R$ 7. O caso ocorreu em Camaragibe, região metropolitana de Recife, quando o policial se recusou a pagar o valor da corrida.

O motorista de aplicativo questionou o militar aposentado, que também estava armado e, em segundos de discussão, puxou a arma e disparou contra o peito do motociclista.

Venilson abandonou a cena com naturalidade, mas foi preso. Ele sofrerá um processo administrativo por meio da corte corporativista da PM, apesar de ter cometido o crime contra um civil, em cenário não deflagrado e durante a aposentadoria.

Mais tarde, moradores reconheceram Venilson na rua e o espancaram. Muitos motociclistas o atingiram com capacetes. A sessão de espancamento movida pelo senso de justiça popular continuou até policiais chegarem e conduzirem Venilson para dentro do furgão. No dia 2/12, moradores também queimaram entulhos na Avenida Belmiro Coreira em um protesto por justiça pela vida de Thiago.

Camponeses detidos

Em Messias (AL), 5 camponeses foram presos durante a retomada de uma terra da qual as famílias foram despejadas no final de outubro. Elas viviam na terra desde 2008, na Área Revolucionária Renato Nathan. A terra foi reocupada no sábado (30/11), quando os camponeses anunciaram a criação do Acampamento Zumbi dos Palmares. As incursões de PMs e pistoleiros começaram imediatamente.

Os camponeses conseguiram expulsar os PMs na primeira incursão com barricadas incendiadas, mas os militares voltaram. Vários camponeses foram abordados e 5 foram detidos arbitrariamente pela Polícia Militar.

Governos são responsáveis

A sequência de casos em um mesmo final de semana elimina qualquer chance de se tratarem de casos isolados, e somam no conjunto de provas existentes do caráter antipovo das polícias brasileiras. O corporativismo nos processos que julgam os crimes cometidos e o fomento dos governos à violência policial encorajam policiais a continuarem com os crimes, seja durante o serviço, na folga ou mesmo durante a aposentadoria.

Apesar de serem estaduais, o nível que a violência policial chegou no Brasil demandam um posicionamento do governo federal. Apesar disso, o presidente Luiz Inácio (PT) evita comentar muitas das injustiças. E no sentido contrário do que é necessário fazer, Luiz Inácio fortaleceu, ao longo de 2023, as policiais militares de estados com alto índice de violência policial e prometeu mais repressão em 2024 com a PEC da Segurança Pública.

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