Hospitais das Forças Armadas têm unidades com leitos vazios, enquanto povo morre por falta de vagas em hospitais civis

Hospitais das Forças Armadas têm unidades com leitos vazios, enquanto povo morre por falta de vagas em hospitais civis

No Hospital das Forças Armadas em Brasília, onde há 70 leitos, a ocupação é de 57,1%. Foto: Daniel Ferreira

Após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), as Forças Armadas (FA) abriram os dados sobre as ocupações de leitos em hospitais militares. Os dados escancaram um verdadeiro crime contra o povo brasileiro: as FA bloquearam leitos na espera de militares. Segundo as informações reveladas, há unidades com 85% dos leitos vagos, reservados para eventual enfermidade de militares e seus familiares.

Segundo auditoria do TCU, essas unidades ociosas consumiram 2 bilhões de reais do orçamento da União, em 2020. As FA deveriam oferecer esses hospitais ao Sistema Único de Saúde (SUS) dado o colapso dos hospitais públicos e as consequentes milhares de mortes por falta de leitos. A não disponibilização dessas vagas fere os princípios da dignidade humana e viola o dever constitucional do Estado de oferecer acesso à saúde de forma universal.

Durante toda a pandemia, apesar das denúncias de veículos de imprensa e entidades democráticas, o Ministério da Defesa e o comando das FA, evitavam falar se as unidades de saúde militares estavam ou não sendo abertas a civis. No entanto descobriu-se que estes leitos estavam sendo guardados completamente vazios. A informação veio após um pedido do jornal do monopólio de imprensa Folha de São Paulo, via Lei de Acesso à Informação, endereçado ao comando das três forças (Exército, Marinha e Aeronáutica).

Através dos dados obtidos, descobriu-se que há leitos na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital de Aeronáutica de Recife, onde a ocupação é de 71,43%. Sobre os leitos em enfermarias, apenas três unidades da Aeronáutica estão com 100% de ocupação, em outras seis unidades o índice é de 50%, como nos esquadrões de saúde de Guaratinguetá (SP), Curitiba (PR), Natal (RN) e Lagoa Santa (ES), com ocupação inferior a 25%.

Já no Hospital da Aeronáutica de Canoas (RS) a ocupação de leitos estava em 41,67% e no Hospital de Aeronáutica de Manaus (AM), estava em 50%. O Exército também divulgou alguns dados: 23 unidades de saúde apresentam 366 leitos, em pelo menos 14 delas a ocupação é de 50% ou menos.

As maiores ociosidades, segundo planilha do Exército, estão no Hospital de Guarnição de Florianópolis (ocupação de 13%), no Hospital Geral de Curitiba (19%), no Hospital de Guarnição de Marabá (PA) (22%) e no Hospital Geral de Juiz de Fora (MG) (26%).

Dezenove hospitais militares do Exército oferecem 217 leitos de UTI. No Hospital de Guarnição de Marabá, há duas vagas e as duas estão livres. No Hospital Militar de Área de Manaus, a ocupação geral é de 33%; há seis leitos ativos para pacientes com Covid-19. E no Hospital de Guarnição de Porto Velho, há quatro vagas, todas livres. No Hospital das Forças Armadas em Brasília, onde há 70 leitos, a ocupação é de 57,1%.

A administração dos leitos para Covid-19 nos hospitais militares do Exército faz parte da chamada Operação Apolo, cujas ações são gerenciadas pelo Departamento Geral de Pessoal.

O chefe do departamento é o general Paulo Sérgio de Oliveira, que foi indicado recentemente por Bolsonaro para o cargo de comandante do Exército.

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