As Forças Armadas do Iêmen ligadas ao movimento Ansarallah anunciaram neste domingo (04/05) trabalharão para estabelecer um bloqueio aéreo abrangente ao Estado sionista de Israel, principalmente ao Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv.
De acordo com o porta-voz do Ansarallah, Yahya Saree, a medida é uma resposta à escalada dos crimes israelenses contra o povo da Faixa de Gaza: “Em resposta à escalada israelense com a decisão de expandir suas operações agressivas contra Gaza, as Forças Armadas do Iêmen anunciam que trabalharão para impor um bloqueio aéreo abrangente contra o inimigo israelense, atacando repetidamente aeroportos, principalmente o Aeroporto de Lod, conhecido em Israel como Aeroporto Ben Gurion.”
O Ansarallah aconselhou todas as companhias aéreas do mundo a levarem o comunicado a sério, desde o momento em que a declaração foi publicada, às 16h40 (horário de Brasília).
De acordo com as Forças Armadas do Iêmen, a medida se dá em solidariedade não apenas ao povo palestino, mas aos povos árabes do Líbano e Síria, que estão sofrendo com bombardeios sistemáticos das Forças de Ocupação israelenses, exaltando que “não temerá o confronto e recusa a submissão e subserviência”.
O anúncio se deu um dia após um ataque iemenita nas proximidades do aeroporto de Ben Gurion, que pode ser entendido como um “aviso prévio” do bloqueio aéreo anunciado neste domingo. Na ocasião, o Iêmen atacou o território ocupado por Israel com um míssil balístico “Palestina 2”, de fabricação própria.
O lançamento do míssil “Palestina 2” ao aeroporto israelense, foi considerado pelas forças da Resistência Palestina como um “desenvolvimento qualitativo e extremamente importante”. A Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) afirmou que as respostas iemenitas expõem a fragilidade do sistema de defesa israelense e estadunidense. “O lançamento contínuo de mísseis e drones do Iêmen em direção ao coração da entidade, apesar da escalada militar dos EUA e do Reino Unido, reflete o fracasso desta agressão em limitar as capacidades de combate do Iêmen e confirma que a vontade de Sana’a de confrontar não diminuiu, mas sim se fortaleceu.”
O porta voz das Brigadas de Al-Qassam, força militar do movimento palestino Hamas, reafimou que as operações iemenitas estão “ultrapassados os sistemas mais avançados do mundo”, conclamando “Glória ao Iêmen, igual à Palestina, pois continua a desafiar as forças mais brutais da opressão e se recusa a ser derrotado, apesar da agressão que enfrenta”.
De acordo com o escritor egípsio Sameh Askar, essa foi a vigésima vez que o Aeroporto de Ben Gurion foi interditado.
“Tropas americanas em perigo”
O povo iemenita está enfrentando bombardeios diários da Marinha dos Estados Unidos (EUA) em todo o território do país comandado pelo Ansarallah, intensificados após o movimento anunciar o retorno do bloqueio naval ao Estado de Israel em decorrência da violação do acordo de cessar fogo pela entidade sionista, em março. De acordo com o site de notícias estadunidense The Intercept, os EUA estão levando a cabo a operação “Rough Rider”, um movimento de guerra não declarado que já realizou mais de 1.000 ataques ilegais contra alvos civis.
Ao menos duas frotas da marinha dos EUA foram enviadas para o Mar Vermelho desde março, a primeira liderada pelo USS Harry S Truman, que recentemente esteve recuado nas proximidades do Canal de Suez após sucessivos ataques, segundo o jornal iemenita Al-Thawrah. A segunda frota, liderada pelo porta-aviões USS Carl Vinson que, de acordo com as Forças Armadas do Ansarallah é atacada por mísseis iemenitas desde seu primeiro dia na região, está atacando o povo iemenita a partir do Golfo de Áden.
De acordo com o deputado estadunidense Ro Khanna, a administração de Trump não está sendo transparente sobre o número de baixas americanas. O The Intercept chegou a afirmar que “As tropas dos EUA também estão em perigo. No início desta semana, um caça caiu da lateral do porta-aviões USS Harry S. Truman no Mar Vermelho, informou a Marinha em um comunicado na segunda-feira. O Truman teria feito uma curva acentuada para escapar de um ataque Houthi, o que fez com que o caça F/A-18 Super Hornet da Marinha dos EUA caísse no mar. Um marinheiro ficou ferido no caos, e o avião de US$ 60 milhões foi perdido nas profundezas.”
A equipe do The Intercept chegou a entrar em contato com o Pentágono sobre os custos operacionais da guerra contra o Iêmen, sendo “orientado” a entrar em contato com o Comando Central dos EUA. Ao entrar em contato com o Comando Central, lhes foi orientado a procurar a Casa Branca. Segundo a equipe do The Intercept, foram realizados repetidos pedidos de esclarecimento ao secretário de imprensa assistente da Casa Branca, Taylor Rogers, todos ignorados.
Enquanto o governo dos EUA se dedica em esconder os reais custos da guerra contra o Iêmen, o governo do Ansarallah está realizando uma massiva mobilização das massas iemenitas, em especial de camponeses, para a defesa da retaguarda nacional. Nas últimas semanas as comunidades no interior do Iêmen estão realizando uma série de vigílias armadas e se dedicando a estabelecer um Código de Honra, pelo direito de elevar as operações militares contra a ocupação sionista e de engrossar os ataques contra a Marinha dos Estados Unidos.
Segundo uma notícia do Al-Thawrah, “tribos maoistas” Mawiya, na província de Taiz, teriam realizado uma vigília armada no dia 30 de abril e declararam uma mobilização geral contra as agressões dos EUA-Israel, afirmando seu apoio à defesa do Iêmen e à heróica Resistência Palestina. Durante a ocasião, os camponeses firmaram um código de honra, afirmando seu compromisso com o treinamento das forças e com a mobilização contra os colaboradores dos EUA. Os camponeses de Mawiya fizeram um chamado para o povo iemenita que vive nas regiões sul e leste do país, controlada pela coalizão pró EUA comandada pela Arábia Saudita e Emirados Árabe Unidos, para que se unam na batalha contra a agressão estadunidense e em defesa do povo palestino.
As mobilizações camponesas ocorrem em um período de grandes movimentações de guerra por parte da coalizão que comanda o Conselho de Transição do Sul, atual governante do Sul do Iêmen, lacaio dos Emirados Árabes e Arábia Saudita . De acordo com o monopólio de imprensa Reuters, o governo Trump está prestes a oferecer US$ 100 bilhões em armamentos para o rei da Arábia Saudita, o primeiro grande envio de armamentos para a monarquia árabe desde 2021, quando o então presidente Joe Biden tentou forçar o governo saudita a desistir da guerra contra o Iêmen, após anos de desgastes militares.