Comandante das Forças Navais ianques, Jim Malloy, encontra-se com líderes militares do Golfo na cerimônia de lançamento da Operação Sentinel. Foto: Marinha do USA/Dawson Roth.
No início de novembro teve início, oficialmente, a operação liderada pelo USA de lançar uma coalizão naval formada por diversos países nas águas do Golfo e baseada no Barém. Recente, a Operação “Sentinel” está sendo discutida desde junho, em sequência aos diversos ataques do último ano a navios-tanque e indústrias petrolíferas que ocorreram na região (por onde se escoam mais de 30% de todo o petróleo do mundo) pelos quais o imperialismo ianque e seus lacaios incriminam o Irã.
O Barém, pequeno país insular próximo da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã, ganhou protagonismo na região quando, em junho, sediou uma conferência econômica organizada pelo genro de Trump, cabeça do imperialismo ianque, para tratar da questão da Palestina, porém que foi boicotada pelas próprias organizações palestinas. Dois meses depois, o Barém, que já hospedava a Quinta Frota da Marinha ianque, ingressou no International Maritime Security Construct (“Construção Internacional de Segurança Marítima”, IMSC), seguida pela Arábia Saudita e os Emirados Árabes, que o fizeram em setembro.
Entre os países que concordaram em enviar navios de guerra para compor a frota estão o Reino Unido e a Austrália, em que o primeiro já tinha dois posicionados na região do Golfo e recentemente enviou um terceiro, o destroyer HMS Defender, ao que o USA acompanhou também transferindo o seu USS Nitze para a costa nordeste da Arábia Saudita.
A operação pretende atuar na região que inclui os Golfos Arábico e de Omã, o mar Vermelho e os estreitos de Ormuz e Bab al Mandeb, onde está localizado o ponto de estrangulamento da principal artéria do transporte e escoamento do petróleo produzido no Oriente Médio.
Sob a alegação de que visa garantir a segurança e evitar ataques futuros a navios de transporte petrolíferos, a coalizão internacional encabeçada pelo USA corrobora, na prática, com a ampliação do cerco militar marítimo ao Irã, além do combate ao papel de grande influência regional que o país persa possui. Há alguns meses, o Irã havia proposto, em contrapartida ao plano dos ianques, uma série de pautas de segurança para o Golfo que excluíam a participação de potências externas, tais como o USA.
Apesar de afirmar em uma declaração pública que a “altruísta” Operação “Sentinel” se trata de “uma medida defensiva destinada a proteger as águas do Golfo”, o vice-almirante Jim Malloy, comandante das forças navais ianques no Oriente Médio, deixou velado o plano de ocupação a longo prazo da região pelo Exército ianque, ao dizer que o compromisso do imperialismo ianque com a região “não é de curta duração, é duradouro e vamos operar como parte do Sentinel pelo tempo que for necessário”.
Sequência de eventos
Em 12 de maio, os Emirados Árabes Unidos declararam que quatro navios petroleiros comerciais (um do próprio país, um norueguês e os outros dois sauditas) haviam sido alvos de “atos de sabotagem” nas águas da costa, no Golfo Pérsico. Nesse caso, tanto o USA quanto a Arábia Saudita culparam publicamente o Irã pelo ocorrido, apesar de não haver provas.
Um mês depois, em junho, o Kokuka Courageous foi atingido na mesma época que outro navio-tanque da região, o norueguês Front Altair, foi danificado por três explosões, segundo a Autoridade Marítima da Noruega. No mesmo mês foi quando ocorreu o episódio da derrubada do drone do USA que invadiu o espaço aéreo iraniano, em uma agressão descarada.
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Então, em 14 de setembro, as duas principais petrolíferas sauditas em terra foram atacadas por drones, causando danos irreversíveis às instalações e eliminando metade da produção de petróleo da monarquia autocrática. Apesar do ataque ter sido reivindicado por rebeldes houthis, do Iêmen, a Arábia Saudita e o USA voltaram a culpar o Irã, alegando que os ataques haviam sido realizados com mísseis e drones avançados.
O episódio mais recente de ataques a instalações e navios ligados à indústria do petróleo foi em outubro, quando um navio-tanque iraniano “fantasma” foi atingido por dois mísseis e foi parcialmente incendiado enquanto navegava próximo à costa da Arábia Saudita.
A sequência de eventos culmina, agora, com o lançamento da Operação “Sentinel”, que não apenas reforça o cerco militar imperialista ao Irã, semicolônia submetida à zona de influência do imperialismo russo (o principal rival do USA na disputa interimperialista), como também fortalece a presença militar das tropas ianques no Oriente Médio Ampliado como um todo.