Imperialismo ianque realiza exercícios militares aéreos na Guiana Essequiba

Aviões da Força Aérea norte-americana sobrevoaram a Guiana na tarde do dia 7 de dezembro em um exercício militar aéreo conjunto entre o Estados Unidos e o país latino-americano, segundo um comunicado emitido pela embaixada ianque em Georgetown.
Southcom coordenou exercícios conjuntos com Força Aérea da Guiana. Foto: Juliana Mota/Censipam

Imperialismo ianque realiza exercícios militares aéreos na Guiana Essequiba

Aviões da Força Aérea norte-americana sobrevoaram a Guiana na tarde do dia 7 de dezembro em um exercício militar aéreo conjunto entre o Estados Unidos e o país latino-americano, segundo um comunicado emitido pela embaixada ianque em Georgetown.

Aviões da Força Aérea norte-americana sobrevoaram a Guiana na tarde do dia 7 de dezembro em um exercício militar aéreo conjunto entre o Estados Unidos e o país latino-americano, segundo um comunicado emitido pela embaixada ianque em Georgetown. A ação sinaliza um novo passo do intervencionismo do Estados Unidos na América Latina, que agora usa do conflito regional entre a Venezuela e a Guiana para avançar com os planos de dominação e militarização no subcontinente. O trajeto das manobras militares não foi divulgado, mas há suspeitas que os sobrevoos ocorreram acima do território em disputa da Guiana Essequiba. 

Ainda não há informações sobre os resultados das manobras militares imperialistas. Segundo o comunicado, o exercício foi coordenado pelo Comando Sul do Estados Unidos (Southcom), órgão do imperialismo ianque para dominação na América Latina, e teve como propósito “fortalecer a cooperação regional”. Em tom ameaçador, sobretudo em meio às atuais tensões em desenvolvimento na região, o documento também afirmou que “o USA continuará com seu compromisso como parceiro de segurança confiável da Guiana e na promoção de cooperação regional e da interoperabilidade”.

Essequibo e as tensões em desenvolvimento

O Exercício ocorreu quatro dias após o referendo realizado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro para avaliar o apoio popular à integração de Essequibo ao território nacional venezuelano. A consulta terminou com 96% de concordância com a integração do território e a concessão de nacionalidade aos 125 mil habitantes da região. 

No dia seguinte, Maduro lançou uma série de ações em relação à Guiana Essequiba. O presidente venezuelano permitiu que a estatal petrolífera PDVSA conceda licenças para a “extração imediata de petróleo, gás e minerais em toda a área” e anunciou um projeto de lei para integração do território. Um outro projeto de lei especial propôs a proibição da operação de empresas que operam nas áreas de concessão cedidas pela Guiana, e deu um prazo de três meses para a saída dos monopólios. Atualmente, o petróleo de Essequibo é explorado por empresas imperialistas como a ianque ExxonMobil e a francesa Total Energy

Em pronunciamentos na rede nacional, Maduro também exibiu mapas da Venezuela que contavam com a integração do território de Essequibo, ordenou que os mapas fossem difundidos em escolas e nomeou um interventor para a região. “Esta sede da Zona de Defesa Integral da ‘Guiana Essequiba’ ficará sediada em Tumeremo, e designo provisoriamente o major-general Alexis José Rodríguez Cabello como autoridade única na ‘Guiana Essequiba’”, disse. 

O território propriamente dito segue sem incursões militares por parte da Venezuela, mas indígenas da região realizaram no próprio dia 03/12 uma ação de substituição de bandeiras em um ponto da área. Um vídeo divulgado na internet mostra um grupo de nativos retirando uma bandeira da Guiana e erguendo no lugar o símbolo nacional venezuelano. 

Conflito regional

As ações do imperialismo ianque na Guiana têm sido criticadas por se tratar de uma clara intervenção direta em um conflito regional latinoamericano. Antes do atual exercício militar, militares ianques do Southcom já haviam visitado a Venezuela para discutir a situação do território em disputa desde o século XIX.

O domínio sobre Essequibo é reivindicado pela Venezuela desde a independência formal do país, em 1811. Para Caracas, desde essa época as fronteiras nacionais com a Guiana deveriam ser as mesmas da época da dominação colonial espanhola sobre a Venezuela, demarcadas pelo Rio Essequibo e com a região atualmente em disputa integrada às linhas internas venezuelanas. 

No entanto, a região foi disputada durante todo o século XX pelo imperialismo britânico, que recebeu o território guianense de presente da Holanda no tratado anglo-holandês de 1814. Apesar da concessão, as fronteiras ocidentais da Guiana, onde fica Essequibo, não foram demarcadas pela negociação dos imperialistas. Após décadas de disputa, a região foi reconhecida por organismos internacionais como oficialmente em aberto em 1966, pela Convenção de Genebra. No mesmo ano, a Guiana teve sua independência formal reconhecida e passou do estado de colônia britânica ao de integrante das commonwealth (Comunidade das Nações) do imperialismo inglês, bem como de semicolonia em disputa pelo imperialismo ianque.

Sem ter nunca cessado de fato, as reivindicações venezuelanas sobre Essequibo voltaram a crescer após 2015, quando empresas imperialistas como a ExxonMobil anunciaram a descoberta de poços de petróleo na região e intensificaram o saqueio das riquezas naturais locais. 

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