Incêndios criminosos colocam em risco a vida de camponeses no sul do Pará

Incêndios criminosos colocam em risco a vida de camponeses no sul do Pará

Violência contra camponeses aumenta no Pará e Estado se nega a ouvir as vítimas

Indivíduos incendiaram barracos e pastos na área que compreende o acampamento Ouro Verde, em Santana do Araguaia, Pará, no dia 30 do último mês de agosto. Segundo os camponeses, tal ação é uma tentativa de intimidar os trabalhadores, colocando em risco a vida das famílias que ali vivem. O fogo se alastrou e já atingiu área de mata, bem como já destruiu parte do cultivo realizado, fonte de subsistência das famílias. 

Os camponeses que vivem no acampamento Ouro Verde relatam que não estão conseguindo sequer registrar Boletins de Ocorrências (BO) na Delegacia de Polícia Civil do município e nem em Redenção, ambas no Pará. As violências em face dos camponeses têm aumentado significativamente nos últimos dias, sobretudo após a suspensão, por duas vezes, da reintegração de posse concedida em liminar pelo juízo da Vara Agrária de Redenção. 

Foto: Reprodução

Ao procurarem a Delegacia de Santana do Araguaia, os camponeses foram informados que a competência para o registro do BO era da Delegacia Especializada em Conflitos Agrários (Deca), em Redenção, cidade a 190 quilômetros de Santana do Araguaia. Com receio de que as violências se intensificassem, como ocorreu na última suspensão da reintegração, os camponeses procuraram, no último dia 28 de agosto, a Deca, que estava fechada. Diante disso os camponeses se encaminharam até a Delegacia da Polícia Civil de Redenção, que se recusou a registrar o BO alegando que só o faria caso os camponeses apresentassem o Georreferenciamento ou outro documento da área. 

Ver também: Fausto Arruda: O que está por trás dos incêndios na Amazônia

Os camponeses, preocupados com a onda de incêndios que acometem a região, realizarão mutirões para apagar o fogo, enquanto aguardam uma resposta do Estado para a problemática. 

Imagem: Reprodução

Segundo os advogados dos camponeses, a situação criada de notória obstaculização é absurda e vai em contramão ao dever constitucional do Estado; os advogados apresentarão denuncia perante a Corregedoria Geral da Polícia Civil do estado do Pará.

No dia 2 de setembro, o delegado da Deca (que se recusou a registrar BO dos camponeses contra Noé e o Advogado Carlos Teixeira, que ameaçam os camponeses em agosto), junto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Conselho Tutelar acompanhado do Noé estiveram na área do Acampamento Ouro Verde e disseram para os camponeses retirarem as crianças, que eles vão sair da área – ameaçando os mesmos para saírem imediatamente. Prova de que os camponeses que tiveram a reintegração de posse suspensa estão sendo ameaçados pelo latifundiário, seus capangas e representantes do Estado.

Foto: Reprodução

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