Milhares de camponeses tomam Nova Delhi em luta por seus direitos. Foto: Reuters
Nos dias 22 e 16 de agosto, milhares de camponeses de diversas regiões da Índia realizaram massivos protestos contra o Primeiro-Ministro fascista Narendra Modi e os latifundiários das grandes corporações agroindustriais. Os protestos ocorreram em Nova Delhi, capital da Índia, e em Himachal Pradesh, no norte do país. Foram exigidos subsídios para os produtos agrícolas, cancelamento das dívidas dos camponeses pobres e pagamento dos seus direitos.
Milhares de camponeses de regiões como Punjab, Haryana e Uttar Pradesh foram até a capital indiana para exigir subsídios mínimos para todos os produtos agrícolas, o cancelamento das dívidas dos camponeses pobres e o pagamento dos benefícios que são direito do povo. Mahendra Singh, uma camponesa de Punjab que teve os dedos e parte da mão amputados após um acidente, denunciou que não está recebendo as pensões que o velho Estado deveria pagar.
Outras exigências são a saída da Índia da Organização Mundial do Comércio (OMC) e o cancelamento de todos os acordos de livre comércio, aumento dos subsídios para cana de açúcar, fim da Emenda Orçamentária de Eletricidade de 2022, que facilita a privatização da energia elétrica e diminui os subsídios dados aos camponeses, libertação dos camponeses presos políticos desde dezembro de 2021 e justiça pelo Massacre de Lakhimpur Kheri, com punição do Ministro do Estado Ajay Mishra Teni, mandante do massacre.
O Massacre de Lahimpur Kheri e as prisões dos camponeses em dezembro de 2021 ocorreram durante o período de sucessivas manifestações contra três leis pró-latifúndio que o governo fascista de Narendra Modi buscava aprovar, iniciadas em setembro do ano passado. No dia 03/10/2021, durante um protesto na vila de Banbirpur, distrito de Lahimpur Kheri, bandidos contratados atropelaram quatro camponeses e um jornalista com três veículos SUV enquanto tiros eram disparados. Testemunhas afirmam que o Massacre foi planejado pelo ministro Ajay Mishra, que um mês antes havia falado em um ato político que “vocês [os camponeses em luta] precisam calcular seus movimentos, ou nós [o ministro e sua equipe] iremos lhes ensinar uma lição”. Depois do Massacre, diversas cápsulas foram achadas no carro de Ashish Mira, filho de Ajay Mishra. Até hoje, nenhum mandante do crime foi preso e Ajay Mishra não foi retirado de seu cargo no velho Estado indiano. Ashish também está em liberdade.
Os camponeses ainda vão passar pelo distrito exterior de Nova Delhi, incluindo as cidades de Ghazipur e Ghaziabad, do estado de Uttar Pradesh, limítrofe com Nova Delhi.
Velho Estado indiano falha em impedir camponeses de chegarem à capital
Camponeses derrubam barricadas erguidas pela polícia. Foto: Reuters
As milhares de massas que chegaram à Nova Delhi nesta segunda-feira (22/08) tiveram que furar os diversos impedimentos que o velho Estado indiano empreendeu para bloquear o caminho dos camponeses. Barricadas foram erguidas pelos policiais e fiscalizações foram feitas nas fronteiras, onde diversos camponeses de Punjab, Haryana e Uttar Pradesh foram detidos.
Apesar disso, milhares de outras massas foram capazes de furar as fiscalizações da polícia indiana e atingir o coração de Nova Delhi. As pesadas barricadas de aço erguidas pela polícia foram tombadas pelos camponeses em sua justa rebelião.
Camponeses de Himachal Pradesh exigem direitos e denunciam monopólio
Em Himachal Pradesh, região himalaiana no norte da Índia, centenas de camponeses protestaram no dia 16/08 contra os preços do quilo da maçã estipulados pelas grandes empresas agroindustriais da região. O protesto ocorreu após, no dia 05/08, milhares de camponeses protestarem na cidade e darem um prazo de 10 dias para o velho Estado resolver seus problemas antes de realizarem a nova massiva manifestação.
Na região, os camponeses (em sua grande maioria plantadores de maçã) têm sofrido opressão econômica de grandes empresas, especialmente a Adani Agri Fresh Ltda. e do velho Estado indiano. A Adani, uma das maiores empresas compradoras de produtos agrícolas em Himachal, cresceu ainda mais sua influência na região ao receber créditos do velho Estado indiano, que afirmou que o crescimento da empresa na região seria benéfico aos camponeses. Os trabalhadores, por sua vez, denunciam que agora os preços que a Adani tem estipulado são menores do que os anteriores e que a empresa cria classificações arbitrárias das maçãs para reduzir os preços. Em 2020, as maçãs tipo “Premium A” eram vendidas a 88 rúpias/kg (R$ 5,69). Em 2021, o preço caiu para 72 rúpias/kg (R$ 4,66). A previsão de preço para 2022 é de 76 rúpias/kg (R$ 4,92).
Redução em impostos, como o Imposto em Bens e Serviço, que subiu de 12% para 18% em materiais para envio de mercadoria, e subsídios para fertilizantes e pesticidas também são exigidos pelos camponeses.
Na Índia, Guerra Popular entrega terra aos camponeses e expulsa monopólios
Na Índia, PCI (Maoista) entrega terra aos camponeses pobres em distritos tomados. Foto: Reprodução
Enquanto o velho Estado da Índia, os latifundiários e a burguesia burocrático-compradora mantém os camponeses indianos sob seu regime de exploração e opressão, ocorre também, no país, um processo revolucionário de mais de 50 anos, no qual as massas populares dirigidas por sua vanguarda revolucionária expulsam pouco a pouco o latifúndio e suas corporações do país e redistribuem as terras aos camponeses pobres.
A Guerra Popular na Índia foi iniciada em 1967 com o Levante Popular Armado de Naxalbari e é dirigida desde 2004 pelo Partido Comunista da Índia (Maoista) que dirige o Exército Guerrilheiro Popular de Libertação (EGPL). Nesse processo, o PCI (Maoista) dominou mais de 100 distritos da Índia, onde foram estabelecidos os comitês populares revolucionários, desenvolvendo o novo Poder que abole as leis reacionárias, combate a opressão feminina e distribui a terra a quem nela vive e trabalha. Os latifundiários e monopólios, especialmente as mineradoras, foram expulsos das zonas dominadas pelo PCI (Maoista) e são constantemente sabotados nas regiões em que ainda existem.
Hoje, a Guerra Popular na Índia está sob forte ofensiva do governo fascista de Narendra Modi, o mesmo que oprime as massas camponesas em luta em Himachal Pradesh e Nova Delhi. Modi desencadeou contra o PCI (Maoista) as operações Caçada Verde, Samadhan e Prahar, que realizaram bombardeios e ataques à drones contra as massas indianas armadas. Por sua vez, o PCI (Maoista) e as massas por ele dirigidas seguem resistindo bravamente aos ataques do velho Estado indiano e apontam, para as massas camponesas que ainda não se juntaram às fileiras da revolução, o caminho da Guerra Popular e da Revolução de Nova Democracia como solução para os problemas que as afligem.