Índia: Carta de G.N. Saibaba à sua mãe

Índia: Carta de G.N. Saibaba à sua mãe

Reproduzimos a seguir o poema do professor e democrata G.N. Saibaba destinada à sua mãe, após uma visita que esta fez a ele. 
O professor G.N. Saibaba, 47 anos, possui paralisia em 90% do corpo e não pode se locomover sem cadeira de rodas. Ademais, vem sofrendo com problemas de saúde agravados pelas duas vezes que ficou encarcerado, a primeira entre maio de 2014 e junho de 2015, e a segunda entre dezembro de 2015 a abril de 2016. Saibaba chegou a ser internado em fevereiro último no Hospital Rockland, em Delhi, onde foi constatada uma pancreatite aguda que necessitará operação nos próximos meses.
Saibaba está preso desde fevereiro de 2017, há um ano, condenado a prisão perpétua por suposta ligação com o Partido Comunista da Índia (Maoista).  
Texto retirado do site do Movimento Estudantil Popular Revolucionário.
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Mãe, não chores por mim
Quando vir me ver, 
mãe, não chores por mim.
Não pude ver bem seu rosto
pela janela de fibra de vidro.
Se você olhasse meu corpo aleijado
Chore, mãe, não por minha ausência em casa;
Quando eu morava em casa
Eu tive muitos amigos
pelo mundo,
mas preso nesta prisão,
Anaa Cell
Ganhei muitos outros amigos
em todo o planeta;
Mãe, desespere-se,
mas não por causa da minha saúde debilitada;
quando na minha infância
você não podia pagar por um copo de leite
você me alimentou com suas palavras
com força e coragem.
Neste momento de dor e sofrimento
Eu ainda colho das forças com que
você me alimentou
Mãe, não perca a sua esperança;
Percebi que a prisão não é a morte,
mas meu renascimento,
e irei para casa,
no seu colo que me alimentou,
com esperança e coragem.
Mãe, não temas pela minha liberdade;
diga ao mundo
que minha liberdade perdida
É a liberdade conquistada para as massas.
Como todos aqueles que estão do meu lado
faça da sua causa a miserável da terra
em que minha liberdade é sustentada.
“Escrito depois que você veio me ver através da janela da sala de visita da prisão em 14 de novembro de 2017. Espero que alguém a traduzisse por você. Mãe, me perdoe por escrever isso em uma língua estrangeira que você não entende. Que posso fazer? Não consigo escrever no doce idioma que você me ensinou na minha infância em seu colo. Seu filho com amor”
G.N. Saibaba
Anda cell, Prisão Central de Nagpur
Dezembro, 2017.

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