Em carta dirigida a sua esposa, G.N Saibaba – um professor universitário e democrata que encontra-se preso em prisão perpétua por denunciar os crimes do governo – denuncia o seu grave estado de saúde agravado na prisão em Nagpur, onde cumpre sentença de prisão perpétua, acusado de vínculos com o Partido Comunista da Índia (Maoista). Saibaba se locomove apenas em cadeira de rodas apresentando 90% de imobilidade física.
Em seu registro, professor Saibaba menciona que foi posto a um confinamento solitário em uma cela da prisão e esta não atende suas necessidades básicas e de deficiência, além de outras negligências. “A própria arquitetura desta prisão me deixa totalmente desamparado. Não há acessibilidade para mim de qualquer forma. Eles me reduziram a ‘um homem velho em um berço’.”, denuncia.
O intelectual ainda cita algumas dificuldades enfrentadas para atender necessidades básicas.
“Dentro da cela, eu não posso ir ao banheiro na minha cadeira de rodas. Duas pessoas têm que me levar ou me segurar na minha cadeira de rodas para urinar, defecar ou tomar um banho.”, acrescentou.
A esposa de Saibaba, G. Vasantha, denunciou à imprensa indiana que o velho Estado tem se mostrado negligente no que tange a oferecer um tratamento digno às condições do preso, que sofre de várias doenças.
Em entrevista à imprensa The Print, Vasantha especifica os problemas de saúde de Saibaba. “Meu marido tem um problema com o pâncreas e recentemente desenvolveu um tumor na parte inferior do corpo.”, relata. “Eles também o mantiveram em uma cela onde quase não há espaço para se mover.”.
Na carta, Saibaba detalha a deteriorização de sua saúde. “A dor no lado esquerdo do estômago aumentou. A dor na minha mão esquerda danificada também aumentou muito. Como resultado, eu não consigo dormir. Nos últimos 20 dias eu tenho tomado pílulas para dormir, Restyl, sem as quais eu não consigo dormir por causa da dor severa.”, denuncia Saibaba.
O Dr. Saibaba é um professor de inglês que instruiu no Ramlal Anand College, Universidade de Delhi, sendo preso em 2017 sob a acusação de dar apoio aos maoístas. Dada a repercussão da instabilidade de sua saúde e sua condição de professor universitário preso em regime perpétuo em um regime político em tese democrático, até a própria ONU incitou as “autoridades” velho Estado a soltá-lo.
“Nós estamos preocupados com relatos de que Dr. Saibaba sofre mais de 15 problemas de saúde diferentes, alguns dos quais com consequências potencialmente fatais.”, afirmam em uma declaração conjunta emitida em Genebra, em julho deste ano. Os especialistas pediram à Índia que libertem Saibaba, pois ele estava em “necessidade urgente de tratamento médico adequado”. Até o momento o Estado indiano não deu retorno. Até o parlamento europeu apresentou questionamentos e resoluções em defesa da vida de Saibaba este ano.
O professor Saibaba foi preso em fevereiro de 2017 e condenado à prisão perpétua no dia 8 de março daquele ano, juntamente com mais quatro pessoas – dentre eles um estudante da União Democrática de Estudantes e um jornalista. A sentença foi do Tribunal de Sessões de Gadchiroli (Maharashtra). Esta é a terceira vez que Saibaba fica detido e encarcerado por longo período. A primeira vez foi entre maio de 2014 e junho de 2015, e a segunda entre dezembro de 2015 a abril de 2016.