Índia: Milhares de jovens ateiam fogo em trem durante protesto contra o desemprego e camponeses convocam dia de luta

Índia: Milhares de jovens ateiam fogo em trem durante protesto contra o desemprego e camponeses convocam dia de luta

Manifestantes incendeiam trem em Bihar exigindo trabalho. Foto: ANI

A partir do dia 24 de janeiro milhares de jovens indianos desempregados nos estados de Bihar e Uttar Pradesh se rebelaram contra uma série de injustiças cometidas em um concurso realizado para a ferrovia local e incendiaram vagões de trens, bloquearam estradas e queimaram bonecos do primeiro-mistro fascista Narendra Modi. A polícia espancou, prendeu e perseguiu os cidadãos que protestavam por uma vaga de trabalho.

A rebelião ocorreu após a divulgação dos aprovados, em que nomes de diversas pessoas apareciam repetidos como aprovados para mais de um setor, tirando vagas de dezenas de trabalhadores e enfurecendo os jovens desempregados que esperavam pelas vagas. As ferrovias da índia são algumas das maiores empregadoras do mundo, devido à grande quantidade de pessoas no país.

Mesmo assim, o povo indiano sofre mais do que nunca com o desemprego: no final de 2021, o desemprego no país chegou a 8%, ou seja, 110 milhões e 400 mil pessoas estavam desempregadas na Índia (do total de 1,38 bilhões de pessoas). Em 2019, às vésperas da crise de superprodução que culminaria em 2020, o desemprego na índia estava em seus piores níveis desde os anos 70.

O estado de Bihar, por sua vez, tem as maiores taxas de desemprego no país, e Uttar Pradesh, o estado vizinho, é o mais populoso, fazendo com que as milhões de massas tivessem que competir pelas 150 mil vagas de emprego.

Multidão toma os trilhos dos trens em Bihar. Foto: AFP

Mais de uma dúzia de pessoas foram presas por participarem das manifestações. Em Patna, capital de Bihar, as autoridades registraram queixas da polícia contra cerca de 400 pessoas, as quais eles não conseguiram identificar. 

Em Uttar Pradesh, seis policiais foram suspensos por usar “força excessiva” contra os manifestantes na cidade de Prayagraj, tamanha a brutalidade da repressão. Vídeos gravados pelos cidadãos também mostraram policiais invadindo as casas de “manifestantes suspeitos” e açoitando-os.

Camponeses rechaçam manobras pró-latifúndio do velho Estado em dia nacional de protestos

No mesmo momento em que o protesto contra as empresas de trem explodem nas cidades, no interior da Índia, as massas camponesas da Índia também se mobilizam. O maior sindicato dos camponeses do país convocou protestos nacionais no dia 31 de janeiro após o velho Estado indiano não cumprir com suas promessas na retirada da nova Lei de Terras pró-latifúndio

Após o projeto de lei ser derrotado no curso de um ano de protestos multitudinários de camponeses, o velho Estado burocrático-latifundiário declarou que a lei seria retirada e que um Preço Mínimo de Apoio às vendas dos produtos dos camponeses seria implementado. A vitória das massas camponeses também logrou o compromisso firmado de que seriam retiradas as acusações contra os ativistas camponeses presos durante as manifestações, assim como que as famílias dos ativistas e camponeses assassinados por elementos reacionários ligados ao velho Estado durante os protestos seriam indenizadas.

No entanto, até agora o governo não efetuou nenhuma ação concreta. Ainda não iniciou o processo de retirada das falsas acusações contra os camponeses e também não está cumprindo sua promessa de pagar indenização às famílias dos quase 1.000 agricultores que morreram durante os protestos.

O Comitê Central do Partido Comunista da Índia (Maoista) lançou um apelo a todo o campesinato do país para que o denominado como “Dia da Traição” pelos camponeses fosse um sucesso. Ele convocou todas as classes oprimidas e povos oprimidos a fazer da greve em toda a Índia um sucesso.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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