Índia ataca Paquistão e mata 26 em mais uma escalada belicista de Modi

Em retaliação, Paquistão classificou os ataques como um “ato de guerra” e abateu cinco caças indianos.
Muzaffarabad, capital da Caxemira administrada pelo Paquistão, após bombardeios indianos. Fonte: Sajjad Qayyum/AFP

Índia ataca Paquistão e mata 26 em mais uma escalada belicista de Modi

Em retaliação, Paquistão classificou os ataques como um “ato de guerra” e abateu cinco caças indianos.

O governo fascista de Narendra Modi, primeiro-ministro indiano, realizou uma série de ataques aéreos contra território paquistanês, incluindo a região da Caxemira controlada pelo Paquistão, nesta terça-feira (06/05), em mais uma escalada das tensões na região. Em retaliação, o país vizinho classificou os ataques como um “ato de guerra” e abateu cinco caças indianos. Os bombardeios mataram ao menos 38 pessoas, sendo a maioria (26) no lado paquistanês.

A ação militar da Índia, parte da “Operação Sindoor”, foi justificada como represália ao ataque que, em 23 de abril, deixou 26 mortos na Caxemira indiana. Na ocasião, a autoria do ataque foi assumida pelo grupo anti-ocupação indiana na Caxemira denominado Frente de Resistência. O Estado indiano alegou, que o alvo dos bombardeios eram “infraestruturas terroristas” desses e outros grupos de resistência que, segundo Modi, seriam financiados pelo Paquistão. O primeiro-ministro não apresentou provas para as afirmações.  

Massas pagam o preço do conflito reacionário

Crianças caxemires sentadas enquanto um soldado paramilitar indiano mantém guarda em uma rua em Srinagar, na Caxemira indiana. Fonte: AFP.

Além dos bombardeios, o Estado indiano reiterou ameaças diplomáticas feitas ao Paquistão já em abril, logo após o atentado, quando suspendeu unilateralmente o Tratado das Águas do Indo, assinado em 1960 e que regula o uso das águas do rio e seus afluentes entre os dois países. A suspensão de recursos hídricos como arma estratégica contra o Paquistão tem graves consequências, já que este país depende significativamente das águas do Indo para suas necessidades hídricas e agrícolas. De acordo com o governo paquistanês, a Índia já teria reduzido a vazão do rio Chenab, um dos afluentes do Indo.

O controle do fluxo de água do Indo pelo Estado indiano poderia causar sérias consequências às massas populares do Paquistão, país agrário, com muitos desertos e enorme densidade populacional. Na agricultura, por exemplo, é crucial um extenso sistema de canais de irrigação por gravidade, sem uso de bombas e, portanto, dependente do fluxo de água descendente do rio. Desse modo, a medida afetaria milhões de pessoas, sobretudo os agricultores e massas camponesas, que dependem desse recurso hídrico para sua subsistência.

Além disso, o povo caxemire também sofre crescentemente com a brutal repressão indiana em seu território ocupado, que tende a ser incrementada pelo fascista Modi sob o pretexto de combater a escalada das ações anti-ocupação. Quanto às massas indianas, que já enfrentam grave repressão interna, crise econômica e agravamento de suas condições de vida, com a escalada do conflito, deparar-se-iam com o aumento do orçamento militar em detrimento de seus direitos fundamentais já pisoteados.

Expansionismo e militarização indianas

Muçulmanos paquistaneses queimam bandeira indiana em protesto em Peshawar, Paquistão, após os ataques aéreos na última terça-feira (6). Fonte: Arshad Arbab/EPA/Shutterstock

Os planos expansionistas de Modi se inserem no contexto de reacionarização e militarização do velho Estado indiano, com o prosseguimento da aplicação de seu chauvinismo fascista de tipo hindutva-brahmânico. No âmbito externo, a Índia aponta principalmente à Caxemira, região rica em minérios e de grande interesse econômico, disputada com o Paquistão desde a década de 1940, mas não se limita a ela.

Em uma entrevista concedida em 2024 à imprensa independente Red, o dirigente comunista indiano Amrut, membro do Comitê Central e Chefe de Assuntos Internacionais do Partido Comunista da Índia (Maoista), destacou que “o expansionismo da Índia pode ser observado no Sri Lanka, onde ajudou a classe dominante a esmagar o movimento de libertação nacional; no Nepal, onde a burguesia burocrática compradora indiana investiu na indústria do turismo; em Mianmar, onde ajudou a classe dominante a esmagar as organizações muçulmanas Rohingya; e em atividades semelhantes em outros países vizinhos”.

Além de atuar em combater as lutas e revoltas populares de outros países da região, o aparato estatal expansionista e antipovo indiano preocupa-se em incrementar a repressão internamente, impulsionando a militarização de toda a sociedade, a opressão aos operários, camponeses, indígenas, adivasis, dalits, muçulmanos e diversos grupos étnicos, bem como a brutal repressão e criminalização da luta e movimentos populares, democráticos e revolucionários, cuja principal expressão são as campanhas contrarrevolucionárias de cerco e aniquilamento contra os guerrilheiros maoistas do Exército Guerrilheiro Popular de Libertação (EGPL), dirigido pelo PCI (Maoista), com o objetivo de pôr fim à Guerra Popular que se desenvolve no país, vista como principal ameaça pelo velho Estado reacionário indiano.

Imperialistas temem nova guerra

Uma guerra entre Índia e Paquistão agudizaria as contradições entre o imperialismo norte-americano e o social-imperialismo chinês, já que se trata de uma região de confluência de interesses de ambos e a China, além de controlar partes da Caxemira, é hoje a principal fornecedora de material bélico para o Paquistão. A Índia, por outro lado, que antes comprava armamentos da Rússia, passou a adquiri-los de países europeus, de Israel e dos EUA.

Isso é expressão do recente fenômeno no subcontinente indiano de maior aliança da Índia com os EUA (e seu distanciamento da Rússia), por um lado, e maior submissão do Paquistão à China e à Rússia – além das alianças com o Irã (e seu distanciamento dos EUA) por outro.

Concentrando-se em aplicar as políticas imperialistas na Índia para se contrapor à China, o imperialismo norte-americano logrou estender sua aliança militar contra o social-imperialismo chinês, antes concentrada na região Ásia-Pacífico com Japão e Austrália, também ao Oceano Índico e ao Sul da Ásia.

Ademais, tanto a Índia quanto o Paquistão possuem cerca de 170 ogivas nucleares cada. As tensões entre os países e os possíveis envolvimentos das potências e superpotências imperialistas são elementos que se somam ao perigo de uma nova e terceira guerra mundial, ainda que não como tendência principal. É possível, também, que levantamentos anti-imperialistas e anti-indianos cresçam no Paquistão e na Caxemira, potenciando as revoltas de caráter similar que ocorreram em Bangladesh e Sri Lanka. 

O conflito, pelo menos nesse momento, não é boa notícia para os ianques. Isso porque, além de se preocupar com as tensões no Mar do Sul da China, o imperialismo norte-americano não pode se concentrar tanto quanto gostaria no conjunto da Ásia (continente que tem sido o foco das operações ianques nos últimos anos) no atual momento por conta do dispêndio militar e econômico em outras duas frentes de guerra: a guerra na Ucrânia e os conflitos em toda a região do Oriente Médio, onde sofre sucessivas derrotas militares para os movimentos de resistência nacional da Palestina, Iêmen e Iraque

Questões relativas ao Tibete
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