Combatentes no distrito Dantewada, em Chhattisgarh. Foto: Tribhuvan Tiwari/Outlook
O Comitê Central (CC) do Partido Comunista da Índia (Maoista) lançou, no dia 27 de maio, um chamado aos militantes do Partido, mandos e combatentes do Exército Guerrilheiro Popular de Libertação (EGPL), organizações revolucionárias, trabalhadores, camponeses, estudantes, intelectuais e todo o povo oprimido a celebrar a Semana dos Mártires. O evento é organizado anualmente em todos os estados onde o Partido atua, incluindo Chhattisgarh, Telangana, Andhra Pradesh, Madhya Pradesh, Maharashtra, Odisha, Bengala Ocidental, e Jharkhand. No distrito de Mulugu, em Telangana, um dia antes do início das celebrações, que dão início em 28 de julho e vão até 3 de agosto, vários cartazes e panfletos convocando os moradores foram encontrados.
O comunicado chama a rememorar os heróis no espírito de seus sacrifícios com determinação revolucionária para derrotar as operações contrarrevolucionárias Samadhan e Prahar, que, por sua vez, são a continuação das práticas genocidas da operação “Caçada Verde”. A declaração celebra os homens e mulheres que deram suas vidas pela libertação dos povos oprimidos do país e do mundo, com destaque aos grandes dirigentes da Revolução Indiana, camaradas Charu Mazumdar e Kanhai Chatterjee, que em 2022 completam, respectivamente, 50 e 40 anos de suas quedas em combate.
O CC também presta homenagens à Chefatura do Partido Comunista do Peru (PCP) e da Revolução Peruana, o Presidente Gonzalo, e ao porta-voz do Novo Exército do Povo (NEP), o camarada Ka Oris. A declaração afirma: “Na ocasião, o CC presta humilde homenagem vermelha ao amado líder do povo mundial, o camarada Gonzalo; ao líder comunista das Filipinas, o camarada Ka Oris, e todos os heróis que deram suas vidas nos quatro movimentos revolucionários e movimentos de libertação nacional em todo o mundo.”.
O documento informa que 124 camaradas tombaram em combate no último ano. Durante este período, houve severos golpes da reação contra o Partido devido à cruel investida militar do regime reacionário e genocida encabeçado por Modi. Um exemplo recente e pérfido são os bombardeios aéreos massivos contra as massas em Chhattisgarh, em 15 de abril deste ano, quando foram utilizados mais de 50 drones. O CC denuncia: “O inimigo está fazendo preparações em larga escala com um plano concreto para nos eliminar até o final de 2022 através de ataques com drones baseados em informações.”.
O CC celebra as valiosas vidas de serviços ao Partido dos camaradas Tapasda (membro do CC e secretário do Comitê Regional de Bengala Ocidental), Chintanda (membro do CC e do Comitê Regional de Bihar), Purnendu Shekhar Mukherjee (que foi membro do CC por um longo tempo), Akkiraju Haragopal (membro do CC e do Birô Político), Deepakda (militante do Partido), Rupeshda (secretário do Comitê Zonal Especial de Bihar Jharkhand e responsável pela Comissão Militar Zonal Especial), Nakul (militante comunista membro do Comitê Zonal Norte de Bihar e do Comitê Zonal Especial 3U), Tala/Agni (membro do Comitê Zonal Especial Bihar-Nordeste), Aluri Lalita (responsável pela revista “Prabhat”, órgão oficial do Partido em Dandakaranya), Narmada (membro do Movimento Gadchiroli), Dappu Ramesh (artista ativista em Jananatyamandali) e Buddheswar (militante comunista).
A declaração também faz um traçado da história do PCI (Maoista). Formado com a unidade de duas frações do movimento comunista indiano, o Centro Comunista Maoista (CCM) e o Partido Comunista da Índia (Marxista-Leninista) – Guerra Popular, em 21 de setembro de 2004, o Partido identificou o camarada Charu Mazundar e o camarada Kanhai Chatterjee como fundadores e grandes dirigentes da Revolução Indiana. Ambos os dirigentes comunistas estabeleceram o prestígio da teoria através da prática revolucionária à luz do marxismo-leninismo-maoismo e abriram o caminho da Revolução de Nova Democracia.
Charu Mazundar e Kanhai Chatterjee. Foto: Banco de Dados AND
O grande dirigente comunista Charu Mazundar, após o histórico Levante Camponês Armado de Naxalbari em 1967, organizou a luta contra os revisionistas e oportunistas, que buscavam diminuir a importância e significado do movimento camponês para a Revolução Indiana. Determinante para o movimento comunista indiano, Mazundar foi influenciado pelo Partido Comunista da China (PCCh) e pelo grande chefe do proletariado internacional, o Presidente Mao Tsetung, que desatava dura luta contra o revisionismo kruchovista e iniciara um ano antes a Grande Revolução Cultural Proletária (GRCP). Nesse contexto, Mazumdar funda o Partido Comunista da Índia (Marxista-Leninista), e apoiando-se no movimento camponês na região de Naxalbari e no pensamento mao tsetung (como era denominado o maoísmo na época), delineia o caminho para a conquista do Poder na Índia, a Guerra Popular Prolongada. Foi chave para a formulação teórica e política do caminho para a Revolução de Nova Democracia na Índia. A partir de então, a classe operária atuará como dirigente da luta revolucionária, tendo o campesinato, principalmente pobre, como força principal, na grande Revolução Indiana.
Ao fazer uma análise da situação atual, a declaração afirma: “A guerra da Ucrânia provou mais uma vez que o imperialismo é guerra, fascismo, destruição, crise, desemprego, fome e morte.”.
O CC, por fim, chama a redobrar a consciência sobre os heróis da Revolução Indiana, expondo o programa da Semana dos Mártires como uma campanha para educar politicamente o povo a fim de derrotar os ataques da operação Samadhan-Prahar com o espírito dos grandes sacrifícios realizados.