Trabalhadores indianos protestam contra imposição do confinamento e a falta de alimentos. Fonte: getty images
Em toda a Índia, massas de trabalhadores se levantaram contra a crise econômica de superprodução relativa e a crise sanitária do coronavírus. Confrontos contra as forças de repressão ao final de abril aconteceram em Bengala Ocidental, Uttar Pradesh, Gujarat e outros lugares pela imposição do confinamento e a falta de alimentos.
Na vila de Baduria, em Bengala Ocidental, os moradores bloquearam uma estrada em protesto contra a distribuição insuficiente de alimentos e outros suprimentos, no dia 22 de abril. Com o confinamento, a maioria das pessoas não consegue trabalhar, por isso exigem “auxílio” do velho Estado durante a crise, sendo que nem isso o velho Estado é capaz de cumprir. Quando as forças policiais chegaram para reprimir os moradores, houve confronto e quatro policiais foram feridos a pedradas.
Também no dia 22/04, na cidade de Aligarh, em Uttar Pradesh, vendedores de legumes à domicílio atacaram as forças policiais com pedras; os agentes da repressão tentavam impor o toque de recolher, condenando os trabalhadores à fome por não conseguirem vender suas mercadorias. De acordo com as “autoridades”, pelo menos um policial foi ferido.
Em Ahmedabad, em Gujarat, no meio de abril, as massas, principalmente de trabalhadores migrantes (atualmente impedidos de voltarem a suas casas), ergueram barricadas para protestar contra a falta de alimentos e atacaram as forças policiais, mobilizadas para impor o toque de recolher. Durante os confrontos, vários policiais foram feridos. De acordo com a polícia, 15 populares foram presos.
No dia 17 de abril, multidões atacaram barricadas e um posto de controle da polícia em Padarayanapura, Bengaluru.
Trabalhadores migrantes de Surat travam lutas combativas
No dia 14 de abril, em Surat (também em Gurajat), centenas de trabalhadores têxteis migrantes se reuniram na estrada de Varachha e bloquearam o local, exigindo passagens para suas casas, às quais ainda não conseguiram retornar desde o confinamento.
Em 11 de abril, um dia depois de centenas de trabalhadores migrantes terem se revoltado exigindo comida e permissão para viajar até as suas cidade, a polícia surata prendeu 81 trabalhadores migrantes por tumulto, incêndio e desafio ao confinamento, entre outras acusações. Os acusados foram apresentados ao tribunal e foram libertados sob fiança, depois que a polícia não pediu sua prisão preventiva. Entretanto, os trabalhadores, sem dinheiro, não têm como pagar tal fiança.
Os trabalhadores, revoltados e famintos, haviam queimado mais de uma dúzia de carrinhos de mão, pneus, apedrejado a polícia e danificado três de seus veículos perto de Vipulnagar próximos ao comando de polícia de Sarthana.
De acordo com Bhadram Jena, um trabalhador, que vive no local há mais de 20 anos com sua família: “Existem cerca de 30 mil a 40 mil trabalhadores, a maioria da Odisha, empregados na fábrica têxtil e envolvidos em trabalhos de bordado. Devido ao fechamento, ficamos desempregados”, afirma. Ele prossegue: “Nossos seth (patrões) deixaram de nos pagar. Recebemos apenas dez dias de salário, que já são gastos com alimentação. Algumas pessoas vêm com alimentos e os distribuem para 50 a 100 pessoas, enquanto posam para fotos para mostrar que centenas de lares já os receberam”
No dia 14 de abril, em Surat (também em Gurajat), centenas de trabalhadores têxteis migrantes se reuniram na estrada de Varachha e bloquearam o local, exigindo passagens para suas casas, às quais ainda não conseguiram retornar desde o confinamento.
Já no final do mês de março, dia 30/03, cerca de mil migrantes, principalmente trabalhadores têxteis, entraram em confronto com a polícia depois de serem negados a irem para suas casas. A multidão respondeu a pedradas depois que a polícia os impediu de sair em massa de Vadod, Surat. A polícia utilizou o gás lacrimogêneo em níveis intoxicantes para dispersar a multidão. A força de ação rápida e a polícia estadual tiveram de apoiá-los nos atos de repressão. Mais tarde, 93 pessoas foram presas por atirar pedras contra os agentes do velho Estado na noite de domingo, dia 3 de maio.