O banqueiro Gabriel Galípolo foi aprovado por unanimidade pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado hoje (8) para presidir o Banco Central (BC).
O nome de Galípolo vai passar agora pelo plenário do Senado, onde deve ser aprovado (atualização, 17h51: Gabriel Galípolo foi aprovado no plenário por 66 votos a 5). Durante a Sabatina na CAE, Galípolo foi questionado sobre taxa de juros, como reagiria a pressões políticas para decisões dentro da instituição e sobre as bets.
A interferência política foi um dos temas mais importantes da conversa. A “independência” do Banco Central brasileiro (verdadeira submissão do órgão aos ditames do mercado financeiro e imperialismo norte-americano) é um tema de insistência por parte dos reacionários.
Sobre isso, Galípolo disse que “jamais sofri (pressão política)”. “Seria muito leviano da minha parte dizer que o presidente Lula fez qualquer tipo de pressão em cima de mim, sobre qualquer decisão”.
Mas enquanto faz questão de reforçar isso, esconde as várias conversas que teve com parlamentares para angariar apoio. Na segunda-feira (7/10), Galípolo visitou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) junto de Fernando Haddad (Ministro da Fazenda) e do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).
Nome diferente, política igual
Gabriel Galípolo foi indicado ao cargo da presidência do Banco Central por Luiz Inácio em agosto para substituir o então mandatário da política monetária, Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro (PL).
Durante o governo, Luiz Inácio disparou várias críticas a Roberto Campos Neto. O presidente disse que o presidente do BC “prejudica o país” e prometeu que as coisas “vão voltar à normalidade quando ele deixar o cargo”. Apesar das acusações, Luiz Inácio nunca tentou demitir Campos Netto através dos mecanismos permitidos pelos regulamentos do BC.
Gabriel Galípolo, por sua vez, não é muito diferente de Campos Neto. Banqueiro, ele chegou ao Banco Central em 2023 e virou diretor de Política Monetária. Nunca apresentou diferenças importantes de Campos Neto e chegou a votar junto do presidente pelo encerramento dos cortes na taxa de juros Selic e sua manutenção em 10,5%.
Defendeu, ainda, que novas elevações podem voltar a acontecer para controlar a inflação – um artifício comumente usado pela economia burguesa, mas que não serve para controlar os preços, uma vez que estes são controlados por cartéis monopolistas e os juros, ao encarecer os custos de produção, aumentam a inflação a médio ou longo prazo.
São todos indícios de que a política econômica não sofrerá alterações. A alta taxa de juros, que beneficia principalmente os acionistas que vivem da compra de títulos da dívida pública, seguirão existindo, às custas das milhões de famílias brasileiras (78,3%) endividadas.
Nenhuma dessas posições foi criticada por Luiz Inácio. Pelo contrário, disse em entrevista à Rede Mais Rádios que “se o Galípolo chegar um dia para mim e disser que tem que aumentar a taxa de juros, ótimo, aumente”.