Indonésia: Milhares vão às ruas por melhores condições de vida

Indonésia: Milhares vão às ruas por melhores condições de vida

Estudantes protestam em Jakarta, Indonésia. Foto: AFP

Milhares de trabalhadores foram às ruas de ao menos sete cidades da Indonésia, no dia 6 de setembro,  para exigir baixa nos preços dos combustíveis e aumentos salariais. Camponeses, pescadores, professores, trabalhadores domésticos e estudantes foram algumas das categorias que se reuniram nas cidades de Jakarta, capital do país, Surabaya, Makassar, Kendari, Aceh e Yogyakarta. Nos três dias anteriores, outros protestos ocorreram e ruas foram bloqueadas com pneus em chamas.

Em Jakarta, milhares de massas se reuniram em torno de 12h em frente ao Parlamento do país para exigir o cancelamento do corte nos subsídios de combustível, anunciado pelo presidente reacionário do país, Joko Widodo. Na cidade de Makassar, dezenas de estudantes se mobilizaram contra a crise no país.

A medida anunciada por Joko Widodo resultou em um aumento de 30% no preço dos combustíveis, que já estava em alta desde o início do ano. O anúncio ocorreu em meio a um contexto de alta inflação e constante mobilização popular por melhores condições de vida. Desde abril, as massas do país exigem baixa nos preços dos combustíveis e lutam contra o governo reacionário de Joko Widodo.

Segundo os manifestantes, enquanto os preços aumentam, os salários permanecem estagnados, o que representa uma perda cada vez maior no poder de compra. As massas também denunciaram que o velho Estado, em vez de buscar resolver a crise com aumentos reais no salário ou baixa nos preços, cria programas assistencialistas e populistas na tentativa de apaziguar a insatisfação e rebelião popular. Em troca de migalhas, o velho Estado busca manter as massas sob controle. Porém, a situação da piora de vida empurra todo o povo para lutar por seus direitos pisoteados há décadas de exploração e opressão brutais, situação agravada ainda mais no último período.

Massas tomam as ruas contra alta nos preços dos combustíveis. Foto: Tatan Syuflana/AP

Enquanto o povo sofre, acionistas atingem lucro recorde

A Indonésia é um país rico em diversas matérias-primas e combustíveis preciosos ao mercado global, especialmente carvão, níquel, ouro estanho e óleo de palma (essencial para a produção de biocombustível). Atualmente, o país é o maior produtor de óleo de palma do mundo, produto essencial para a vida de milhares de massas do país. No último período, a procura mundial por óleo de palma aumentou exponencialmente, gerando, consequentemente, uma alta nos preços. Essa alta gerou, por sua vez, um aumento na já expressiva exportação do óleo de palma do país – deixando as massas indonésias desabastecidas. Até abril, o óleo de palma havia aumentado em torno de 40% no país.

Como consequência, o mercado de ações da Indonésia tem passado por altas constantes desde o mês de abril, beneficiando os monopólios imperialistas com lucros exorbitantes às custas do povo indonésio. A empresa monopolista de óleo de palma Astra Agro Lestari teve um aumento de 29,3% em sua receita no ano de 2021. A Astra Agro Lestari é uma empresa monopolista indonésia subsidiária do conglomerado indonésio Astra International, que por sua vez é controlado pelo conglomerado britânico Jardine Matheson

O Jakarta Composite Index, índice que mede as oscilações nas ações do país, fechou o mês de agosto com um aumento de 0,6%, aproximando o índice dos 10% de aumento somente no ano de 2022. 

A alta nos preços da Indonésia está conectada à alta geral das commodities no mercado mundial, fruto da crise geral do imperialismo e aprofundada pela guerra de agressão Russa à Ucrânia. Enquanto essa alta das commodities relega o povo à fome e à miséria, os grandes burgueses do país e os investidores estrangeiros atingem lucros cada vez mais altos. Em realidade, ainda que agravada pela questão mais imediata, tudo isto é fruto de décadas e séculos da enfermidade incurável do imperialismo, em que as classes dominantes reacionárias de todo o mundo aumentam a exploração sobre os trabalhadores e demais classes populares em busca de superlucros. Isto ocorre em todos os países e o aumento geral dos preços serve para lançar sobre as costas das massas os prejuízos da crise em que se afunda todo o sistema imperialista mundial, ainda mais acompanhado da baixa da produção e de altas taxas de juros (sintomas da crise de superprodução).

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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